Alice 04/05/2023
Uma delíciaaaa
Escrita lindeza, impactante, elucidativa, poética. Bom pra deslacanês-zar Lacan. A epopeia de Milan escancara a necessidade da ignorância douta, condição para que se instale o desejo conduzir uma análise. A pontuação analítica não se ampara na tomada de consciência - mas de inconsciência, mesmo. É ouvir e trabalhar a partir disso. Por isso o gerúndio, analisando, analisante... O trabalho com o inconsciente é inesperado, imprevisto, daí a grande dificuldade do nosso francês de deixar tudo explicadinho. A seriedade com que ele tratava o contato com o inconsciente não lhe permitia se sujeitar a um discurso amarrado no ato de sua transmissão. É preciso tempo mesmo para que as coisas se desenhem. E a valorização do tempo também introduz a técnica da sessão curta. Quando Lacan supunha que o inconsciente havia se manifestado, era a partir dali que iria operar sua intervenção, o que pode ou não suscitar em um corte. Fazer muito com pouco.
Um grande prazer conhecer o Lacan de Betty Milan!