Resenhas - Flor de Gume

Toni Nando 09/11/2023

Flor de Gume incrível
LIVRO: FLOR DE GUME
AUTORA: MONIQUE MALCHER
PUBLICAÇÃO: SÃO PAULO, 2022.
EDITORA: JANDAÍRA
ONDE SE PASSA: BRASIL
DATA: 09/06/23
NOTA: 10


Monique Malcher é escritora e colagista, nascida em Santarém, interior do Pará, mas viveu grande parte da vida em Belém (1988). É mestre em antropologia pela UFPA e doutoranda interdisciplinar em ciências humanas (UFSC). Flor de Gume é seu livro de estreia.

Monique é daquelas escritoras que escreve com a alma pulsando. Esse livro me fez pensar nele por dias. A cada capitulo os personagens vão se tornando grandes, fortes e dotados de muita garra.
Falando um pouco da geografia, uma experiencia visual sensacional do lado Norte do Brasil, onde as riquezas naturais estão em todos os detalhes nos fazendo conhecer as belezas do norte brasileiro.
Sobre as narradoras são mulheres espetacularmente fortes, onde suportam e superam violências na qual me pergunto como elas conseguem seguir adiante perante tantas barbaridades.
O ponto Chave da narrativa é o abuso infantil. O que se esperar de um ser que abusa e maltrata a quem ele tem a obrigação de cuidar. Que tipo de punição merece um ser desse? Após essa leitura nos perguntamos até onde vai a maldade do homem?
No ultimo capitulo Monique é muito assertiva quando prova que um monstro as vezes pode ser muito melhor do que alguns homens.
A parte que muito me emocionou é a relação da vó e a neta. O Refúgio encontrado na relação profunda e amorosa delas, fica claro que o amor é a cura. Mesmo essa avó não estando de corpo presente, sua mentoria estava sempre por perto, seu amor estava sempre abraçando e acolhendo, e esse amor salvou muitas vezes essa personagem que se despedaçava a cada violência vivida.
Recomendo essa obra sem medo de errar.

Maíra Marques | @literamai 19/07/2023

? ?Eu era muda, um monte de folhas que não sabia como crescer, ainda não sei muito bem, mas me sinto árvore depois de tantos anos, pareço mais forte, mesmo que a força tenha vindo do sofrimento.?
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?? Vencedor do @premiojabuti de melhor conto em 2021, "Flor de Gume" é uma publicação de Monique Malcher pela @editorajandaira. Acredito que seja a primeira vez que leio uma autora do Pará, e com histórias que se ambientam totalmente nessa região. Que incrível- ao mesmo tempo uma surpresa- foi conhecer a realidade de pessoas que, apesar de viverem no mesmo país que o meu, estão longe o suficiente para que nossas culturas sejam tão distintas.
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Através de 37 contos, "Flor de Gume" irá narrar a trajetoria de mulheres: filhas, mães, avós, três gerações fortes que compartilham conosco as suas dores. O livro aborda assuntos que podem ser gatilho para algumas pessoas, como alienação parental e abus0 s3xual.
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Junto com temas tão fortes, encontraremos algo positivo também: A força da natureza em cada linha. Isso criou uma atmosfera mística que conversam muito bem com os sentimentos de cada personagem. É uma leitura que mostra o quanto cada personagem cresceu diante dos desafios que encontrara na vida.
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Optei por conhecer este livro através do aplicativo @tocalivros em formato de áudiolivro, e não teve escolha melhor! A narração foi de Carol Garcia e a produção mais uma vez ficou impecável.

Deia 20/04/2021

Melancólico
Talvez se eu lesse em outra época não iria achar tão deprimente. A pandemia me faz querer livros que retratam mais amor. Flor de Gume fala sobre as feridas do sofrimento e sua busca por superação.

Iara.Borges 04/03/2021

O livro é uma gracinha, tem contos muitos lindos e que tocam muito. Faz a gente se identificar e se conectar com as historias. É muito muito bom

Maíra 17/01/2022

A flor delicada que precisa aprender a se defender
Que livro! Monique Malcher escreve contos curtos (umas 4 páginas, em média, o menor tem uma e pouco e o maior, dez) com uma pegada autobiográfica. As narrativas são sempre em primeira pessoa, mas dá para perceber que algumas são sobre a mãe e as avós da autora, que dá visibilidade à dor e à lutas das mulheres de sua família, e, consequentemente, de todas as mulheres - de uma forma ou de outra, é impossível não se identificar. Monique escreve como o rio que flui, com a beleza e a delicadeza de uma flor. Os assuntos que aborda, entretanto, podem ser dolorosos, colocando à vista, sem subterfúgios, o pior do comportamento humano. Flor de Gume foi a escolha perfeita para o título desse livro, que trata de como nós, mulheres, precisamos criar espinhos e aprender a cortar (em diversos sentidos) para sobreviver em um mundo patriarcal.

Jujuba 19/08/2022

Resenha @PocketCultura
Literatura Regionalista?? Não é sobre isso...

A obra que reúne 37 contos e narrar na primeira pessoa temas como alienação parental, violência doméstica e abuso sexual.
?reconhecia nela e nas suas marcas as minhas?
Confesso que num primeiro momento eu fiquei um pouco resistente a esta leitura, não sabia o que esperar desta leitura e bateu um bloqueio, mas amigas maravilhosas deste grupo me incentivaram a dar uma chance ao livro e só tenho a agradecer por esta experiencia.
?E cresci acreditando que as mulheres não poderiam me dar amor, que eu mesma não era o suficiente para o funcionamento da minha existência. Era urgente que os homens me amassem, aos moldes do amor que meu pai me dava, com seus excessos e controles.?
Apesar das histórias serem triste e duras de serem lidas é praticamente impossível não se ver retratada em alguma delas. Seja na nossa própria vivencia ou das varias mulheres que fazem parte da nossa trajetória. A partir desta leitura muitas vezes enxergo com outros olhos situações do cotidiano e vejo como nossa dor, apesar de serem varias, é comum a quase todas as mulheres.
?Mas eu tenho meus retalhos na memoria e sei o que vi.?
Monique consegue conduzir nosso sentimento para além dos contos que são narrados no livro fazendo a gente se emocionar e refletir sobre esta ?sandálias que não nos cabe?.
E para finalizar uma reflexão:
?Nem todo corpo pode seguir suas próprias regras. Foi assim comigo, decidiram por mim.?
¡besos hasta luego!

Leila 15/09/2022

Flor de gume é um livro de contos que pode ser lido como romance, mas que também é poético!
Gostei muito dessa experiência de leitura que a autora paraense Monique Malcher me proporcionou. Sempre digo que não consigo falar de contos, mas esses contos meio que conectados me encantaram, essas histórias de mulheres fortes, mulheres denunciando suas violências, meninas buscando sua sexualidade, tentando encontrar seus lugares nesse mundão de Deus falaram comigo, ganharam um lugarzinho em mim... achei muito massa a fluidez e a leveza que a obra traz a temas emblemáticos e por hora até pesados. Encontrei gritos de socorro como também nostalgia por uma avó querida e muito amada❤️ Que bom que estava na vibe certa para ler esse livro agora.
Gostei e #ficaadica

Rafael Moia 11/10/2022

Para além de um Jabuti
Obrigado ao Leia Mulheres Belém por me apresentar a obra da Monique. Flor de Gume é grande quando as gerações que são e serão impactadas por essa obra. Dividido em três partes, é visível a dor a qual as mulheres são submetidas pelo patriarcado. Somos apresentados na parte I a "uma criança que precisa em desespero de um farol", e em troca recebia apenas um relacionamento abusivo do seu genitor. Na segunda parte a autora revela que viu "o sangue que brotava das pernas, escondi como se fosse crime ser eu" e, basicamente, esse seria o marco que levaria a sofre as mesmas agressões que sua mãe e avó. O impacto que essas duas partes causam no leitor é suficiente para a obra da Monique eternizar a sua narrativa no imaginário literário do leitor. Mas ainda não acabou, com uma parte final mais revolta, a autora escancara o "homem comum, que espanca, estupra, mata, e diz que ama". Flor de Gume trás a universalidade amazônida, da mulher que é oprimida, mas resiste. Leia Monique Malcher.

RobsBia 28/05/2023

Regionalismo
Contos conduzidos de forma delicada, cheios de regionalismo, de alma. Monique conseguiu em todos os momentos dar alma aos personagens. Sempre achava que ela estava falando da história de alguém, além de um personagem.

mdudalivros 09/02/2021

?As lágrimas eram salgadas, diferentes dos rios. Mas antes de chegarem à boca, eu as matava com novos sonhos, textos e a possibilidade de um amor incrível, o próprio.?

Um compilado de prosa-poesia sobre mulheres-monstras que doí e faz sorrir. A força da mulher amazônica é exaltada de uma forma linda, real e dolorida. A autodescoberta da identidade feminina -á sua maneira- é abordada de uma maneira que nunca li antes, e amei ter essa oportunidade. Monique é necessária para inserir a literatura paraense num mercado editorial excludente e central. Viva as mulheres amazônidas! ??

Lurdes 27/12/2022

"Entrava no barco como se entrasse na vida das histórias das mulheres da minha família. Mergulhava fundo na encantaria. As embarcações eram lugar estranho e ao mesmo tempo meu território."

Este trecho, do primeiro conto do livro, representa um pouco como me senti fazendo a leitura.
Entrando nas estórias desta(s) mulher(es), me deixando encantar e emocionar, mas sem pisar em solo firme.
O balançar do barco me conduzindo neste rio de estórias, sem saber se vamos chegar seguras ao nosso destino, se vamos encontrar alegrias, tristezas, afagos ou violência.
Podemos até nos afogar, a menos que a gente aprenda a nadar.

Nunca é totalmente seguro quando somos mulheres.
Sempre pode nos faltar o chão.

Apreciei demais a leitura e me encantei, também, com a presença da autora, que participou do encontro da Leitura Coletiva com o @literatoni

A força de seu texto é percebida na força de sua fala, ao mesmo tempo tão ligada às raizes paraenses, com suas personagens ribeirinhas, mas ao mesmo tempo tão universal, abordando dores e lutas que são de todas nós.

Izabella.BaldoAno 19/03/2024

Ler Flor de Gume é uma experiência cortante como uma faca ágil e bem afiada e, ao mesmo tempo, alcança as mais sutis delicadezas. as personagens dos contos compartilham conosco suas mais doloridas experiências de violência, mas também as mais reconfortantes marcas que o afeto lhes deixou.

há temáticas que se repetem e dão até a sensação de que, ao invés de contos, estamos lendo capítulos de uma história contínua, fragmentada mas assentada num chão seguro, demarcado por um rio que alimenta e guia. o rio, inclusive, é uma forte marca das histórias, que ao mesmo tempo parecem também instaladas num solo urbano - é a capacidade da narrativa de Monique de ser consistente e múltipla deixando suas marcas.

leiturasdabiaprado 31/03/2023

Ainda não sei o que achei...
Forte, sem dúvida!
Um mix de sentimentos, dores do passado refletindo no presente...
Uma relação abusiva com o pai que reverbera na atualidade...
Uma submissão, principalmente emocional, aos homens até uma quebra brusca...
Um livro cheio de gatilhos e que certamente não é para todo mundo!

Laura Regina - @IndicaLaura 28/02/2021

Ser fortaleza com fra(n)queza
Em contos conexos, conhecemos as dores de mulheres que sofrem e sobrevivem no Pará e em Santa Catarina.
•
Pequenos textos que trazem muitas dores, muitos traumas, muitas dificuldades, e também muita superação, muita força, muita garra, muita vontade de sobreviver. A escrita é embolada, trazendo pensamentos misturados a acontecimentos passados e futuros, e algumas vezes eu me perdia na fala da narradora - mas entendi que minha própria vivência me ajudaria a compreender tudo que estava escrito ali.
•
E pertencimento é um dos temas citados que me tocou. A personagem trás sua infância ribeirinha como condutora de diversas formas de interpretar o mundo e de ter a força para continuar. Assim como as tantas formas de violência que ela enfrenta (e qual mulher não viveu algumas delas?!) e a construção do seu renascimento diário.

Mais indicações no Instagram @indicalaura

site: https://www.instagram.com/indicalaura/?hl=pt-br

Laryssa Rosendo 22/03/2021

Apesar de pequeno Flor de Gume não é um livro para uma leitura de uma vez só.
É um livro para ler de pouquinho processando cada soco e trauma. Apesar de ser um livro de contos, as histórias parecem ser conectadas como um romance não tradicional.

É um livro recheado de dor, mas ao mesmo tempo bonito de ver a superação e a potencia das mulheres que envolve essa vida.
Me deu orgulho de ser uma escritora da minha terra, de poder identificar os lugares e bairros que também percorro e ao mesmo tempo ver outras realidade e paisagens de uma região que tá dentro da minha e ao mesmo tempo longe de mim.

É um livro incrivel que em alguns contos me fez lembrar Conceição Evaristo em "Olhos d'agua". Meus contos favoritos são: Para voar com ratos no verão; Anis; O pesadelo é um bilhete urgente do que fere; Hortelã; e Um sorriso que atravessa o asfalto.

Eu tive o prazer de participar de uma mediação sobre o livro com a presença da Monique e ficou ainda mais estampado o quanto essa autora é fenomenal. Vale a pena acompanhar os seus próximos lançamentos.