O sol na cabeça

O sol na cabeça Geovani Martins




Resenhas -


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Yuri Rebouças 12/03/2018

Nós precisamos de livros assim na literatura brasileira!
Quando recebi o livro da Companhia das Letras, já imaginei que essa leitura ia me impactar. E impactou, acho que todo mundo precisa ler esse livro pra entender o que estou falando.

A linguagem de Geovani Martins é tão informal que parece que estamos conversando com o autor enquanto lemos o livro, como se ele estivesse ao nosso lado contando cada história. E nós acreditamos nas histórias. A vida que ele dá aos personagens somada aos detalhes realísticos dos cenários nos faz acreditar que um dia já vivemos tudo aquilo, porque são histórias sobre a simplicidade do cotidiano, as experiências diárias que acontecem e não percebemos, detalhes sutis da infância que passam despercebidos. Nós somos inseridos naquele lugar, mesmo se nunca tivermos ido em uma favela ou no Rio de Janeiro (local onde acontecem todos os 13 contos).

O relacionamento dos personagens com os amigos, idas à praia (com descrições que só quem viveu em uma cidade praieira entende), a explosão das drogas e os seus efeitos (narrados por pontos de vista concordantes e discordantes sobre o uso)... O livro é quase uma biografia coletiva, trazendo relatos e memórias de várias pessoas que nasceram e cresceram em um ambiente em comum.

O conto que abre o livro, "Rolézim", abusa ao máximo da licença poética com gírias e expressões típicas do Rio, e foi uma experiência diferente lê-lo. Como eu disse antes, realmente senti que conversava com alguém e ouvia o sotaque carioca enquanto lia o livro, como se o autor ou o personagem contasse aquela história ao meu lado. Mas destaco os contos "O cego", narrando com simplicidade a história de um homem que venceu ao seu jeito as barreiras causadas pela deficiência visual, e "Travessia", o conto que encerra a obra e apela ao extremo da realidade, onde o personagem Beto fica responsável por se livrar do corpo de um homem morto.

A leitura foi rápida e nostálgica, mesmo sem jamais ter visitado alguma favela do Rio de Janeiro, eu me identifiquei com vários acontecimentos da infância dos personagens, as brincadeiras de criança, mergulhos no mar e etc... Tudo descrito de uma maneira assustadoramente próxima da realidade.

Nota: 4,0/5,0

site: https://yurireboucas.wixsite.com/yurireboucas/blog/
Tefa 12/03/2018minha estante
Deu vontade de ler, como faz pra companhia de letras me mandar também? ?


Yuri Rebouças 13/03/2018minha estante
Oi Tefa, eu trabalho como livreiro, então recebo os lançamentos de cortesia das editoras. A companhia abre uma vez por ano um cadastro de parcerias, só não sei se já abriram esse ano, dá uma pesquisadinha que talvez encontre alguma coisa.


Yuri Rebouças 13/03/2018minha estante
E sobre o livro, vale muito a pena ler!


lia.hallais 14/03/2018minha estante
Tem na Travesa!


lia.hallais 14/03/2018minha estante
Yuri, você tem blog?


Yuri Rebouças 14/03/2018minha estante
Sim, já deve ter em todas as livrarias!


Yuri Rebouças 15/03/2018minha estante
Tenho sim Lia, aqui: www.yurireboucas.com




regifreitas 29/04/2018

Vendido como um dos fenômenos literários dos últimos anos, o livro de Geovani Martins se apoia mais em uma eficiente campanha de marketing do que na qualidade intrínseca do seu texto. Com efeito, não é um livro ruim, principalmente conhecendo a história de vida de Geovani - sem nenhuma formação acadêmica, cursando até o oitavo ano do ensino fundamental, autor e leitor autodidata -, é algo louvável e digno de incentivo. Mas, literariamente, o livro não traz nenhuma novidade, além de ser um pouco superestimado.

Ao lado de textos muito bons como “Rolézim” (um dos contos mais elogiados da coletânea), “Roleta-russa” e “Espiral”, demonstrando certa inventividade por parte do autor, existem outros, realmente fracos, tanto na escrita quanto na elaboração ficcional, como “A viagem” e “O cego”. Os demais são apenas de medianos para bons. Disso se pode concluir que o livro deve sua fama principalmente por conta da representatividade que simboliza, por dar voz a um autor negro, oriundo da favela e de um mundo pouco retratado na nossa literatura. Porém, autores abordando o dia a dia da sociedade marginalizada, da periferia dos grandes centros, já fazem isso há mais tempo, com melhores resultados e até com mais profundidade. São os casos do paulista Ferréz, com o seu CAPÃO PECADO (2001), e do carioca Paulo Lins, com CIDADE DE DEUS (1997).

Geovani Martins ainda é um autor jovem, este é seu primeiro livro, e futuramente pode escrever a grande obra que lhe julgam capaz. Mas esse não é o caso de O SOL NA CABEÇA. Entrementes, é muito bom o fato de as grandes editoras abrirem espaço e investirem em escritores iniciantes, oriundos de uma parcela da população deixada de lado, na sociedade e na literatura. Só por conta disso, já é válido todo o burburinho feito em torno dessa obra.
denis 17/08/2018minha estante
Essa propaganda de "mais novo fenômeno literário brasileiro" é exagero para vender livro. Concordo contigo.


Ed Ribeiro 31/12/2018minha estante
Fenômeno literário é exagero, mas dentro daquilo o o livro propõe eu achei excelente.


Sabrina 10/06/2019minha estante
Concordo com tudo! No final, fiquei me perguntando se era eu que não tinha entendido o livro, já que tanto se falou dele. Eu também achei vários contos medianos a bom. No geral, é um bom livro, mas esperava muito mais. E, sem dúvida, pela representatividade está valendo muito!


Carla 27/01/2020minha estante
Mas se é da pra dar espaço para a literatura periférica ou marginal, podiam começar apostando no Ferrez ou no Sérgio Vaz!!!




Amanda262 19/06/2020

É muito bom, cada conto tem uma história muito legal, de um ponto de vista diferente. Foi uma leitura rápida.
Greh 19/06/2020minha estante
Lê na faculdade, tive um bimestre somente desde livro ... Muito bom mesmo


Amanda262 19/06/2020minha estante
eu nunca tinha ouvido falar, encontrei ele por acaso aqui no skoob e fiquei curiosa. adorei!!


Greh 19/06/2020minha estante
Minha professora que indicou kkk
Que bom que gostou , eu curti muito os contos




Rodrigo.Vieira 14/03/2018

O SOL NA CABEÇA
É bom por ser uma voz que vem de dentro do morro, e retrata o meio violento de quem vive lá. Alguns contos são bem melhores que outros. No geral, consegue dar uma idéia de como funciona a cabeça de quem tá no meio disso tudo, e como é fácil tomar decisões erradas, às vezes por questão de sobrevivência, nessa realidade quase paralela, comandada pelos traficantes.
Carol 19/04/2018minha estante
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Carol 19/04/2018minha estante
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Tellys 29/03/2018

Visceral
Uma obra sem retoques que leva o leitor a conhecer um Brasil que existe mas que insistem em mantê-lo invisível.
Lima Neto 29/03/2018minha estante
ainda peguei nesse livro pra iniciar a leitura, mas na hora optei por "por dois mil anos". irei pegar"o sol na cabeça" na sequência.


Tellys 29/03/2018minha estante
Estou lendo "por dois mil anos" também. Vi o anúncio desse livro de Geovani Martins na Piauí desse mês. Fui tomado pela curiosidade. Ontem ao chegar na livraria dei de cara com ele. Não pensei duas vezes. Devorei de ontem pra hoje.




Polly 05/04/2020

O Sol na Cabeça e eu me despindo mais uma vez (#103)
A leitura do primeiro conto de O Sol na Cabeça me causou estranheza. Algo me incomodava e eu precisava refletir um pouco antes de continuar a leitura. Depois de analisar o texto e minha relutância a ele, percebi que o que me incomodava era a linguagem. Rolézim, conto que abre o livro, é recheado de gírias. Algo que já deveria ser esperado a qualquer leitor, pois O Sol na Cabeça se propõe a contar o dia a dia de moradores da periferia do Rio de Janeiro. Foi então que notei meu preconceito, porque uma de suas faces é também a da linguagem. E ainda que eu venha da periferia também, e ainda que eu não tenha tido dificuldade alguma em entender a linguagem, minha arrogância literária me fez relutar com a escrita.

Ainda bem que essa "estranheza", para gente usar um eufemismo aqui, só durou o primeiro conto. Agradeço aos céus por ter aprendido nessa vida o hábito de contestar as minhas "verdades" com frequência, pois, caso contrário, eu teria perdido de apreciar essa obra-prima que é O Sol na Cabeça.

Retratando de maneira agridoce a realidade da periferia carioca, os treze contos do livro nos presenteiam com histórias de personagens tão reais que quase nos são palpáveis. A realidade material escassa, a violência e a preocupação com elas, a simplicidade da infância, o uso de drogas e o choque de classes são contados com maestria e humanidade pelo Geovani Martins. No entanto, de todos os aspectos abordados pelo livro, o que mais me tocou e me marcou foi o preconceito e todas as formas que ele pode tomar. Dói demais de ler. Só a literatura mesmo para nos colocar numa realidade que não é a nossa e nos fazer se sentir na pele do outro, sentir a dor do outro.

De todos os contos, gostei especialmente de Espiral e de O Mistério da Vila, ambos tendo como tema principal o preconceito, embora de tipos e de perspectivas diferentes. Enquanto o primeiro nos conta sobre um rapaz que sofre preconceito por causa de sua cor e do lugar de onde vem, e de como ele lida de maneira vingativa com isso; o segundo fala sobre preconceito religioso e de como o amor (e a gratidão) faz cair por terra qualquer diferença que possamos ter. Só a leitura desses dois contos já vale o livro inteiro.

É, O Sol na Cabeça desmascarou a mim mesma um preconceito que eu confesso que eu nem sabia que tinha. Ajudou-me a lembrar que na literatura cabe qualquer realidade, logo também a linguagem que a representa. Minha "estranheza" só mostra que, até mesmo em um ambiente tão livre e democrático como o das artes, nunca houve espaço para todo mundo. Que incrível viver em um tempo em que se abre espaço para livros como O Sol na Cabeça, ainda que timidamente. E, vamos ler e construir, a cada dia, versões melhores de nós mesmos.

site: https://madrugadaliterarialerevida.blogspot.com/2020/05/o-sol-na-cabeca-me-despindo-de-mais-um.html
Saulo.Bicalho 05/04/2020minha estante
Ei Polly, tudo bem?
Que legal a sua experiência. Eu estou sempre às voltas com essas "estranhezas", preciso ler!!




@ale_raposo 01/05/2019

Muito barulho por nada!
Compreendi a proposta do livro,mas a leitura se torna extremamente maçante,com tantas gírias,e por várias vezes me deixou sem entender muita coisa.Sempre ouvi falar bem,e amei a premissa...mas foi uma enrolação infinita.
@wesleisalgado 11/06/2019minha estante
Tive exatamente a mesma sensação.




Bento 05/04/2018

É o tipo de livro que traz a realidade carioca sem carinho. Em muitos momentos me vi no meio do texto ou nos cenários criados por Geovani. Sorri e chorei ao me debruçar sobre as linhas que retratam vivências. E o regionalismo em forma de gíria, me fez sentir em casa...
Taiane Martins 05/04/2018minha estante
Esse livro está na lista de leituras desse ano do grupo de estudos de literatura brasileira contemporânea o qual faço parte. Fiquei sabendo dele semana passada, entrei aqui e vi tua resenha. Muito legal. :)




LetAcia972 06/04/2018

Em algumas partes eu me esquecia que estava dentro do meu quarto!
Lívia 22/05/2018minha estante
Puxa! Traduziu minha sensação depois dessa leitura!




Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

O sol na cabeça, Geovani Martins – Nota 6/10
Com a proposta de trazer ao leitor 13 contos sobre a infância e adolescência nas favelas cariocas, o livro de estreia de Geovani Martins, nascido em Bangu e criado no Vidigal, vem sendo vendido como um novo fenômeno literário. Quando comecei a ler o livro, já estava ciente do hype que a mídia vinha criando sobre ele, até por trazer uma temática de representatividade muito relevante no momento atual. Então, como alguns hypes costumam decepcionar, fui sem muitas expectativas... Logo no começo, o leitor já se depara com uma escrita original, que foge daquele português padrão que estamos acostumados a encontrar. Geovani usa e abusa da oralidade, se valendo de gírias e palavrões, sem se preocupar com regras gramaticais padrão. E, na minha opinião, esse foi um dos pontos altos da obra, dando um ritmo inovador à leitura.

No entanto, as histórias em si não me cativaram. Apesar de abordar temas necessários, como a marginalização dos mais pobres, a violência nas favelas e a presença constante das drogas na vida desses jovens, encontrei ao longo da leitura contos superficiais e histórias meio batidas, que não conseguiram me prender. Lógico que como em qualquer coletânea, há aqueles contos que você gosta mais e outros que você gosta menos. No caso, embora não tenham chegado a me surpreender, os meus contos preferidos foram “Rolézim” e “Espiral”, uma vez que eles conseguem fazer uma incursão com o leitor no quotidiano das favelas – algo que eu esperava encontrar nos demais contos. Mas é possível perceber o grande potencial do autor e, por ser um livro de estreia, ainda tem muita coisa boa por vir! Sem falar do quanto precisamos desse tipo de literatura de representatividade em nosso país! Obrigado @companhiadasletras pelo envio do livro!

“É tudo muito próximo e muito distante. E, quanto mais crescemos, maiores se tornam os muros.” (Espiral)

site: https://www.instagram.com/book.ster
Becca 29/09/2020minha estante
Tive a mesma impressão. Gostei muito do primeiro conto, achei inovador mas depois com a leitura fui achando menos interessante. Tem um par de anos que li, então minha memória pode me enganar um tanto, mas lembro que me inquietou sentir uma literatura muito masculina, de um jeito não tão interessante, mas convencional.




Marcelo Caniato 21/07/2018

Esperava mais, mas vale a pena
"Amava e odiava aquele morro como ninguém nunca vai conseguir entender, nem explicar. Ia olhando pros becos e lembrando de umas paradas da antiga, momentos com os amigos de infância, as festas de aniversário, o dia de Cosme, sempre correndo pra cima e pra baixo, brincando de Bob Teco, matando com a atiradeira. Lembrou dos sonhos que tinha quando era moleque, do que imaginava que seria sua vida, no começo nunca que pensava em fechar na boca. Queria era ser jogador de futebol, piloto de avião, técnico em informática."

Vi muitos elogios ao livro e resolvi comprar pra ler. É uma coletânea de contos retratando a realidade de jovens moradores das favelas do Rio de Janeiro. As histórias são recheadas de gírias, mas acho que qualquer um que já assistiu um Cidade de Deus da vida consegue se adaptar bem. Eu esperava um pouquinho mais, não sei exatamente o quê, mas por todo o falatório eu achei que sairia mais impactado da leitura. Mas eu sou uma pedra kkk, então talvez leitores mais sensíveis tenham uma experiência diferente. De todo modo, acho que vale muito a leitura. O autor te coloca na cabeça desses rapazes que convivem diariamente com a violência, as drogas, a invisibilidade social e a discriminação, relatando seus anseios e os seus caminhos na vida.

Os contos que eu mais gostei foram:
- Espiral: um rapaz, ao perceber os olhares gratuitos de medo que recebia das pessoas na rua, resolve fazer um experimento;
- O rabisco: sobre um pichador que só queria "marcar sua cidade e seu tempo", "ser lembrado e respeitado pelas pessoas certas" e "não passar batido pelo mundo";
- Sextou: um conto que fala de desigualdade, preconceito e violência policial;
- Travessia: um garoto que entra pro tráfico, querendo ganhar o respeito dos donos da boca de fumo, e acaba cometendo um deslize (esse foi o conto que achei mais triste).
Phelipe Guilherme Maciel 03/08/2018minha estante
Acabei de ler esse livro. gostei bastante. O conto Rolezin é sensacional.




Rafael 02/06/2021

Não falta nada
Fazia muito tempo que eu não lia uma literatura tão real. O autor, aqui, traz a perspectiva de quem mora na periferia, de quem vive o cotidiano, dos perrengues e das pequenas glórias. A linguagem é parte das narrativas também, aparentemente sem uma regra determinada, mas que expressa a fala e o sentimento de quem escreve. Não há nenhuma crítica que eu possa fazer, porque ao meu ver foi perfeito o encontro entre o cotidiano dos contos e a escrita dinâmica, fluida. Sem dúvida, esse aqui vai entrar pra os meus melhores livros lidos esse ano. É a carne exposta ao sol, não só a cabeça. E o leitor fica imerso, sentindo o mormaço desses dias narrados.
Rafaela.Maria 02/06/2021minha estante
Fico feliz que tenha gostado!!!




Ju Honorio 12/08/2021

Leitura obrigatória
Um apanhado de contos que nos apresentam uma realidade que não conhecemos, ou fingimos não conhecer. O meu favorito é O Cego
Alê | @alexandrejjr 10/12/2021minha estante
E por que esse é o teu conto favorito, Ju?




kris 15/04/2021

todos os dias penso sobre esse livro e no quanto queria ler mais parecidos com ele
Jonathan 12/12/2021minha estante
Oi, sugiro Feliz Ano Novo do Rubem Fonseca e Eles Eram Muitos Cavalos do Luiz Ruffato.




Greice Negrini 23/05/2018

Contos que mexem com o emocional!
Historicamente falando nosso país tem uma série de fatores que gera uma miscigenação gigantesca e que garante para a mesma história fatores que levam a nossa cultura a um patamar cheio de grandeza. Isto é que o se poderia pensar os historiadores ou o que muita gente discute quando fala da história de nossa país.

Quando recebi O Sol na Cabeça para ler, um livro de contos, fiquei curiosa para tentar entender como um autor conseguiria traduzir em poucas páginas todo o sentimento que ronda o coração da população e de milhares de moradores especificamente das comunidades brasileiras as quais denominamos de favelas.

E então, ao começar a ler o primeiro conto percebi que o choque cultural que eu possuía em mãos mesmo que em poucas palavras de cada pequeno contexto de ação era mais do que eu podia sequer imaginar, é algo o qual eu não vivo, o qual eu não vivi e que não vejo ao abrir a janela da minha casa. Sim, não sou hipócrita, nasci em uma parte da população que é privilegiada de alguma forma, e que de muitas outras já encarou o racismo como observador. E é por isto que cada conto deste livro traduz no peito a dor e a necessidade de emoção.

Geovani Martins traduz em seus contos uma diversidade de emoções e até mesmo de expectativas que os moradores das favelas sentem. No primeiro conto denominado Rolézim, o personagem que coloca a linguagem informal exatamente como é falada conta a história de como é passar um dia na praia, com seus amigos e como mesmo que não façam nada a polícia tende a perseguir eles ou então como os chamados playboys acreditam que eles sempre são os ladrões.

Em Roleta-Russa fiquei totalmente chocada por já saber deste fato mas ter exposto de uma forma tão direta o jeito como as pessoas já discernem que quando uma pessoa nasce negra acredita-se que desta forma ela vai tornar-se um ladrão. Neste conto o personagem vai traduzir a dor de conviver desde a infância com esta consequência.

O Mistério da Vila foi o que mais me emocionou. Sabe aquelas pessoas que tem suas crenças e ao mesmo tempo procuram outras saídas para suas necessidades? Neste conto o autor mostrou o amor para com as pessoas quando elas mais necessitam, mesmo que o que se quer mostrar aos outros seja diferente.

Não quero falar sobre todos os contos para não deixar tudo tão claro, mas é neste livro que você vai encontrar fatos sobre racismo, política, desigualdade social, luta, amizade.

Claro que eu fiz alguns julgamentos. Mas em um certo ponto eu me coloquei do outro lado e percebi que não há como julgar quando não se está naquele cenário. Como a corrupção destrói a esperança de muita gente e como esta mesma gente espera tanto e luta por muito.
Eu quero sentar com o autor e perguntar várias coisas para ele. Saber quais as sensações que ele teve ao escrever cada palavra, pedir para escrever mais contos, pedir para explicar o motivo da sociedade ser tão hipócrita e tão distante. Não sei se ele teria as respostas ou se eu tenho elas.

O livro é muito bem estruturado e com uma bela diagramação. Mas o que vale pela leitura é o sentimento que vai brotar dentro de você.


site: www.blogandolivros.com
Fabricio268 23/05/2018minha estante
Legal, Graice! Tive com esse livro na mãos e não comprei. Sua resenha é espetácular. Vou adicionar este livro na minha lista.
Abraços.




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