duda :) 31/03/2024
"Se você quisesse, eu queimaria o mundo para você."
Finalmente, tomei vergonha na cara para escrever a primeira resenha do ano! Então, nada melhor do que começar com o primeiro livro de uma série de quatro, para ajudar aqueles que vão - por livre e espontânea vontade - entrar nesse esquema de pirâmide.
Antes de mais nada: como é bom achar uma história em que eu não preciso usar um único neurônio para raciocinar, só rindo de piadinhas aqui e ali ou morrendo de amores quando um CEO marrento se apaixona por uma mulher que é seu oposto em todo e qualquer sentido. Sei que isso entra em conflito com a nota dada, mas confiem em mim, esse foi o ponto alto do livro.
Aqui, vamos conhecer o rico, inteligente com QI acima da média, impiedoso, frouxo, traumatizado e completamente rendido Alex Volkov. Eu ouvi falar sobre esse nome tantas vezes no booktwitter, que achar o dono foi uma grata surpresa. Ele é o melhor amigo de Josh Chen, irmão de Ava Chen, nossa protagonista. Desde o primeiro momento, eles não se dão bem, já que Alex é um cara beeeem fechado e, por vezes, até meio grosseiro. Até que, por uma ironia do destino (ou melhor, de um irmão bem sacana), eles precisam conviver mais do que esperavam. Na verdade, essa parte da convivência foi mais por insistência, já que sequer morariam na mesma casa. Continuando um pouquinho da história do nosso par romântico (e digo nosso porque, sério, eu queria esse homem para mim durante a primeira metade do livro), ele tem mil problemas em seu passado, que deveriam justificar suas atitudes no presente. Perdeu sua família e quer vingança, todo mundo já conhece essa narrativa - e também, já deve imaginar onde isso vai levar.
A Ava é sonhadora, sempre vendo o lado positivo das coisas, tentando ser feliz, fazer sua carreira e buscar seus sonhos sem preocupar aqueles que ama, confiando demais nas pessoas certas e erradas. Ela tem um grupo de melhores amigas que, oh, meu Deus, surpreendentemente são as próximas protagonistas dos outros livros. Conhecemos melhor nesse primeiro sobre a Jules, que está presente em muitas aventuras e conversas - e que de melhor amiga não tem NADA. Além disso, ficamos cientes sobre os muitos (e intermináveis) problemas familiares da Ava, além de seu grande trauma que ocasionou em aquafobia, e eu só não brinco dizendo que sofreu mais que Jesus porque hoje é Páscoa. E aí vocês podem pensar que ela vai ser inocente, boba e frágil, mas é uma garota de vinte e poucos anos que externa sua força da forma que consegue, em pequenas e grandes atitudes, mesmo estando completamente quebrada por dentro. É uma garota de espírito livre encurralada por pesadelos de uma infância da qual não se lembra.
Então, como o ponto principal para a existência de um romance, eles se envolvem. Ava conquista Alex no dia a dia, quebrando seus muros a cada nova interação, e ele se prova o homem que literalmente queimaria o mundo para fazê-la feliz. O problema vem quando os traumas dela e dele se entrelaçam e destrói tudo de mais lindo que, finalmente, conseguiram construir juntos. Eu sofri muito com tudo o que ele se viu obrigado a dizer para ela e na quase dependência emocional que se estabeleceu da parte dela para com ele, justificável por ser literalmente a única pessoa com quem podia contar nos melhores e piores momentos. Para quem gosta de ler hots, temos cenas boas aqui também (e aquela famosa em que ele atende o telefone em uma chamada de trabalho no meio do ato e fala para ela não fazer barulho).
"Você me disse uma vez que havia algo lindo esperando por mim, algo que restauraria minha fé na vida. Eu encontrei. É você."... AQUI, MEUS AMIGOS, EU SURTEI!!!!!!!!
O que me fez abaixar uma nota que poderia ter sido maior foi o final. Eu adoro cenas de ciúmes (em obras fictícias, que fique claro), mas o jeito que a Ana Haung explorou a possessividade do Alex depois que esse idiota, finalmente, percebeu que ama a personagem principal me enojou. Ele se torna impositor, sufocante e um perseguidor que não permite que ela queira voltar naturalmente, por se sentir verdadeiramente pronta e confiar nele de novo. Eu entendo o apelo de mostrar que se importa, de largar as coisas materiais que sempre importaram muito para ele para estar com ela e romantizar essas ações extremas, mas não funcionou bem para mim. Me senti lendo um psicopata atrás de sua próxima vítima e isso, para mim, tirou toda a essência de redenção e crescimento que o Alex tinha começado a apresentar durante a história. Além disso, dá para entender nas primeiras páginas que ele é frio, não precisava repetir isso em todo capítulo.
Ele levou muito a sério Taylor Swift cantando "seria o suficiente se eu nunca pudesse te dar paz?".
Esse é o livro menos bem avaliado de toda a série, mas eu garanto (porque já li os outros) que não é o pior. Dá para passar o tempo, se alienar da realidade e se divertir com as partes boas. O casal tem química e isso ninguém pode negar. Se criar um final alternativo na imaginação condizente com quem ele realmente é, fica ótimo. O problema é a autora, não os personagens.