Elias Portolu

Elias Portolu Grazia Deledda




Resenhas - Elias Portolu


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Leila 09/04/2024

Elias Portolu, da autora italiana Grazia Deledda, é uma obra que merece destaque não apenas por sua escrita cuidadosa e cativante, mas também por sua densidade e temática que ecoam os grandes clássicos da literatura italiana. Publicado em 1903, o romance se firma como um marco na carreira da escritora, evidenciando sua habilidade em explorar questões profundas e complexas.

A trama se desenrola em uma Sardenha encantadora, onde os personagens são confrontados com situações que transcendem as convenções sociais da época. O cerne da narrativa gira em torno da relação proibida entre cunhados, um tema ousado para a época e que demonstra a audácia literária de Deledda. A paixão arrebatadora de Elias Portolu pela esposa de seu irmão desencadeia uma série de eventos que testam os limites da moralidade e da consciência dos protagonistas.

A leitura de Elias Portolu é uma experiência enriquecedora para aqueles que apreciam um romance bem construído e envolvente. A narrativa, embora ambientada em uma época distante, ressoa com questões universais que ainda ecoam nos dias de hoje. É um livro que nos transporta para uma era passada, mas que ainda possui relevância e impacto em nosso mundo contemporâneo.
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annikav.a 09/01/2024

A marriage of love is a marriage of God
À primeira vista, seguimos a vida de um pecador infinitamente mais atormentado por si mesmo do que pelos outros - como Raskólnikov em Crime e Castigo - numa eterna hesitação torturante de se ler. A todo momento quis gritar: FAZ ALGUMA COISA!! Porém, a inação do Elias é ainda mais um ponto de subversão da masculinidade Nuoroense (Nuorense? Nuorese? enfim), tão reforçada em cada capítulo, mas também sempre confrontada, mesmo que de maneiras sutis, como quando Elias conclui que chorar é benéfico a qualquer um, ou mesmo pelo fato de uma mulher prestigiosa como Madalena (que também foge aos arquétipos de esposa) interessar-se por um homem tão feminino. Deledda sutilmente critica também os mais ricos (únicos candidatos da verdadeira impunidade), os poderosos - mesmo que em pequena escala, os carabinieri locais - e as relações que muito se assemelham ao que chamamos de jeitinho brasileiro. Outro grande tema da obra é a religiosidade (honestamente rendia uma TCC), retratada de diversas formas: social, sincrética, Romântica (por meio principalmente da paisagem), penitente ou mesmo nula (na forma do interessantíssimo Zio Martinu). Enfim, espero poder ler mais obras da Deledda (principalmente se tiverem protagonismo feminino), ela que foi a primeira mulher e única italiana a ganhar o Nobel da Literatura (1926).
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Carol 30/08/2021

Impressões da Carol
Livro: Elias Portolu {1903}
Autora: Grazia Deledda {Itália, 1871-1936}
Tradução: William Soares dos Santos
Editora: Moinhos
228p.

"Elias Portolu" é o terceiro livro de Grazia Deledda que leio ('Juncos ao Vento' e 'A Cidade do Vento' já foram resenhados por aqui) e afirmo, ela é uma das minhas autoras favoritas, pela maneira como sua escrita sempre me comove.

Deledda, à maneira de Tolstói, faz de sua literatura uma ode à vida, à terra, às pessoas comuns, com suas histórias, pensamentos e sentimentos, tendo a Sardenha como palco de sua produção literária.

Em "Elias Portolu", Nuoro e sua paisagem árida, de vastos campos, entrelaçam-se à vida das personagens, com seus costumes arcaicos, seus dramas passionais, familiares e, sobretudo, morais.

O protagonista, Elias Portolu, retorna ao lar, após um período de três anos na penitenciária do continente. O mais sonhador dos filhos de tio Berte e de tia Anneda, é descrito como um jovem frágil, um sujeito desejante, mas que não age em busca da felicidade. Para seu tormento, Elias apaixona-se por Maddalena, a noiva de seu irmão mais velho e o conflito está posto.

Nessa Sardenha, mítica, quase que atemporal, na qual a família é ainda patriarcal, hierarquizada e a quem se deve obediência, as relações amorosas são regidas pela culpa, pelo pecado, pelo castigo. Não há como fugir do destino.

O livro é belíssimo. Gosto especialmente de como Deledda se utiliza de provérbios e modos de dizer para ligar as personagens à terra e demonstrar a centralidade da família e da religiosidade no romance.

"Todas as vizinhas se precipitaram ao seu redor, empurrando os outros camponeses, desejando-lhe:
- Uma desgraça como essa somente daqui a cem anos.
- Com a vontade de Deus! - ele respondia." p.9

Grazia Deledda recebeu o Nobel de Literatura em 1926 e fico feliz em ver suas obras sendo traduzidas e recebendo edições muito boas por aqui. Leiam Deledda!
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Barbara.Luiza 24/06/2021

Elias Portolu volta do cárcere para uma nova realidade familiar, é bem recebido por todos, até pelos agregados que não conhecia. Mas a beleza de uma mulher em especial chama a sua atenção, é Maddalena, a noiva de seu irmão.

A despeito das provocações familiares sobre masculinidade que permeiam a obra de Deledda reposiciona a masculinidade do protagonista, retirando-a do espaço de ação e decisão tão comum aos homens nas histórias de romances proibidos, e nos fazendo acompanhar com desespero o arrastar de suas dúvidas e desejos.

É um romance sobre o que não fazer quando se apaixonar, sobre não mergulhar em uma paixão. Mesmo quando Elias chega onde quer é quase que por força do destino, não sua.

As referências biblicas e a Igreja extrapolam o nome da amada, é desejo, é culpa, é confissão, é sacrifício.

E ainda que trate de temas fervorosos a condução do romance impõe seu próprio passo. A criação de imagens da Sardenha encanta de uma forma quase mística e nos dá um gostinho do motivo pelo qual Grazia Deledda ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1926, a segunda autora a conquistá-lo.
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