Os tais caquinhos

Os tais caquinhos Natércia Pontes




Resenhas - Os tais caquinhos


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Leitora Viciada 05/04/2021

Resenha para o blog Leitora Viciada www.leitoraviciada.com
A Companhia das Letras lançou o Desafio 5 Livros Nacionais em 5 Dias e Os Tais Caquinhos, de Natércia Pontes, autora de Copacabana Dreams (finalista do prêmio Jabuti), foi o que mais me interessou da lista. Minha curiosidade sobre o livro já vinha desde a live de fevereiro que assisti da editora sobre lançamentos para blogueiros e livreiros, portanto, ao ter a possibilidade de ler o e-book cedido pela Companhia das Letras através do sistema Netgalley, iniciei a leitura com boas expectativas.
Estas foram superadas e o livro me agradou muito mais que o imaginado. O clichê aconteceu: lamentei que seja curtinho, pois me apeguei à ele e entrei em "ressaca literária" ao finalizá-lo, tanto que dos três dias que separei para a leitura do desafio (pretendia ler dois ou até mesmo três livros) só consegui ler um dia apenas; nos outros dois dias só pensava em Os Tais Caquinhos e confesso que a obra me destruiu um pouco, num sentido positivo.
A capa também me atraiu à primeira vista. A imagem é exótica, estranha, e ao mesmo tempo cotidiana e simples. É de Ale Kalko e utiliza a obra de 2013, Falconeira, de Julia Debasse, uma acrílica sobre linho do acervo Galerias Portas Vilaseca, reprodução de Rafael Salim. Creio que a imagem combina muito, pois algumas passagens envolvendo insetos, principalmente um gafanhoto, são marcantes.

"Sobramos nós: eu, Berta e Lúcio e as baratas. Mas Lúcio gostava da rua e nela ficava até o galo cantar e o sol subir. Quando voltava, rodava a chave com cuidado, verificava a mangueira do gás e fechava as janelas de correr deixado uma fresta. O vento assobiava mortiço, miando nossa insônia adolescente. na hora de ir para o colégio, Berta e eu catávamos nossos uniformes embolados no monte de roupa suja que jazia na área de serviço. Os caminhos intricados das rachaduras nos azulejos da área de serviço. Os azulejos amarelos da área de serviço."

Para ler toda a resenha acesse o Leitora Viciada. -> www.leitoraviciada.com
Faço isso para me proteger de plágios, pois lá o texto não pode ser copiado devido a proteção no script. Obrigada pela compreensão.

site: https://www.leitoraviciada.com/2021/04/os-tais-caquinhos.html
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Gabriel 13/05/2022

A entropia muito me interessa, cada vez mais. Digo o tema em si. O caos emocional, o da sociedade, do universo. A entropia aqui representada num drama de uma adolescente com a chegada da vida adulta e a chamada à responsabilidade surgindo. É um caos crescer e sobreviver nesse mundo. Onde conseguir o controle? O livro faz essa metáfora do caos de uma sociedade 'pós moderna' e materializa esse caos numa casa de um sujeito acumulador. Acumula na busca de um um sentido e significado, tenta se prender e não descartar nada que possa ser sólido. Juntar os cacos nesse mundo muitas vezes é dolorido, mas é na dor que costumamos nos orientar. Mas não se enganem, no caos o mar sempre vai voltar a ter ressacas.
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Luciana 29/03/2021

A premissa é boa, o desenvolvimento ruim, alguns capítulos que nada acrescentam, outros que não saem do lugar.
Quando se propunha a contar a história até que ficava bom. É aquilo, quando você se acostuma, até o caos pode te trazer uma sensação familiar.
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clairee 26/12/2023

Quem vai colar os tais caquinhos?
"Quando terminei de urrar, o ar faltando na garganta seca, os espasmos do meu corpo me jogando contra as paredes do corredor abafado e úmido, Lúcio me encarava com um olhar conspurcado de dor.
Filha, não jogue as minhas coisas fora. Eu imploro. Nelas eu guardo a minha vida inteira."
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Helena Guerra Vicente 27/02/2022

Livro excepcional
Os tais caquinhos é um livro poderoso que pode ser lido de forma literal ou não, e eu adoro isso na escrita da Natércia. Lendo de maneira literal, o apartamento em que a família da adolescente Abigail vive mais parece um lixão, um ?aterro sanitário?, um amontoado de contas vencidas, decodificadores de TV a cabo quebrados, cartelas de comprimidos vazias, relógios sem bateria, isso sem falar na sujeira, nas camadas de pó que se amontoam sobre o "aterro", nas perninhas de barata grudadas em sabonetes ressecados. Aqui, as sensações de asco, repulsa e indignação produzidas no leitor são quase físicas; mas gera-se também, em contrapartida, um sentimento de compaixão por esse pai solo que ama muito as suas filhas (ele enche as forminhas de gelo!), mas que parece totalmente incapaz de cuidar delas. Por outro lado, e se essa for a vontade do leitor, a obra pode ser lida como uma grande metáfora para todo o lixo afetivo que simplesmente não conseguimos deixar para trás (é o caso do pai acumulador, que se apoia em lembranças para sobreviver). Como a referência de vida da protagonista é esse caos doméstico, também seus sentimentos são expressos de forma bastante peculiar: "Sou imatura e tenho um coração de tupperware malcheiroso e vazio", "De repente os dias pareciam mais leves, como se uma camada grossa de poeira espalhada sobre todas as coisas e sobre cada pensamento entulhado na minha cabeça tivesse sido sugada por um imenso aspirador de pó".
Não vou me alongar mais porque tenho pavor de spoiler. Mas eu não poderia deixar de me manifestar de forma mais extensa sobre esse livro, que me impressionou muito e, certamente, vai para a minha lista de melhores leituras do ano.
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Andrea 16/04/2021

Cacos por todos os lados
Utilizando o formato de diário, onde as datas foram substituídas por títulos, e por consequência a narrativa em primeira pessoa, quem nos conta a história é Abigail, uma adolescente que vive na cidade de Fortaleza dos anos de 1990 em um apartamento que mais parece uma lata de lixo.

Ela divide o teto com o pai Lúcio e eventualmente com sua irmã um pouco mais nova, Berta. Sabemos que as meninas possuem mais duas meias-irmãs: Huga e Ariel, que foram embora com a mãe quando o relacionamento acabou.

No apartamento onde o acumulo do pai se estende como tentáculos de um polvo por todas as peças, as filhas se criam por conta. Sexo, drogas e música fazem parte do entra e sai do local durante o dia. Quando a fome bate, elas ligam para o pai. Se ele não tem dinheiro, o menu se resume a água congelada e sal.

Por ser narrado por uma adolescente, há cenas de extrema violência descritas de uma forma um tanto blasé, com a típica inocência de quem parece não saber o quão sério são as atitudes e as consequências do que está sendo vivido. O que pode causar uma grande agonia nos leitores mais sensíveis.

Um livro onde os cacos se tornam cada vez menores já que não param de quebrar em um ambiente onde não se vive, mas apenas se sobrevive em meio à fome, o abandono e a dependência da bondade alheia.

Resenha completa no blog: http://literamandoliteraturando.blogspot.com/2021/04/os-tais-caquinhos.html?m=0
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Mi Reis 30/03/2021

Uma escrita fenomenal. Gostei da história, mas no começo fiquei um pouco confusa e angustiada. Estes sentimentos me acompanharam durante toda a leitura. Uma família com muitos conflitos, um pai amoroso e acumulador com duas filhas adolescentes com problemas familiares e de aceitação. Recomendo a leitura, mas sugiro que preparem-se para sentirem agonia.
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Luciano Otaciano 11/03/2022

Esperava mais deste livro, ainda assim não deixa de entreter!
Certamente você já conheceu ou, até mesmo, conviveu com um acumulador compulsivo, uma pessoa que não consegue se desfazer de coisas supostamente inúteis, tais como embalagens de presentes, caixas de papelão, jornais, revistas, agendas e calendários velhos, copos de geleia ou requeijão usados e toda sorte de objetos que, aos poucos, passam a dominar os ambientes da casa. Lúcio, um dos personagens do recém-lançado romance de Natércia Pontes, sofre deste tipo de distúrbio psíquico, mais conhecido como transtorno do colecionamento. 
Lúcio convive com as duas filhas jovens, Abigail e Berta, em um apartamento próximo à praia em Fortaleza que se transformou em uma espécie de aterro sanitário, onde todos dividem o espaço com as quinquilharias e os insetos. O romance tem como base uma narrativa forte conduzida em primeira pessoa por Abigail a partir de fragmentos de seu diário; ao escrever ela tenta encontrar algum sentido nos caquinhos formados por paixões, desilusões ou ausências – principalmente a da mãe – essas ausências afetivas e a desordem no seu cotidiano familiar não se encaixam no modelo de vida de uma adolescente de classe média quando comparado com as colegas de escola.
O caos doméstico é tão intenso que chega ao ponto de faltar comida na geladeira, não por uma questão financeira e sim por absoluta falta de senso prático de Lúcio, o que força Abigail e Berta a encontrarem formas alternativas de sobrevivência como bater na porta das vizinhas para pedir ovos ou que Berta passe cada vez mais tempo morando em temporadas na casa de uma amiga. Apesar das dificuldades de convivência e algumas brigas entre as irmãs. Essa relação de amor e ódio entre eles é muito bem construída pela autora ao longo do romance, sobretudo ao utilizar uma personagem-narradora que é pouco confiável devido às crises típicas do amadurecimento.
O apartamento 402, onde convive esta família completamente disfuncional, é uma presença tão forte no romance que – com sua geografia caótica que inclui estalactites de vazamentos do teto mofado e cheiros peculiares como o vapor frio e sulfuroso da geladeira com alimentos estragados – pode ser considerado como mais um personagem na trama. Neste ambiente doentio e claustrofóbico todos precisam vencer as suas próprias dificuldades e seguir com a vida. As descrições sensoriais do livro podem chocar leitores mais suscetíveis como, por exemplo, quando a autora lança mão de um CHEIRO DOCE DE BARATA mas há um contexto justificável pra isso. A narrativa é normalmente pontuada por um tom bem-humorado, típico da adolescência, mesmo que essa postura esteja em alguns momentos bem mais próxima do tragicômico, como fica claro no decorrer do romance. O que me incomodou bastante é que, não há foco na narrativa. Um capítulo sobre a violência sofrida por Abigail antecede em muitos capítulos o momento em que a relação com um gringo mais velho começou. E o problema não é a narrativa não ser linear – até porque diversas outras obras utilizam-se deste recurso de forma primorosa -, mas sim a falta de explicação do tempo, do espaço e das figuras importantes da história.
Entende-se que os três protagonistas vivem em situação precária e caótica, em um apartamento lotado de entulhos guardados através dos anos e com a companhia de incontáveis insetos – e, meu Deus, as baratas são tantas que são quase personagens à parte. Contudo, nada é explicado. O que aconteceu para chegaram àquele ponto – principalmente o papel de Lúcio -, por que as garotas são tão deixadas à própria sorte, onde está a mãe e as outras irmãs. São apenas algumas perguntas não respondidas durante a curta experiência de leitura.
Natércia, por outro lado, consegue laçar o leitor com sua escrita. O texto é bonito de ser lido, mas principalmente de ser falado. Muitas passagens são fortes e carregam um peso emocional que pode assustar e afastar leitores que não estão preparados para encarar as dificuldades banais de um cotidiano triste e comum. Contudo, palavras bonitas e sentimentos expressos de forma crua não são o suficiente para a obra se manter como um romance de formação. Em resumo, OS TAIS CAQUINHOS é uma obra que utiliza técnica eficiente que alterna fluxos de consciência e fragmentos narrativos do diário da personagem, autora nos apresenta um romance de formação diferente e sensível ao escrever sobre um tema sempre importante na literatura: as dores do amadurecimento e as dificuldades das relações humanas, em especial as familiares.
Ansioso para ler mais da autora, mas esperava um pouco mais deste livro em questão.
Espero que tenham curtido a resenha. Até a próxima!
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tiagua 26/09/2022

legal
Bastante imersivo, mas muito disperso. Ao mesmo tempo que o fato de não termos um fato concreto para seguir a leitura seja bom é muito desgastante.

É interessante muitos aspectos dessa leitura, adorei os personagens e a maneira de se relacionar, mas a narrativa em si e o conteúdo não foi algo que me cativou, não por ser ruim, mas por simplesmente não ter me conquistado.
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Bruna 12/08/2023

Os Tais Caquinhos
Um livro tão curtinho, mas que fala sobre tanta coisa. Tão cheio de solidão.
Gostei demais. Os capítulos são curtos e a leitura é muito fluída. Gosto demais dessa forma de narrativa!
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Fran Piva 24/07/2022

Acumuladores e um vida sem sentido
Eu sou assistente social e já atendi famílias de acumuladores...
As vezes, os seus pertences, entulhos, lembranças é a única coisa que se tem em uma vida sem sentido...
Eu gostei muito da ideia do livro, mas queria muito que vc a partir da perspectiva de Lúcio...
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Lucy 15/04/2021

O charme das descrições
Descrever é uma arte. Ser preciso com as palavras a ponto de criar com verdade sensações e cenários é valioso.

Achei as descrições um capítulo à parte nesse livro bom de ler, que nas primeiras páginas faz o leitor sentir o espaço. "Havia um cheiro doce de barata que incensava nossa vida".

Da mesma forma, apresenta as pessoas de forma original, como o pai "hipervigilante, sobretudo em situações que não suscitavam perigo" ou a protagonista que buscava "virar mais mãe de mim mesma, era o que me restava. Ou nascer de mim como salvação".

Enfim, boa surpresa, bem escrito e interessante. Super vale!
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Ana 08/06/2021

Nessa narrativa, Natércia Pontes apresenta uma família disfuncional que vive em um apartamento de classe média em algum cidade litorânea. O maior problema é que o patriarca, Lúcio, é um acumulador. Sendo assim, ele e suas duas filhas vivem em um ambiente extremamente hostil, dividindo o que chamam de lar com tralhas, sujeira e bichos. A narrativa é em primeira pessoa, fragmentos de uma semi-vida sob o ponto de vista da filha mais velha, Abgail. Os diversos textos são curtos, realmente "caquinhos" que, juntos, levam a um desfecho um tanto quanto esperançoso.

Dos três livros, esse foi o que menos gostei. Não porque a escrita é ruim — pelo contrário, achei a sacada da autora em relação ao título do livro inteligentíssima —, mas porque o ambiente em que os três personagens principais vivem é muito nojento e ninguém faz absolutamente nada para mudar aquela realidade — o que, para mim, é o problema central do livro. Convenhamos que não é muito agradável ler sobre comidas mofadas na geladeira, pilhas de copos sujos e gordurosos na pia e baratas passeando pelo rosto das pessoas enquanto elas dormem... Não sou muito familiarizada a esse caos e me incomodei demais.

site: https://www.roendolivros.com.br/
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Juca 29/03/2023

As coisas não precisam de você
Foi uma leitura razoável. Não senti que foi muito pra frente, achei a história bem ok, mas o estilo da autora é diferente e interessante. Gostei de várias partes, não desgostei de nenhuma em específico (só achei muito nojento), mas também não gostei particularmente do livro como um conjunto. Poderia tanto ter lido quanto não ter lido. Vou esquecer a maior parte em alguns meses. Foi bom pela finura, consegui acostumar a levar um livro físico por aí, tava presa no kindle há tempo demais.
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Lari 30/01/2023

Triste, nojento e poético
A sujeira é a grande protagonista no começo do livro, o que me lembrou muito o filme alemão Zonas Úmidas, de 2013. A partir do meio a sujeira vai cedendo espaço pra uma tristeza disfarçada. No fim achei um livro muito bonito.
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