luana 18/09/2023
Me desculpa, mãe.
?me desculpa, Mãe. faz alguns anos que estou juntando forças para deixar o seu teatro, eu que sempre fui o seu público mais fiel, acontece que chegou a hora de parar de assistir à vida dos outros, chegou a hora de eu viver também.?
Enrolei bastante para ler ?A pequena coreografia do adeus?, uma pessoa me indicou essa leitura no começo do ano, mas não era alguém com um senso crítico confiável - mulher muito inteligente então eu achei que eu não ia conseguir passar da primeira página -, porém uma livreira me indicou dizendo que eu acharia parecido com algo da Sally Rooney e eu decidi ler.
Aline Bei tem uma forma de escrita poética e estética, você fica preso nos detalhes das páginas, tamanho das letras, espaços dados, palavras no meio da página fora de qualquer tipo de margem e regra de abnt, algo completamente ?sem sentido? que se encaixa perfeitamente, quase como uma pintura.
Aline Bei é uma escritora completa que fez uma obra tão completa quanto, ?A pequena coreografia do adeus? é perfeita na sua imperfeição, a tristeza da júlia e a forma como você vê ela tentando encontrar refugiu onde não existe.
O livro conta, resumidamente, sobre a júlia e sua vida com a sua mãe depois da separação dos seus pais. Você vê que, mesmo o pai da júlia não sendo santo, a júlia visualiza ele como um refúgio, mas ele não precisa dela, não como a sua mãe precisa, nisso nós sentimos como aquela garotinha se sente presa pela mãe, a sua mãe precisa dela; paralelo a isso, a mãe dela demonstra esse amor e medo de perder a filha jogando-a para baixo, fazendo ela se sentir um ?nada?, é visível que esse é o método que a mãe encontra para tentar prender as pessoas porque, no fundo, ela pensa que todo mundo é mais interessante que ela é, consequentemente, ela perderia todos. Porém, ela perde todos por causa desse seu comportamento.
Enfim, essa leitura carrega reflexões e mexe bastante conosco, digo e repito, Aline Bei é uma escritora completa, espero ler outras obras dessa linda artista e conseguir me identificar tanto quanto me identifiquei com ?a pequena coreografia do adeus?