Luciano Luíz 01/01/2022
Não tenho interesse em livros políticos ou sobre os mesmos, mas confesso que sempre tive admiração por BARACK OBAMA. Gostava do seu jeito carismático e as expressões de alguém duro, competente e que queria fazer algo não apenas com palavras, mas ações.
Sou brasileiro e é muito difícil fazer alguma avaliação honesta sobre um político estrangeiro, mas aparentemente, os presidentes dos Estados Unidos sempre se tornam personas populares mundo afora. Tanto de maneira positiva quanto negativa. Em minhas visitas às livrarias é comum encontrar títulos de ex-presidentes, tanto do Brasil quanto de outras nações, mas jamais despertaram qualquer motivação para ler. No caso do Obama, foi fácil.
UMA TERRA PROMETIDA cobre praticamente quase todo o primeiro mandato, mas tem início muito antes, contando um pouco de sua história, porém, não é muito aprofundada porque Obama já havia ingressado em sua biografia em outro título, então aqui uma gama menor de informações para não ser repetitivo. Antes de ser presidente, tornou-se senador e mesmo com tão pouco campo político, obteve sucesso em disputar a vaga de presidente pelos democratas.
Há quem diga que os Estados Unidos e Brasil são países completamente diferentes em tudo. Política, cultura, etc. e por aí vai. Mas em verdade há diversas semelhanças, entre elas, as classes políticas, a eterna guerra e desacordos entre direita e esquerda. E também as famílias compostas por políticos que nunca deixam de conseguir eleger e reeleger os seus e assim um ciclo sem fim faz parte da história estadunidense. Nomes que estão há décadas no poder e que conseguem se manter graças ao seu eleitorado que ama votar nas continuações independente do resultado.
Lembro de quando eu era criança e assistia os noticiários na televisão, haviam nomes estrangeiros mencionados e estes mesmos lá do fundão continuam atuantes ou seus filhos assumiram os cargos.
O livro aborda de forma extremamente detalhada momentos importantes como mudanças na saúde, a crise financeira que acabou se tornando também uma enxurrada de desemprego, mudanças climáticas e outros fatores mais além é claro da guerra, coisa que os americanos parecem defender com unhas e dentes mesmo quando é necessária, mas consome bilhões de dólares e isso serve para provar a supremacia bélica e ponto final (única coisa que une democratas e republicanos se o resultado for positivo).
Há as visitas em países como Brasil, Rússia, China e é interessante ver os diálogos entre os chefes de estado. Obama fala muito sobre os bastidores, principalmente de situações que quando vemos em filmes são grandiosas e na realidade são simples (entenda, não salas entupidas de monitores de alta resolução e computadores e internet de altíssima velocidade, mas coisas mais pobres mesmo e que nem sempre funcionam).
Outra coisa que não pode ficar de fora é do quanto Obama desde o início era considerado um incapaz, pelo fato de ser negro, até mesmo parte da comunidade afro não acreditava nele como político. Uns diziam que ele era inteligente apesar de negro ou então votaria no negro para ver qual seria o resultado. Até mesmo sua identidade era considerada controversa. Pois se chama Obama, algo parecido com Osama, o terrorista que arquitetou o 11 de Setembro. Donald Trump afirmava na televisão que Obama não era cidadão americano, que possivelmente fora criado desde criança para se passar por americano e tomar o poder nos EUA. Enfim, Obama passou por muitas situações nada agradáveis em questão de racismo e mesmo exercendo o cargo mais poderoso do mundo, pouco ou nada podia fazer a não ser se concentrar no que tinha de fazer. O máximo com relação a isso tudo, já que eram ataques pessoais, foi provar que havia mesmo nascido no Havaí e por isso teve de mostrar sua certidão de nascimento. Também havia boatos que era muçulmano. Não pela religião, mas pelo terrorismo que provinha do Oriente Médio.
Seus diálogos, o humor e também os momentos de estresse são compartilhados com maestria nessa obra.
Não vou mais além porque o melhor é poder ler. O volume 2 deve concluir as memórias presidenciais, porém, ainda não tem uma data de lançamento.
Para quem já leu obras políticas ou gosta de biografias, esta é uma daquelas que realmente contém muito para analisar de diferentes formas.
Mais que recomendando.
Ah, quase ia esquecendo. Tem algumas fotos no miolo, mas infelizmente, devido ao tipo de papel (ou foi o arquivo das imagens mesmo) a resolução não é das melhores. E na contracapa há uma imagem do Obama de costas (com suas visíveis orelhas de abano - ele mesmo menciona) quase como uma silhueta defronte a uma janela vendo o obelisco. Uma imagem linda, que pode ser interpretada de muitas maneiras, como a solidão e o poder.
L. L. Santos
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