Carla.Zuqueti 16/06/2023
Luta contra o abuso
?Eu não sabia que dinheiro tem o poder de abrir portas na cadeia. Não sabia que, se uma mulher estivesse bebada quando fosse violentada, ela não seria levada a sério. Não sabia que , se ele estivesse bebado qusndo cometesse um ato de violência, as pessoas teriam pena dele. Não sabia que minha perda de memória se tornaria uma oportunidade para ele. Não sabia que ser vítima era sinônimo de ser desacreditada.?
História real:
Chanel era recém formada, tinha um namorado e um emprego, quando resolve acompanhar a irmã Tiffany e sua amiga Júlia em uma festa da fraternidade na universidade Stanford.
Chanel bebeu mais que deveria e foi abusada por um estudante durante um apagão. Era penetrada pelos dedos de Broke Tunner, quando o ato foi interrompido por dois turistas suecos que, ao ver que estava inconsciente, empurraram e bateram no aluno, que fugiu.
Essa é logo a apresentação do livro, mas não é a parte principal. A partir daí, Chanel entra em uma longa batalha judicial contra Tunner e relata tudo que sentiu, como sua vida, de sua família e namorado foram afetadas e como foi encarar o difícil julgamento, onde muitas vezes parecia que a julgada era a vítima.
Porque o abusador era um garoto. Era um nadador promissor. Seria um cirurgião. Por que estragar o futuro de um garoto loiro, rico e promissor? Porque hoje, ele era um abusador. E porque abusadores não passarão.
O livro é um pouco cansativo, Chanel é bem repetitiva e muitas vezes ingenuamente boba.
Mas o ponto principal que gostaria de ressaltar é: como as mulheres são julgadas e julgadas e julgadas. Como muitas vezes seu corpo não é nada. Como o simples fato de estar bebendo em uma festa ou usar roupas justas parece já permitir que um homem se aproprie do seu corpo e tenha comportamento deplorável com você.
Eu já fugi de amigos bebados. E já fugi de amigos sóbrios. Já ouvi ?ou da ou desce?. E desci. Já sentei a mão em macho idiota. Você sempre precisa estar atenta. E colocando limites. E dizendo não. E se defendendo. E isso é cansativo.
E quando uma garota descuida e bebe demais, e o abuso acontece, ainda precisa ouvir que o motivo foi a bebida. Foi ela ter apagado. Como se o fato dela beber já lhe permite ser abusada. Como se estar numa festa, num bar, já indica que você está permitindo o abuso.
A luta contra o abuso é de todas e não apenas de quem foi abusada. Mesmo porque, muitas garotas abusadas não relatam, porque a vida da mulher abusada muda pra sempre. Porque é difícil reunir provas. Porque o mundo é machista e sempre há o questionamento se a mulher realmente não queria aquilo.
E a única forma de previnir o abuso, é formar homens conscientes que não é não. E que se a mulher estiver bebada e não conseguir responder, também é não.
E quando acontece, precisa haver punição. De forma que não se repita. A luta contra o abuso, precisa ser hoje.