Enaia 07/05/2023
Uma "bolacha de nata molhada no capuccino"...
"[...] a política emancipatória precisa sempre destruir a aparência de uma 'ordem natural': deve revelar que o que nos é apresentado como necessário e inevitável é, na verdade, apenas contingente, e deve fazer com o que antes parecia impossível seja agora visto como alcançável."
Gente, e agora pra falar desse livro? Ok, vamos lá...
Eu devo dizer que esse livro me foi uma grata surpresa. Dei a sorte de poder adquirir alguns livros de uma vez e o livro que escolhi para dar início à saga da leitura foi este. Não poderia ter escolhido melhor!
O livro tem um ritmo muito gostoso e uma escrita leve (o que faz sentido porque foi no seu blog K-Punk que o autor pegou gosto pela escrita e desenvolveu algumas de suas ideias, portanto natural que ele quisesse manter esse estilo mais informal e corrido...). Você lê e fica encantado pelo tanto de referências à cultura pop (Filhos da Esperança, Wall-e, O Poderoso Chefão, Ursula Le Guin, Jason Bourne e outros são os nomes citados) e pela forma com que o autor concatena essas referências com nomes da academia para fazer suas críticas de cultura. Entre os intelectuais, aparecem bastante Zizek, Fredric Jameson, Alain Badiou, Lacan etc.
Sério, ele faz essa concatenação de uma forma muito boa! E o livro não é difícil, eu diria. Mesmo aqueles capítulos um pouco mais "abstratos", digamos assim, eu fui capaz de compreender na segunda ou terceira vez que li. O segredo é esse: levar com paciência, desfrutando da viagem. Como consta no posfácio deste livro: ele é mesmo para ser apreciado como um álbum de rock.
Gostei também da forma como que a escrita do autor, apesar de nos guiar para uma direção específica, ela não é "acabada". Em vários momentos o autor não faz mais do que nos apontar a direção, do que colocar uma pulga atrás da orelha. Ou seja, voluntariamente (com certeza), o autor está instigando nossa imaginação.
Termino nomeando os capítulos de meu agrado: 1, 3, 4, 9 e o apêndice "Como Matar um zumbi". Este último me plantou algumas coisas que vão ficar borbulhando aqui por um tempo. Em suma: nota 10!