Lohane 17/03/2024
Racismo é coisa de branco
Começo dizendo que o meu maior defeito é a hipocrisia. Eu sempre acreditei que racismo é coisa de gente branca, e, sendo assim, deveria ser resolvido por eles, já que foram eles que criaram esse monstro. Mas o primeiro histórico de leitura que fiz desse livro foi justamente questionando o fato dele ter sido escrito por uma mulher branca. Em minha defesa, eu estava em 13% da leitura.
Com o decorrer da leitura, percebi que ele precisava ser escrito por uma pessoa caucasiana, porque a intenção dele é escancarar o racismo, tanto o ativo quanto o passivo, e, se é um problema de brancos, precisa ser exposto pra gente branca por quem é como eles, pois é muito mais fácil que eles escutem um igual.
Eu sou uma mulher preta, sei como é sofrer racismo, então não preciso que uma mulher branca venha me dizer como o mundo é injusto nesse sentido. Mas esse livro não foi escrito pra mim. Foi escrito pra eles.
A passividade da Ruth em relação aos pequenos preconceitos sofridos por ela diariamente me irritou muito, mas essa é a realidade de uma pessoa preta que tenta se encaixar numa comunidade inteiramente branca: tentar se encaixar. Ver ela despertando foi triste porque eu passei pelo mesmo, e é horrível, mas foi tão libertador quanto quando aconteceu comigo.
O despertar da Kennedy, advogada branca, me fez chegar a uma conclusão: esse livro PRECISA estar incluído no repertório de qualquer pessoa branca que se diga aliada da luta antirracista, justamente porque ele joga na cara que você não tem como não ser racista enquanto se utiliza de privilégios de raça em benefício próprio, mas não pra conscientizar os seus iguais.