spoiler visualizarOli.Caluz 19/08/2021
Resenha de “A flor da Inglaterra – George Orwell”
Com uma genialidade textual já consagrada pelas histórias de “Revolução dos bichos” e “1984”, George Orwell repetiu o feito em “Flor da Inglaterra”, tendo me feito navegar por um mar profundo repleto de sentimentos e reflexões ímpares sobre a vida, a sociedade e tudo mais.
Apresentando uma personagem imersa em um conflito pessoal a respeito de seus princípios e de seu posicionamento perante o mundo capitalista e seu modo de funcionamento, não pude deixar de associar a construção do personagem com aquela citação de Nietzche (já muito conhecida) sobre ’Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você’. Mergulhado em críticas sobre a importância do dinheiro dentro da experiência humana, Gordon Comstock (protagonista do livro) não faz mais nada a não ser colocar o objeto de sua crítica como o centro de significado de sua vida, de seu mundo e de seu universo particular.
Como já disse antes, durante toda a leitura eu me vi atravessado por diversas emoções, análises e reflexões pessoais, acompanhando o progresso de Gordon com uma certa agonia e torcendo pela “redenção” da personagem em um momento final, chegando ao ponto de, em alguns momentos, imaginar um encerramento trágico para a história – o que me fez sentir genuinamente aflito com a cabeça dura do personagem.
Adicionando outro ponto notável e que acredito ser de extrema relevância para quem decidir ler a obra é a forma maravilhosa pela qual o autor transita entre picos e “aparentes estagnações” de conflito na história.
Por fim, sem superestimar, mas enfatizando a genialidade e a maestria de Orwell, recomendo o livro para qualquer pessoa que esteja em busca de adquirir o hábito da leitura, ou que simplesmente já tenha gosto pela leitura, independente de preferências por um gênero literário ou outro.