mile 11/04/2024
Interessantíssimo e bem escrito!
Ok, sobre esse livro aqui eu tenho muitas coisas para falar.
?Renegados? é o primeiro livro de uma trilogia da escritora Marissa Meyer, que já tinha um grupo de fãs consolidado depois do lançamento da sua série Crônicas Lunares, e foi por causa de resenhas dessa própria fanbase que não mede esforços para elogiar a escrita de Meyer e pela capa incrível, trabalho de Rich Deas e Robert Ball, que decidi dar uma chance para essa obra.
Marissa propõe uma realidade distopica que se passa na cidade de Gatlon, onde existem pessoas não-prodígios e prodígios, ou seja, pessoas com poderes e pessoas sem poderes. Quando os prodígios começaram a surgir, a sociedade não soube lidar com essa descoberta e começou a perseguir as pessoas que possuíam poderes. Inconformados com a realidade de que a sociedade fosse separada entre Prodígios e Não-prodígios, e os Prodígios fossem perseguidos por seus poderes, o grupo Anarquistas surgiu, e como seu nome diz, eles acreditavam em uma sociedade anárquica onde cada um dependesse de si mesmo e que não existissem ?castas? separando o povo em caixinhas diferentes. Só que ao mesmo tempo surgiram os ?Vilões?, o que tornou difícil distinguir quem era Anarquista e quem era Vilão, o que fez as pessoas começarem a considerar os Anarquistas como pessoas do mal, baderneiras e sem misericórdia. E mais uma vez um grupo se une para mudar a forma como a sociedade está organizada, e os Renegados aparecem para salvar o povo dos Anarquistas. (Meio confuso, né? Eu sei...)
Essa explicação mais histórica é bem necessária para o entendimento da história, mas ela se dá em poucas páginas do livro o que acaba tornando-a meio confusa. Na minha opinião, a escritora poderia ter tomado mais tempo para explicar como a sociedade funciona e porque ela chegou a esse ponto. Não sei como será aos longos dos próximos dois livros, mas eu gostaria de poder ter mais informações sobre o surgimento dos Anarquistas e dos Renegados e com certeza leria caso a escritora se propusesse a escrever spin-offs sobre.
Mas enfim, a história desse livro começa 10 anos após a queda dos Anarquistas, onde acompanhamos a personagem principal Nova Artino. Os Renegados estão no poder e são considerados super-heróis por todos menos para personagem principal, que nutre um remorso gigantesco do grupo, o que é explicado logo no início do livro, e planeja sua vingança ao longo das páginas.
Minhas partes favoritas do livro foram nos momentos que podemos ver Nova brigando internamente, onde seus valores e seus traumas se chocam constantemente enquanto ela tenta decidir qual o posicionamento dela nos acontecimentos do decorrer do livro. Vemos uma menina machucada pela realidade da sociedade na qual ela está inserida tentar escolher entre esperança e remorso, vingança e amor, Anarquistas e Renegados e é muito gratificante ver ela criar opiniões próprias e se desprender cada vez mais da forma como ela foi ensinada a pensar e se posicionar. Nova é uma personagem forte e independente, do jeitinho que a gente gosta. Além de ela ser muito inteligente. Eu diria que ela é uma mistura de Katniss Everdeen, de Jogos Vorazes, com a Raven Reyes de The 100, e I'm so here for it.
Por outro lado, temos capítulos focados no Adrian Everhart que é um menino doce, sorridente, leal, bondoso e divertido. Filho adotivo do Capitão Cromo e do Guardião Terror, que fazem parte do Conselho dos Renegados, ou seja, ele é o completo oposto da Nova. Ainda não consegui decidir se amo ou tolero esse personagem, já que ele é muito diferente do que eu tô acostumada a ler mas, em alguns momentos, ele lembra o Peeta Melark, também de Jogos Vorazes, mas com uma pitada (bem grande) de síndrome de Super-Herói e é exatamente essa pitada que me irrita as vezes.
Então temos dois personagens que lembram (uma ênfase bem grande no lembram) o casal principal de Jogos Vorazes, o que torna tudo bem interessante, mesmo o romance não sendo o foco desse primeiro livro. A história em si é tão, mas tão interessante e bem escrita que o romance acaba sendo meio desnecessário, o que torna essa obra bem diferente das outras ficções em que o romance se faz necessário para dar uma amenizada nos acontecimentos mais pesados.
Temos também muitos outros personagens interessantíssimos e bem desenvolvidos, o que torna muito fácil tu criar afeto por eles, independente de qual lado eles se encontram. É justamente dessa forma que a escritora consegue trazer a gente para dentro da história: fazendo a gente entender os motivos e convicções de ambos os lados, o que só fortifica minha opinião de que dividir as pessoas entre ?Do bem? e ?Do mal? pelas suas atitudes é muito raso e descabível, a gente precisa ver e analisar mais a fundo e entender que só porque existem lados diferentes com ideias diferentes, isso não significa que um é o certo da história e, consequentemente, o outro é o errado, mas que cada pessoa/grupo vê as coisas de formas diferentes. (Claramente ainda não decidi se sou Team Anarquistas ou Team Renegados)
Se a gente parar para analisar a história, podemos achar diversos tópicos de reflexão que são utéis para a nossa realidade e é exatamente isso que eu amo em livros de realidade distópica.
Só com esse livro consegui entender o porquê tanta gente elogia a escrita da Marissa Meyer e não vejo a hora de terminar essa trilogia, para poder dar atenção para as outras obras da autora.