claribru. 19/05/2024
?Sempre há como documentar como conseguimos sobreviver, ou, em alguns casos, como não sobrevivemos. Por isso tentei reproduzir algo insondável. Transformei a fome que sinto num hábito, sujeitei todas as pessoas que passam pela minha vida a uma leitura atenta e inadequada, de vez em quando resvala[?]
E quando fico a sós comigo mesma, é isso que espero que alguém faça comigo, com mãos impiedosas e decididas, que me imprima na tela, porque assim, quando eu for embora, haverá um registro, uma prova de que estive aqui.?
A maneira como a obra é imersiva desde suas primeiras páginas, surreal! O desdobramento da narrativa que nos entrega de maneira crua a realidade violenta de uma mulher que passou a vida em ciclos de violência (racismo, misoginia, pobreza) e tenta, da maneira mais sensível e humana: sobreviver e se reconhecer como mulher e pessoa no mundo.
A autora entregou, sem meias-palavras, a dinâmica delicada e perturbadora que envolve as interseções de raça, classe e poder através da relação de Edie com Eric, Rebecca e até mesmo com Akila.
Um livro que toca na ferida sem qualquer intenção de oferecer conformismo ou conforto.
Incrível.