Emerz 26/01/2021
Fiquei muito surpreso com essa obra desde seu anúncio, assim que li que o Calça e o Costa iram se juntar novamente para uma continuação do Pele, me encheu o coração de alegria, o Pele além de ser uma ótima história, chegou no momento certo, e como virtude disso virmos ela ser premiada com o jabuti de melhor quadrinho merecidamente.
Assim aumentando uma expectativa por essa nova história, e eu digo assim como o Sidão disse ?fizeram de novo!?, aqui em Alma e falando nesse subtítulo, que na obra é explorado de diversas formas e em muitas camadas, já deixo o meu primeiro elogio ao Calça, que roteiro lindo, tudo flui muito bem e de forma genial.
Seguindo, no alma a trama começa já dando alguns pequenos detalhes já nas primeiras páginas de forma sutil, quando após o Jerê acordar de um pesadelo (que também já apresenta algo que será melhor explorado no decorrer da obra) os seus pais estão discutindo uma história que o Jerê escreveu e como aqui cada coisa tem sempre mais de um significado, você sabe que essa informação referente a ?história? será explorada de várias formas ao decorrer da obra. Aqui mais uma vez parabenizando o roteiro do Calça.
Com isso temos a informação de que eles estão se mudando para o famoso e já conhecido por todos nós o bairro do limoeiro, e essa mudança também será bem explorada na obra e mais uma vez cheia de significados, começando que mais para frente temos a informação de que essa casa, que eles iram se mudar, fez parte da infância da mãe do Jerê.
Avançando mais um pouco na obra temos mais um dos plots que também fará a trama seguir. Com a visita a casa do Franjinha em um dos diálogos dele com o Jerê, temos a informação de que ele irá viajar para a Itália e ele disso de que ele tem parentes Italianos, e essa informação que dá início a trama principal, vamos colocar assim.
Com isso faz com que o Jerê se questione sobre seus antepassados e quem são eles e o que eles já fizeram de importante, esse ponto é um dos pontos que mais bate em você, diversas vezes tenho certeza que pessoas negra por conta do embranquecimento já se questionaram, se pessoas negra já fizeram algo importante e é isso que o Jerê se questiona, na história os pais deles rapidamente o respondem sobre os grandes feitos dos povos negros e sua importância, já na realidade temos esse grande problema, temos essa falta de informação, temos a ideia (plantada é claro) de que o povo branco, o povo europeu, os colonizadores, que trouxeram cultura para os continentes, para outras populações, assim apagando toda a nossa ancestralidade. Como o Calça cita em um texto ao final do livro ?No Brasil, não há como saber de onde nossos antepassados vieram. A escravidão tirou a identidade de inúmeras famílias africanas e seus descendentes. Os sobrenomes vieram de seus proprietários. Nossas raízes foram praticamente perdidas.?
Então o Jerê tem que conhecer a sua história, antes mesmo de escrever as suas. Com isso temos mais uma cena linda de Jerê com a sua vó (digo ?mais uma? porque ao decorrer da obra acontecerá mais algumas) nessa o Jerê acompanha a sua vó até o cemitério onde ela o conta sobre sua mãe e sua avó. Aqui tenho que ressaltar não só o ótimo testo do Calça mas a arte do Costa, que traço incrível, como ele consegue dá movimento e profundidade as cenas, é mais um daqueles casos que o texto e o traço se casam muito bem. Ainda elogiando as ilustrações do Costa. Cara com são lindas essas ilustrações, você passa um bom tempo apenas contemplando elas.
Daqui para frente temos outras ótimas cenas e seus desfechos, mas não irei comentar elas por motivos de spoilers.
Para finalizar só mais uma vez parabenizar os autores e o Sidão (Sidney Gusman) por mais essa grande obra.