Os tais caquinhos

Os tais caquinhos Natércia Pontes




Resenhas - Os tais caquinhos


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Manuscrito Literário 15/04/2021

Às vezes a gente precisa dê um choque de realidade, um que nos acorde e nos mostre que nem tudo é perfeito e que não é só na nossa família que há problemas.

Os Tais Caquinhos representa muito bem esse tipo de realidade. Entender como uma relação familiar funciona, vista pelo ponto de vista de outra relação familiar, pode parecer confuso, como também pode parecer bem reflexivo e até um pouco reconfortante.

A autora trata nessa trama o ponto de vista de uma criança que é filha de uma pessoa acumuladora, porém, tudo o que é guardado tem valor sentimental. Ou seja, será que o acumular é realmente uma compulsividade, um tipo de TOC, ou um jeito de guardar lembranças?

"Filha, não jogue as minhas coisas fora. Eu imploro. Nelas eu guardo a minha vida inteira."

A narrativa passa-se nos anos 90, e mostra o quão caótica pode ser a formação da adolescência quando a sua base apresenta diversos problemas.

A autora Natércia Pontes nos dá esse romance de formação escrito de forma realista, que faz com que a gente se sinta uma das personagens descritas na história.

site: https://www.instagram.com/p/CNs3BaOresC/
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Sil 02/04/2021

O romance de formação da autora Natércia Pontes vai falar sobre Abigail e sua família, que vivem no apartamento 402 em um bairro de uma cidade não nomeada.
Essa família disfuncional tem um grande problema: O patriarca, Lúcio, é um acumulador com zero preparo para criar duas adolescentes. Abandonando recentemente pela esposa, madrasta das meninas, seu quadro só tende a piorar. De inicio eu tive a impressão de que a família era muito pobre, com a casa cheia de tralhas e acumulando bichos e mais bichos, principalmente baratas, eu só conseguia imaginar aquelas famílias do programa Acumuladores que mal vê a luz do sol entrar de casa e possui geladeira e armários cheio de comidas estragadas, entretanto isso não passa de uma pequena omissão da autora, talvez, para fazer com que o leitor perceba que certos problemas não escolhe classe social. A família é de classe média, talvez baixa, que possuem recursos para viver em um local limpo e bem cuidado, mas que o problema do responsável impossibilita isso. No meio de tudo isso a narradora, Abigail, conta sua adolescência em meio a fome ao desejo de viver bem.

O livro não tem uma narrativa como estamos acostumados, assim como o título a história é contada em forma de "caquinhos", pedaços e fragmentos de uma adolescência com abuso de álcool, cigarro, abuso sexual e agressão. Em meio as confusões e palavras quase desconexas há diários, cartinhas, listas, poemas para completar tudo o que ela gostaria de dizer. Eu gostei muito dessa forma, apesar de eu até ter criticado um livro recentemente que tinha uma narrativa semelhante, pois aqui a autora conseguiu encaixar tudo de uma forma que o leitor consegue entender a história. Não basta colocar uma narrativa diferente na história se nem todos os leitores vão conseguir entender ou absorver algo e esse era meu medo ao começar a leitura e perceber isso, mas fiquei muito feliz em ver que tudo foi tão encaixadinho e muito bem abordado que mesmo sendo em caquinhos eu consegui ver tudo, sabe?

Abigail nunca entendeu muito bem os problemas de sua família, mas ama seu pai a ponto de todas as noites ir conferir se ele ainda está respirando, ama a sua irmã o suficiente para sentir falta quando ela some para a casa de uma amiga e mal dá noticias por semanas, mas parece que não se ama o suficiente para cuidar de si. Em certo momento há até uma reflexão sobre isso e após uma tragédia ela passa a mudar aos poucos e também entende que não depende somente dela. Sendo jovem no inicio dos anos 90, para mim foi muito fácil imagina-la como os adolescentes de filmes dessa época, em que se perdia para tentar tapar o buraco que a vida imperfeita deixava, se apaixonando facilmente por qualquer um e aceitando aquele amor que ela acha que merece. Com certeza é uma personagem que eu vou ter um carinho, pois o tempo todo me vi torcendo por ela e tentando aconselha-la.

Acho importante avisar que o livro tem muitas descrições sobre a situação da família e principalmente da casa. Então ao ler esse livro esteja preparada para cenas com baratas e ideias desses bichos nojentos andando pela sua cara durante o sono. Acho que algumas pessoas tem estomago fraco para isso e eu mesmo odiando baratas com todas as minhas forças procurei nem pensar nisso, mas essas descrições são necessárias para compor toda a ideia do livro e após alguma tempo a gente acaba se acostumando. Os Tais Caquinhos é um livro incrível com uma "trilha sonora" maravilhosa, uma delas sendo o álbum "Angel Dust" do Faith no More, uma banda que eu adoro

site: https://www.kzmirobooks.com/
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clara! (taylor's version) 28/07/2023

Impossível não criar ligações com os personagens, um livro que se desenvolve surpreendente e trazendo uma realidade brasileira.
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tavim 18/05/2024

Os tais caquinhos, de Natércia Pontes
é do feitio traçar suscetíveis chances de ruína, ruir avessa às certeiras expectativas que lhe recaem; resta daí domar os ímpetos que a cercam, conter em si estímulos de subsistir ser inseto. fome, família e afeições, desfiguradas ao próprio aspecto de sentir, faz estrangeirizar as próprias origens. assim, absorta, rumos pouco importam. roe-se as margens que delimitam espaço sem se preocupar em passar para o outro lado, roe-se apenas pelo ato de roer, ruir, ser infestação na própria casa, que já não é mais sua.

abigail, berta e lúcio dividem o mesmo espaço, alheios uns dos outros. o abandono é amplificado pelo acúmulo de tralhas e caixas que os cercam, barreiras de bichos e sujeiras que entrecortam vontades e disposições. em os tais caquinhos, natércia pontes traz o desabrigo das relações familiares, em como há traças corroendo laços até mesmo nos pequenos desleixos diários. assim é como caminha o romance, bichos abocanhando lentamente a juventude da protagonista, roerruindo os quereres da vida. e ninguém lá pra ajudá-la a colar seus caquinhos.
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No Instagram, publico mais resenhas e ilustro todas as capas dos livros que leio.
Acesse @tavim para ver.
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site: instagram.com/tavim
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Ana Lívia Mourão 23/10/2021

As feridas, as dores, os pesos e os medos retratados por tantos caquinhos e tantas coisas acumulando-se.
Da uma agonia e um desespero ver como as irmãs viviam naquele apartamento, mas entender a ótica de que o apartamento representava suas dores e prisões vai além da descrição da Natércia.
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Fernandinha 26/04/2021

Sem grande empolgação
Criei uma expectativa alta sobre o romance ao ouvir uma entrevista com a autora.

O livro é bem construído, a linguagem escatológica dá conta de nos transportar para o universo de Abigail, Lucio e Berta e causar o incômodo que se espera que a maioria das pessoas tenha ao adentrar o apartamento e a intimidade deles.

E parou por aí. Uma leitura breve, sem grande envolvimento. Me lembrou (nas impressões que me causou, não na semelhança literária) Zonas Úmidas, da Charlotte Roche: um desconforto no leitor como recurso literário.
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Corrida Literária 24/01/2023

Fome de afeto
No apartamento 202, de uma cidade qualquer, vive uma família que enfrenta várias dificuldades entre elas a fome. Nada se fazia , ou se tinha para comer ali. Salvo, quando os vizinhos ajudavam com doações de ovos, ou o pai com as filhas conseguiam almoçar fiado no restaurante de um amigo. Mas havia, também, a fome do afeto.
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O apartamento era sujo, havia caixas espalhadas por todos os cômodos, o sol mal conseguia entrar no apartamento, imagine as pessoas. Roupas sujas guardadas nas gavetas, mofos, azulejos amarelados, paredes encardidas, poeiras, gorduras e baratas, faziam parte do cenário diário, dessa família disfuncional.
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Para Abigail a solidão tinha sabor era amargo, ela quem mais ficava dentro de casa, convivendo com seu pai acumulador (de coisas e de sentimentos). Ele quase morto de tão vazio de vida. Ela cheia, de medos e ausências.
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Abigail, precisava lidar com o vazio da existência, do corpo, do ser e do ter. Enquanto Berta, ignorava tudo e se distanciava; vivia na casa das amigas em especial de Mariana, onde foi praticamente adotada.
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Abigail vivência toda a passagem de menina para mulher , sozinha. Enquanto adolescente, mergulhou em cada experiência que a adolescência pode oferecer, inclusive as dolorosas.
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Uma família que subexiste o caos físico, emocional , metafórico e existencial e a sua maneira tentam viver em família.
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Um livro rugoso e incomodativo.
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marimounasc 28/06/2022

Estranhamente interessante
Confesso que quando li uma sinopse rasa desse livro, ainda na Amazon, não imaginava a supresa que o decorrer das páginas dele me traria. Não passou pela minha cabeça que o sentimento central seria na verdade um mix de nojo, aflição e compaixão pela Abigail, uma adolescente que vive submersa num universo de sujeira e desorganização. Filha de um acumulador compulsivo que sofre de TOC, a menina relata em pequenos capítulos (daí o título "caquinhos") todos os seus paradigmas ao ter que crescer num ambiente insalubre, onde a disfuncionalidade do apartamento 402 se expande inclusive pra vida social, amorosa e escolar da personagem. A sensação que passa é que tudo está envolto por uma imensa bagunça. Com esse pano de fundo caótico, "os tais caquinhos" se apresenta como uma narrativa angustiante, com marcos temporais pouco definidos, que parecem ser usados de propósito pra intensificar esse ar claustrofóbico que emerge em cada capítulo. Apesar da construcao narrativa ser inovativa (o que por si só ja vale a leitura!), não foi um livro que funcionou tanto pra mim. Confesso que várias vezes fiquei meio perdida e ao mesmo tempo desconfortável. Mas, ainda assim, acredito que seja um livro interessante e merece ser recomendado pela história que ele se propõe contar.
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drikamath29 17/01/2022

Cansativo
Achei a leitura cansativa. A perspectiva familiar, às vezes, um tanto forçada. Achei ruim a insistência no fato de o apartamento ser um lixao e de as irmãs não terem o que comer.
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isabellebessaa 17/10/2023

Tinha abandonado o livro por pq me causava angústia acompanhar a vida de Abigail. Voltei depois de um tempo e simplesmente o devorei. Acho tão mas tão bonito quando ela diz que vai ser mãe de si mesma... uma saída encontrada diante de tanto abandono. Gostei do final
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Juliana Ascoli 11/01/2024

Não sei bem o que eu esperava desse livro, mas algo me impediu de avaliar com as 5 estrelas. Um pai acumulador, mas amoroso, uma casa suja e cheia de baratas, sem comida e duas adolescentes se criando sozinhas. É, não dá para contar mais sem contar tudo!
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Stella 18/02/2024

Mais um que prova que a literatura brasileira contemporânea dificilmente decepciona! ?os tais caquinhos? é escrito em forma de diário de uma adolescente, que vive uma vida angustiante, num apartamento que sufoca. a construção dos personagens é brilhante e os títulos de cada trecho são tocantes. lindo!
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Fabrício Cardoso 27/03/2024

A teimosia da vida
Um pai doentiamente acumulador e duas filhas sobrevivem em condições insalubres no apartamento 402. O ambiente não impede que o afeto seja tecido entre os três, ainda que sem a lógica do cuidado a partir dos pais. Ali, todos se cuidam e se afastam, ao sabor das intempéries da existência. Abigail joga-se na bebida e no sexo. Berta flerta com confortos burgueses na vizinhança. Lúcia fenece diante do abandono da mulher. Os capítulos em forma de blocos de texto sem parágrafos bebem da estética do amontoamento, sem desorganizar a leitura. É um romance sobre a teimosia da vida diante das adversidades, quando a única opção é continuar existindo. Luís Augusto Fischer descascou esse texto na Folha, mas foi uma leitura que me divertiu. Vale investir um sábado nele.

site: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/04/os-tais-caquinhos-e-um-romance-esvaziado-em-que-tudo-e-irrelevante.shtml
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