Juliana 08/05/2011Quem matou Carmem ?É 17 de novembro de 1957, e há um casal sentado junto ao bar. O homem e a mulher pedem ao garçom um martini seco. Enquanto são servidos, se levantam: a mulher vai ao telefone fazer uma ligação, o homem vai ao banheiro. Os dois regressam, e bebem. A mulher cai morta ao chão. A polícia é chamada, o tal homem foge. Capturam-no; o sujeito alega não ter sido ele, afinal, eram noivos e a amava. A perícia não está convencida, a mulher era atraente, foi morta porque tinha um amante e Amadeu (sim, o sujeito tem um nome) descobriu. Não, Amadeu disse que foi suicídio. Estão todos confusos agora. Amadeu Miraglia foi indiciado, e inocentado por falta de provas.
Agora estamos em 17 de novembro de 1962, exatamente cinco anos após a morte de Carmem, envenenada num bar através de uma taça de martini. Na delegacia de polícia, o comissário Serpa manda entrar uma mulher chamada Maria Miraglia, que por sua vez está prestes a fazer uma queixa contra seu marido. Afirma convicta que o marido estava planejando a matar, igual a sua primeira mulher, e fazer parecer igual a um suicídio. A partir daí, começa a trama policial Martini Seco.
Em um livro pequeno, mas digno, de 64 páginas, Fernando Sabino nos conta uma estória intrigante de um assassinato (ou será suicídio ?) que nunca foi esclarecido, levantando ao decorrer da narrativa hipóteses sobre hipóteses do que realmente aconteceu naquela noite de 1957 - e o que está para acontecer.
De uma maneria quase cômica, Sabino descreve a delegacia de polícia onde o comissário Serpa trabalha com críticas direcionadas à seriedade e competência dos funcionários, e, para quem tem um olhar mais cuidadoso, mostra em situações práticas a falta de preparação dos policiais, então, mais uma vez, deixando o leitor com um pé atrás a respeito de até quanto se pode confiar nas evidências da perícia sobre o que de fato aconteceu com Carmem, contribuindo com o mistério investido na estória.
Martini Seco é mais um exemplo de livros policiais no estilo quebra-cabeça, onde você é instigado a imaginar mil e uma possibilidades de desfecho, sempre com uma leitura fácil, e um final surpreendente - e coloque surpresa nisso - digno de um bom suspense. E se você quiser saber quem matou Carmem, e se Maria é realmente a vítima, vá ler o livro agora, e se não quiser saber, leia assim mesmo.