spoiler visualizarRebeca Silva de Souza 09/02/2022
A ponte de Haven
Abra é uma moça talentosa e parecia ser independente, decidida, porém é muito manipulada nessa história.
Nas palavras do pastor Zeke, pai adotivo de Abra e pai do Joshua: como Abra não aprendeu com o amor familiar e da comunidade em Haven, Deus a leva pro mundão pra quebrar bem quebradinha.
Pena que, ao longo da história, não vejo a personagem tendo um encontro com Deus. Ainda jovem, pianista da igreja com muitas canções e partiduras decoradas, nada da Palavra havia em seu coração.
Em momento algum ela se direciona a Deus, ela não ora, a não ser quando promete a Deus que, se ele não fizer do jeito dela, o odiaria para sempre, ou seja, ela não tem temor à Deus.
Tem coisas que ela começa a fazer que dá vontade de gritar, de tão absurdo. Momentos que ela poderia sair correndo, mas...não sai!
Sei que é um livro querido por muitos leitores, mas não posso deixar de mencionar como a autora deixa visível a violência e obscenidade. Preferia não ter lido certas cenas.
A maioria das coisas, saquei de cara o que iria acontecer, inclusive sobre a mãe que a abandonou.
São 647 páginas de uma história que poderia ter poupado umas 200! Achei o final forçado, totalmente previsível e ao mesmo tempo parece que, nem todas as pontinhas fecharam. Outros fatos da história passam batido como abandono, incesto, abuso sexual, aliciamento, relacionamento abusivo e até aborto.
No final, me pareceu que ela voltou pra casa apenas porque estava no fundo do poço e porque o desejo ardente pelo Joshua poderia se realizar em Haven. O tipo de pensamento "um calor tomou meu corpo", "o jeito dele me olhar me fez arrepiar", ou "o murmúrio doce dela ao experimentar o hambúrguer me deixou doido" é muito do tipo fanfic, não tenho paciência pra ouvir personagens com quase 30 anos na cacunda dizendo isso shhahahahah!Sabe, não senti surgir fé em Deus, aquela vontade de recomeçar dentro da Sua vontade, apenas aquele quebrantamento desesperado que o sofrimento traz. Parecia que ela estava fazendo o que aprendeu com Franklin em Hollywood: atuar.
Como reclamação final, vou dizer e já aviso o spoiler: bastava terminar com uma cena de casamento. Eu sei muito bem que depois do casamento tem sexo, mas depois de um capítulos tão pesados, eu não precisava de mais uma cena! Enfim, eu não queria ir junto pra lua de mel com eles. Terminei o livro passando os olhos rapidamente pelas páginas.
É uma boa história? É. Cheia de tensão, com romance e maldade.
É uma boa história cristã? Não, pois usa um cenário de comunidade cristã no fundo de um protagonismo mundano, rebelde e decaído. Citar trechinhos de hinos e frases cristãs não faz o livro ser cristão.
Esse é o tipo de livro que, tal como Amor de Redenção, eu não recomendo nem pra minhas irmãs, muito menos pras minhas alunas na igreja.
Você que, como eu, é maior de 20 e gosta de ler pra averiguar com seus olhos, leia por sua conta e risco.