spoiler visualizarNeto 04/08/2023
Depois de assistir as duas adaptações, iniciei este livro com muita expectativa.
A premissa envolvente da presença de uma mulher aparentemente perfeita (Rebecca, primeira Sra. de Winter), já falecida, que rodeia os personagens, impacta as suas ações e assombra os seus pensamentos, é instigante, e devo dizer que apesar muito boa, a estória é muito datada.
Se quer ler este livro recomendo colocar as lentes de uma pessoa que viveu no século vinte, as ações dos personagens são totalmente justificadas pela época e pelo contexto, mas ainda assim é complicado aceitar tudo o que a contece, confesso que li muitas vezes com bastante raiva.
A ambientação é maravilhosa, Manderley, a mansão que é o cenário da trama é um personagem vivo e fala tanto à nós quanto qualquer outro personagem.
Maxim de Winter, o coroa milionário, viúvo e influente é um personagem que ainda não consegui decifrar, apesar de subestimado, é difícil torcer por ele. Uma hora simpático e amistoso, outra hora insuportável, intransponível.
A narradora é a nova Sra. de Winter, uma protagonista muito bem desenvolvida, fácil de se identificar, presa aos conceitos em que foi construída, se poda completamente a mercê dos outros. Ansiosa, com baixa autoestima, tem uma jornada de crescimento enquanto enfrenta a expectativa de todos que a rodeiam. Quase não acreditei quando eu a vi aceitando e lutando e acreditando nas justificativas sobre tudo o que aconteceu relacionado à morte de Rebecca e a influência de seu marido sobre isso, mas tive que lembrar o contexto em que o livro foi escrito e seguir calado.
Se retirássemos todos os devaneios da Sra. de Winter e descrições desnecessárias, este livro teria no máximo 20 páginas, a estória se arrasta de forma cansativa.
(Spoiler) Acredito que por ela ser a narradora a forma com que o desfecho foi conduzido trazendo o álibi à Maxim, que foi acusado de matar Rebecca, foi muito conveniente para Maxim e conformista no fim de toda a situação. Mas nada do que foi dito muda o fato de que Maxim matou Rebecca porque quis, independente da situação apresentada ele estava decidido a isso e o livro é muito claro, no final ele é um assassino, uma vez que a manipulação de Rebecca para induzir que ele atire nela é totalmente suposta. Se ela queria se encontrar com o primo para falar algo de extrema importância, porque provocaria Maxim a matá-la antes que finalizasse tudo o que queria para então morrer? Maxim é um assassino e a romantização disso no final só decepciona.
No final, é bom saber que para o bem ou para o mal Rebecca venceu. Manderley junto com todo o universo construído pela perversidade de Rebecca, se transforma em cinzas, libertando os dependentes do tranze imposto pelo luto por Rebecca. Libertando os protagonista para viverem a história de amor que antes não poderiam, para viverem livres, mas condenados a estarem sempre presos com suas consciências, condenados pelo tempo a seguir em frente, sabendo de tudo o que ficou para trás, a prova disso é o famoso início do livro: "Ontem à noite, sonhei que voltava a Manderley.”