Luis0501 20/10/2023
Encontrei o que Procurava
Natalie é uma mulher inteligente e batalhadora, que depois de lutar boa parte da vida por segurança e estabilidade, finalmente consegue isso. Mas sua vida vira de cabeça para baixo quando sua mãe faleceu e ela se vê forçada a abandonar tudo o que conquistou para cuidar de uma livraria a beira da falência e um avô com a saúde cada vez pior.
Minha primeira impressão sobre o livro não foi boa. A autora tem um estilo de escrita lento, onde ela detalha tudo muito minuciosamente, as vezes até repetindo detalhes para dar ênfase a eles. Por causa disso os primeiros capítulos são bem enfadonhos. Mas tudo muda quando a mãe na Natalie morre. Essa parte do livro narra o sentimento de luto da personagem, e pelo estilo da autora de alongar tudo, a dor e a tristeza da protagonista também ficam maiores. Fiquei muito sentido com a perda dela, porque pude relacionar a perdas semelhantes que eu mesmo sofri na minha vida.
De modo geral, é um romance cheio de clichês, mas que consegue ter uma identidade própria, sem parecer igual a milhares de outros do gênero: ele tem uma protagonista forte e independente, "diferente" da maioria das mulheres, mas também com seus dramas reais, sendo forçada a manter o pé no chão. Tem o par romântico rude, mas no fundo de bom coração, que acaba nem sendo tão rude assim (Peach é um amor de pessoa). O pretendente perfeito, mas que na verdade não é tão perfeito assim (e apesar disso é uma boa pessoa, não um manipulador mentiroso e nojento como geralmente é retratado). E a melhor parte (na minha opinião) é que esse livro não é um "enemies to lovers" (como eu odeio esse clichê).
Mas mesmo sendo bom, o livro não é perfeito. Apesar da autora saber usar seu estilo mais prolongado de escrita, tem momentos em que a leitura fica chata e repetitiva. Alguns acontecimentos também ficam deslocados. As coisas simplesmente acontecem, sem preparação alguma (a mãe de uma personagem aparece do nada por meia página, tem duas falas pejorativas sobre seu filho que mudam tudo sobre o personagem, depois some e nunca mais aparece). Para mim Deus Ex Machina é, sempre foi e sempre será um recurso de roteiro muito preguiçoso.
Pra finalizar, só quero dizer que é um bom romance. Daquele tipo onde tem mais tragédia do que coisas boas, e as coisas boas sempre vem com muito custo e sacrifício, deixando um gosto agridoce na boca do leitor. Perfeito para derreter qualquer coração gelado.