Lethycia Dias 29/11/2020Pequena porém poderosa amostra da poesia de Carlos de AssumpçãoNa semana passada, li esse e-book curtinho que funciona como uma espécie de "amostra" da poesia de Carlos de Assumpção. Os 10 poemas que fazem parte desta seleção falam de forma poderosa sobre negritude; sobre a importância de pessoas negras se unirem em torno de suas dores e necessidades sociais e políticas; e ainda fazem uma forte contestação sobre narrativas a respeito do passado de pessoas negras no Brasil.
Os poemas que me tocaram mais forte são o "Protesto", que resgata a forma como pessoas negras, após o fim da escravatura, tiveram sua cidadania e dignidade negadas socialmente; e o "Meus avós", que é uma resposta às narrativas de passividade dos povos negros escravizados. Com os versos "Não venham me dizer / Que os meus avós se submeteram / Facilmente à escravidão // Não venham me dizer / Que os meus avós foram / Escravos submissos / Por favor não venham me dizer", o autor não fala pessoalmente de seus próprios avós, mas sim de todo o conjunto de pessoas negras brasileiras, que, segundo a narrativa da "democracia racial", teriam aceitado sua condição de forma passiva - o que não é verdade, pois houve muita resistência à escravidão no Brasil e muitos levantes e revoltas durante o tempo em que ela existiu no nosso país.
Terminei esse livro com a sensação de que havia lido algo muito poderoso e necessário. Depois desses 10 poemas, fiquei com muita vontade de ler "Não pararei de gritar", a reunião da poesia completa de Carlos de Assumpção, e com certeza farei isso no futuro.
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