Temporada de furacões

Temporada de furacões Fernanda Melchor




Resenhas - Temporada de Furacões


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Bruno Oliveira 23/11/2021

UMA SARAIVADA À MEXICANA
Temporada de Furacões, de Fernanda Melchor é daquele tipo de livro que te instiga, ao ler sua sinopse, e que te surpreende (positivamente), conforme você o lê. Seus temas são pesados, sua linguagem também, mas é no estilo, é no modo como a autora constrói a história que o torna uma experiência literária que poucos, muito poucos, leitores apreciarão: os capítulos, as partes do livro são compostas por um único parágrafo interminável! E isso é demais!! Não só porque casa perfeitamente com o título da obra, como também faz o leitor se embrenhar nesse fluxo giratório, atordoante e cada vez mais frenético que é esse mundo cruel, horrível e degradante lá contido no livrinho, e que é contado por mais de um personagem. Aliás, sobre esses, vale dizer: não há inocentes; ninguém lá é santo, são só demônios muito humanos que vemos nessas páginas de (quase) desesperança.
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Cristiane 03/10/2021

Temporada de Furacões
O texto sem parágrafos e poucas vírgulas faz com que você devore as páginas. Um grupo de crianças encontram o corpo mutilado da Bruxa. A partir daí o leitor conhecerá a versão de cada envolvido, conhecerá suas histórias, suas frustrações, seus recalques... A polícia não está nem um pouco preocupada em desvendar o assassinato quer se apropriar do lendário tesouro da Bruxa. É chocante constatar que o único consolo é a morte.
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Isa 28/09/2021

Forte, indigesto e necessário
Leitura forte, com passagens agressivas e extremamente profundas. Uma leitura difícil de tão indigesta.
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Barbara.Luiza 24/06/2021

Caça às bruxas no século XXI
Na cidade de La Matosa uma bruxa foi assassinada, é temporada de furacões e a violência move e varre a cidade. Se o centro do furacão é o espaço mais calmo, aqui ele não existe.

Com uma narrativa ágil, fluída e impetuosa como os socos e chutes desferidos contra esse corpo de mulher, Melchor nos leva aos bares e estórias mais sujas da cidade. O ir e voltar da trama é como uma conversa entre os moradores da cidade em que os fatos inicialmente desconexos vão se tecendo e formando a narrativa de um assassinato.

Tudo o que existe de mais asqueroso e, talvez por isso, mais próximo do homem em seu estado natural, floresce por ali. Nesse espaço enraizado na violência contra mulheres e LGBTs. Na complexidade do homem que deita na cama e mata quem se deitou com ele.

Temporada de furacões é talvez o livro mais violento e mais difícil de se elaborar sobre porque trata o leitor como um observador paciente que encaixa as peças em um grande tabuleiro. Oferecer uma imagem de referência seria talvez estragar a brincadeira.

O arrebatamento que o livro nos proporciona fica na boca do estômago, não nos abandona. Vai direto pra lista de melhores do ano, melhores da vida!

🌪🌪🌪
✳️Curiosidades e adendos:

1️⃣ Em 2020, foi finalista do International Booker Prize.

2️⃣ O livro foi inspirado em um assassinato de bruxa que chegou a autora pelo jornal. Na impossibilidade de escrever um relato não-ficcional sobre esse livro a autora partiu para a ficção.
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Debora 28/01/2021

Que furacão é esta leitura!
Faz umas horas que acabei a leitura é só agora tive coragem de vir para a resenha. Não é fácil falar sobre este livro. Os personagens são seres humanos habitantes de uma cidade pobre no México e seus arredores. Enfrentam muitas "faltas" em suas vidas. Sabe as páginas sangrentas de um jornal de 2a categoria? Pois Melchor as traz para este livro sem perder o ritmo de sua literatura. Ritmo alucinante, mas não por isso fácil ou rápido de atravessar.
A personagem em torno da qual as histórias giram não pode ser dita protagonista: dela, seus porquês e senões não sabemos nada.
Mas, a cada avanço da história, a cada capítulo, os personagens-atores vão se mostrando como humanos, com seus defeitos e qualidades.
Parafraseio Xerxenesky, no material que veio com o livro: "mesmo sendo impossível simpatizar com todas as figuras retratadas ali, ao menos reconhecemos sua humanidade e conseguimos compreender o que as tornou quem elas são". E isso não é pouca coisa!

Adendo à releitura em agosto de 2022: Ler de novo não tirou em nada a força do livro.
Aprofunda, isso sim, a falta de amor que é o motor desta história, a impossibilidade de amar.
De novo termino chorando e querendo dar um abraço no Avô que aqueles seres encontram no fim da vida - e do livro.
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Ivandro Menezes 25/01/2021

Entre fracos
Difícil achar o jeito certo de começar uma resenha sobre Temporada de Furacões. Talvez pudesse começar enfatizando a narrativa ágil, árdua, que demanda atenção a todo tempo, dada as várias perspectivas ou as tensões empreendidas pelo fluxo. Outra possibilidade seria abordar a fúria e continuo ódio nutrido pelas personagens postas em num lugar miserável, com vidas miseráveis, afundados na ambiguidade que os leva entre ser o que deve ser e o que poderiam ser. Não há espaços para dilemas, para afetos desnecessários, diante da pobreza só o pragmatismo é boa resposta.

A Bruxa, mais que uma personagem, é o epicentro de todo o livro. As mulheres desesperadas por feitiços de amarração, as putas em busca de soluções para seus abortos, os rapazes em busca de prazer e dinheiro fácil. Ela converge todos os olhares e desponta como o norte a apontar a direção de onde não se deve ir.

Contudo, nada é o que parece, e para realidades tão duras todo subterfúgio é válido: bebida, sexo, drogas, caraoquês, rezas e feitiços. Sem alguma forma de fuga, algum espaço interno e/ou externo de alienação, tudo seria demasiado insuportável.

A Bruxa assusta por sua liberdade, em constraste, com as vidas que a cercam. Um coxo, uma puta desiludida pelo amor, uma menina iludida por ele, dois jovens ardendo em fúria e desejo, uma outra vingativa por ter a própria vida desgraçada pela fidelidade a avó. Uma miríade de pessoas com cheiros, lágrimas e vidas tão parecidas com tantas que cruzamos pelas ruas.

As mazelas não são postas na chave fraco vs. fortes, mas a luta é entre fracos. O opressão se dá entre iguais e assombram como fantasmas, como vultos, febres, pesadelos. E todo resquício de esperança é logo esmagado pela violência da realidade.
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Carla Verçoza 21/01/2021

Primeiro livro entregue pelo clube literário Tortilla, um livraço da mexicana Fernanda Melchor.
O êxito que o livro vem alcançando é justificado, com sua estrutura frenética (cada parágrafo dura um capítulo inteiro) e escrita sem filtros, honesta.
A ideia partiu de um acontecimento real, um assassinato de um bruxo em um vilarejo do México. Desse ponto, a autora cria personagens que estão ligados ao caso de alguma maneira, que vão narrando o acontecimento de seus pontos de vista. Daí, a meu ver, vem o grande mérito do livro, a autora entrega personagens extremamente humanos, com seus defeitos e nuances, que se tornam críveis. A ambientação na pequena vila do interior, poderia muito bem representar alguma cidadezinha do brasil, afastada do mundo, com suas misérias e sem lei, inundada de homofobia, machismo, superstições e crendices, além de abusos de todos os tipos.
Leitura de fôlego, impressionante, cada capítulo e cada personagem entrega algumas peças que vão construindo e interligando a história. Muito massa, espero que seja lido por muitas pessoas.
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Toni 16/01/2021

Leitura 58 de 2020
Temporada de furacões [2017]
Fernanda Melchor (México,1982-)
Mundaréu, 2020, 216 p.

Comecei o romance lendo devagar e em pequenas doses, mas logo percebi que estava prejudicando a leitura. A cada retorno eu ficava meio perdido, muito devido à ausência de parágrafos e quebras no texto (vcs que reclamam do Saramago, esperem até ler isso aqui). Insatisfeito, reiniciei noutro regime de leitura, devorando cada capítulo em uma sentada—e a experiência foi infinitamente melhor. As razões são muito simples: a forma encontrada por Fernanda Melchor para esta narrativa é, em si mesma, o anúncio da temporada de furacões do título: um texto-turbilhão, centrípeto, forte, violento e deformador da paisagem humana. Demanda fôlego e entrega.

Baseada na notícia real de um crime envolvendo um bruxo num vilarejo perto do porto de Veracruz, onde a autora morava na época, a narrativa reelabora os fatos, cria personagens e aprofunda as motivações dos envolvidos num movimento que só a literatura pode fazer: aglutinar experiência-realidade-invenção na entrega de uma história cuja eloquência nos explica mais do mundo do que o próprio mundo seria capaz de dizer. Em ‘Temporada de furações’, conhecemos o vilarejo de La Matosa, lugar-símbolo de muitos lugares (inclusive brasileiros) onde resiste “uma dor pungente que se nega a se dissolver”, herança da miséria e da negligência, mas também de uma cultura violadora dos corpos, sobretudo femininos.

A violenta equação que envolve narcotraficantes, abuso de entorpecentes, homofobia, transfobia e outras toxicidades domina a narrativa, que tem início com a descoberta do corpo mutilado da Bruxa, personagem ora estimada ora vilipendiada pelos moradores de La Matosa. Melchor propõe uma “visão com” as personagens que se relacionavam de alguma forma com a Bruxa ou com os envolvidos no crime, mas nunca dá voz de fato à vítima, transformando sua figura, dessa forma, em uma quase-neblina. O livro é um triunfo de atmosfera, feita basicamente de crueldade humana, desejos reprimidos e a expectativa por novos ventos que solapem o terror cotidiano para o qual temos nos tornado cada vez mais insensíveis.

1º envio do clube @tortillalivros !
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Carolizons 24/12/2020

Leitura de fôlego, já que os parágrafos duram um capítulo inteiro. No início pode parecer cansativo, mas a estrutura é adequada ao que se conta. De repente, você se sente completamente envolvido na trama, sem tempo nem de respirar entre uma frase e outra. História pesadíssima. A cada capítulo um uma camada da história é explicado.
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