@somaisumparagrafo 21/05/2021
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Chico Bento e sua família abriram as portas da casa para receber a visita de Adamastor. Um tanto quanto amargurado, esse homem da cidade grande considera o folclore um punhado de bobagens, mas passar algum tempo ao lado desse garotinho caipira irá render muitas aventuras e reflexões a esse homem tão descrente.
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Sou fã de Orlandeli, tanto por sua arte minuciosa e expressiva que nos faz ser transportados para dentro das páginas, quanto por sua narrativa cheia de emoção, humor, aventura e ensinamentos. Neste segundo quadrinho de Chico Bento, o quadrinista mais uma vez explora a sabedoria popular caipira por meio de uma trama repleta de elementos da cultura brasileira, com direito a dupla caipira, Folia de Reis, Saci, Caipora, Mula sem Cabeça, Iara e Lobisomem, onde mito e folclore se mesclam com maestria.
Adamastor é um homem ranzinza e cético que foi despedaçado pelas adversidades da vida, mas no fundo tem um bom coração e só precisa de alguém que o faça parar, respirar e recalcular uma nova rota para os seus dias. E é aí que entra Chico Bento defendendo com unhas e dente suas crenças e costumes, mostrando ao homem da cidade toda a simplicidade e naturalidade da vida caipira.
Essa leitura veio em um momento primordial da minha vida, me deu vários tapas na cara e me deixou bastante emotiva. Aqui temos uma história que traz um choque entre as vivências urbanas e rural. Fala pinceladamente sobre a correria da cidade grande, da falta de tempo para realizar sonhos, sobre como nos deixamos ser absorvidos pela loucura da modernidade e não temos tempo para nos dedicar a natureza e as coisas simples e belas da vida. Nos mostra o quanto a vida nos muda, às vezes nos machuca e o quanto nos tornamos céticos. Com sua sabedoria, Chico Bento dá um show de lições de vida, que me fizeram refletir sobre a importância de desacelerar e apreciar o que está na minha frente. Mais uma edição da Graphic MSP que entrou para a minha coleção de favoritos.