Complexo de vira-lata

Complexo de vira-lata Marcia Tiburi




Resenhas -


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Rodolfo Vilar 14/10/2021

Necessário
Traçando um perfil bastante completo sobre a construção do tema, Márcia Tiburi usa das ferramentas da literatura e da psicologia para explicar de fato o que é o "Complexo de vira-lata". Do olhar em conjunto, analisando a construção da sociedade, a autora relaciona a historicidade da dominação europeia de Colombo nas Américas com o sentido de não pertencimento do individuo, sentimento esse que ainda perdura na relação do sujeito não se sentir pertencente ao lugar que realmente é seu por direito, já que, também traçando o conceito de "outro" e "humilhação", Tiburi também tece a faceta sobre a humilhação colonial, reduzindo o outro à posição de objeto, como intuito de rebaixá-lo, dominá-lo, como um cachorro vira-lata. Do ponto de vista individual, usando a literatura de Shakeaspere, Sófocles e Freud, Tiburi também analisa o perfil histórico psicológico de personagens que exemplificam e são usados de estudo para o entendimento da humilhação e do domínio desse "outro". Porém, é a exemplificação e o entrelaçamento desses termos que fazem a raiz do livro ser exatamente esse entendimento da humilhação como forma de união entre os indivíduos brasileiros. Com isso a autora chega ao nervo central do livro, que é o termo "complexo de vira-lata" cunhado por Nelson Rodrigues em suas novelas e que é usado para entender o perfil desse indivíduo ou grupo que se sente diminuído, menosprezado, não-pertencente ao seu espaço ou nação, e que por isso mesmo apresenta diversos pontos levantados por Tiburi para exemplificar a formação desse sujeito. A autora exemplifica o que é a humilhação, escancara a forma cruel e imprudente que tiranos usam desse poder para desnortear aqueles que o seguem, fazendo desse poder o instrumento para a opressão e a violência, além do desestimulo pelo patriotismo que já é tão abalado no brasileiro. Com isso, temos um livro de acesso fácil, leitura fluída e muito bem amarrado sobre um tema tão pertinente, que é a inércia na qual o país vive, nesse sentimento de estar nadando contra a maré.
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Camila.Nunes 04/07/2022

Complexo de vira-lata
Termo cunhado por Nelson Rubens em alguma de suas publicações e reutilizada pela a autora para relatar o sentimento do brasileiro. Nesta análise da humilhação brasileira a autora comenta sobre diversos sentidos dos jogos de poder e de humilhação. A começar pelo nosso processo de colonização iniciada em violência e resistência que nunca foi aceita e nem deveria. Europeus invadiram terras indígenas, traficaram pessoas e os escravizaram, os obrigaram a se desfazer de suas crenças, de suas vestes, de seus costumes e quem são os filhos da junção dessas etnias tão maltratadas e ressentidas?
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Jacque Spotto 30/12/2021

Quem nunca já ouviu a expressão "complexo de vira-lata" para referir aos brasileiros que
tem aquela mania de se sentir inferior a outros países? Esse termo foi nomeado por Nelson
Rodrigues em 1958 na crônica "À sombra das chuteiras imortais", quando a seleção
brasileira de futebol perdeu uma partida em nosso próprio país e com um time de jogadores
excelentes para o Uruguai.

Aqui a filósofa Marcia Tiburi busca desde a história da colonização elucidar como esse
sentimento de inferiorização e humilhação está enraizado no brasileiro. Tal "complexo de
vira-lata" foi nomeado por Nelson Rodrigues, mas esse sentimento está arraigado em nossa
população há séculos e vem se propagando de geração em geração e infelizmente os que
entendem desse processo de subjugar o outro se utilizam dessa "técnica" para mantermos
submissos partindo do princípio para a manipulação da sociedade como políticos, igrejas e
as próprias empresas capitalistas.

A chave para esse complexo é a humilhação, e o que tem de mais humilhante do que uma
nação ser "colonizada", para não dizer invadida, violentada, ver seu território sendo
apoderado por invasores, vendo sua própria nomeação sendo extinta e reduzida a apenas
como "índios" ou "selvagens"? Nada mais eficaz para uma pessoa se tornar mais poderosa
do que rebaixar o outro. O outro que mesmo havendo subsídios para não se deixar humilhar
acaba se rendendo a essa situação degradante. O que Marcia explica muito bem, sobre
esse sentimento de estupor, de se sentir tão pequeno e insignificante que o "colonizador"
consegue te dominar.

"A humilhação se tornou uma tecnologia política"(p. 35)

Mas como sair desse estado de estupor que nos encontramos? Dessa falta de fé em nós
mesmos, injustiças e pseudo mitos que surgem de tempos em tempos como salvadores da
pátria que na verdade só nos querem rebaixados sob seus pés? Marcia nos convida a
refletirmos sobre nossa sociedade, a não consumir apenas o que nos é dado pronto por
nossos líderes, sejam eles políticos ou religiosos, mas pensarmos de forma mais crítica
sobre tudo o que nos rodeia.

https://instagram.com/a_lusotopia
gabriel 31/12/2021minha estante
Ótima resenha e tema importante.


Jacque Spotto 31/01/2022minha estante
Muito Obrigada Gabriel! ;)




JAQUELINE.ARGOLO 12/02/2023

Pela superação da humilhação
O livro desenvolve aspectos relacionados aos processos de dominação (como a humilhação em todas as suas formas) e os sentimentos correspondentes (complexos de Colombo e de vira-lata) e uma análise chamado atenção para a necessidade de enfrentá-los: "Está na hora de superarmos.", é o chamado.
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Rodrigo Leão 06/03/2024

Otimo
Livro muito bom, com muita análise psicanalítica. Márcia realmente escreve muito bem e tem segurança em sua escrita.
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Feng Huang 04/06/2023

Eu não sou o público alvo, mas é bom
O livro fala sobre o complexo do vira-lata, trata de assuntos como a humilhação brasileira e os brasileiros sempre se acharem inferiores em relação a outros países, mas não é só isso cerca de 70% do livro é uma introdução trazendo algumas analogias e comparações, para no final concluir tudo em um capítulo falando do complexo.

Traz muitas reflexões importante e o livro foi muito importante pra mim porque estou lendo alguns livro pra minha redação do ENEM.
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Amanda.Contiero 27/10/2022

Leitura importantissima!
Que trajetória incrível a autora traça em torno dos nossos processos sócio históricos. Gostei bastante das análises! Vale a pena refletir junto!
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baracho.rodrigo 17/12/2021

Interessante
Interessante o conceito do Complexo de Colombo, não conhecia. Entendi que passamos por vários capítulos para explicar alguns raciocínios básicos, o conceito do Complexo de Vira Lata foi o último. Achei uma leitura picotada, talvez devesse ter lido um capítulo por dia... Rs
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Eduardo Santos 07/02/2022

Tras belas reflexões sobre o estado de vida contemporánea brasileira, de escrita simples e com conteúdo bastante denso.
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estante.da.gabi 10/12/2021

Complexo de Vira-lata
De forma bem resumida, o livro traz uma proposta de explicar o porquê de nós, brasileiros, nos submetermos a posições inferiores em relação àquilo que vem da Europa e dos EUA: o chamado Complexo de Vira-lata.

A autora do livro, Márcia Tiburi, afirma que essa nossa ?autoinferiorização? (se me permitem o neologismo) é um produto do intenso processo colonial pelo qual fomos submetidos nesses mais de 500 anos de invasão europeia. Passamos, então, por um projeto político para fazermos com que nós nos entendêssemos como povos cultural e intelectualmente inferiores aos demais (leia-se aqui os europeus), o que nos coloca em um espaço aparentemente eterno de submissão ao que vem de fora.

Além disso, para autora, nós, produto da miscigenação (palavra bonita para suavizar que somos descendentes do estupro do negro e do indígena pelo branco), nos vemos ocupando um não-lugar: não somos considerados indígenas, africanos e muito menos podemos ser considerados europeus. Então, o que somos? O que é ser brasileiro? Qual é a nossa identidade?

Por esse motivo, fica mais fácil para aqueles que têm o poder de se apropriarem desse falta de identidade, a fim de reproduzir o pensamento colonial de superioridade de raça, conhecimento, língua e de outras formas de desigualdade. Então, para a autora, encontramos um discurso que prioriza aquilo que vêm de fora e desvaloriza a criação de sujeitos que reflitam sobre sua própria história e identidade. Isso é o que Tiburi define como ?humilhação?, algo que existe desde o período colonial e encontra formas de se atualizar até a contemporaneidade.

Esse é um livro que levanta pautas muito pertinentes para compreendermos o porquê de termos esse complexo de vira-lata e de que forma ele foi construído através daquilo que Tiburi define como humilhação.

O único ponto negativo que identifiquei e que vale a pena ressaltar é que o livro faz o uso de termos muito acadêmicos e nem sempre os define, o que dificulta a realização de uma leitura mais fluida e que seja acessível ao público em geral. Mas nada que uma pesquisada no Google ajude!!
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Klebto 27/01/2024

Pequeno e Difícil
Gosto de livros que me fazem pensar, menos aqueles que me dispertam o sentimento de "acaba logo, pelo amor de deus"
A escrita é um tanto academica quanto opinativa. As referências quebraram grande parte da leitura, principalmente porquê nunca li Hamlet ou Édipo, era desgastante esses capítulos. Pra um público leigo, fica ruim de ler.
Em geral, eu gostei por me fazer pensar e das análises.
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@pedroliterario 07/12/2022

Muito acadêmico.
Quem nunca falou que o Brasil e o brasileiro tem complexo de vira-lata? Atribuída ao dramaturgo Nelson Rodrigues, a expressão quase clichê de nossa sociedade ganhou um livro só pra ela com a proposta de explicar esse traço tão explícito da personalidade brasileira.

Sempre que leio um livro ?técnico? me questiono o quão acessível ele é para os leigos e para a população em geral. Apesar da boa fundamentação da autora, Márcia Tíburi, ?Complexo de vira-lata: uma análise humilhação brasileira?, peca pela burocracia da linguagem ora acadêmica, ora opinativa.

Com texto árido e duro, lemos a dissecação e revisão dos complexos de Édipo, Hamlet e Colombo como base fundamental para compreendermos o nó de marinheiro que é a sociedade brasileira - e nossa postura de criaturas humilhadas e subalternas, sempre em busca de parentescos fantasiosos, e até fictícios, com uma Europa distante.

Se o livro se pretende mais acadêmico, sobram comentários por vezes vazios, baseados em lugares-comuns ditos por aí. Por exemplo, na página 168, qual a função em dizer que sujeitos éticos estão ?cada vez mais raros entre nós?? Compartilho da percepção da autora, mas não posso afirmar que seja uma verdade absoluta.

Ao final, temos o pote de ouro que dá nome ao livro: a análise e explicação do conceito do complexo de vira-lata. Senti falta de um espaço maior para teorizar sobre ele, mas a costura é bem arrematada e, ao terminar a leitura, fico com uma sensação de reconhecimento e consciência. É um livro importante, necessário, mas chato e pouco propositivo em termos práticos.

?? Nota: 3,5 de 5
? Páginas: 196

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Rafael M. 14/12/2022

A inexistência do eu.
Já havia lido outro livro da autora, mas não tinha gostado muito.

Nesse nós podemos tirar uma reflexão sadia sobre a nossa posição como sociedade e indivíduos que se inserem nessa realidade.

Nossas inseguranças, incertezas e vícios, quando tratamos da nossa importância quando nos deparamos com o outro

Uma boa leitura para questionar algumas teses, caminhar sobre expectativas do que queremos ser, pensar sobre conflitos existenciais, entre outras coisas que deixo para quem quiser ler a obra.
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Pedro.Montanari 03/01/2022

Ótima reflexão com valor de releituras
O livro traz muitas reflexões tanto interessantes quanto pertinentes e que, acredito, vão continuar atuais durante muito tempo. Gostei muito de como o livro apresenta como o processo de colonização ainda deixa seus resquícios - algo que é senso comum para muitos, mas de maneira abstrata ou mesmo rasa - e como esses resquícios se perpetuam nos pequenos gestos do dia a dia. Acredito que pela primeira vez tive noção do 'real' impacto que a colonização teve nos povos amefricanos - os habitantes nativos de Abya Yala (o continente americano, como descrito pelo povo Kuna) e os africanos trazidos como escravos - e de como estamos expostos a diferentes tipos de violência (por meio da humilhação) que muitas vezes não percebemos.

Acredito que seja um ótimo livro para se voltar a cada certo tempo de modo a refazer reflexões. O livro em si é curto e pode-se ler relativamente rápido. Encontrei dificuldade em algumas passagens do livro, tanto pela linguagem quanto pelo conteúdo (o motivo de eu ter dado 4 e não 5 estrelas), algo que alguém mais habituado às disciplinas de história/filosofia/sociologia provavelmente não encontraria no mesmo grau que eu. Embora o livro seja escrito de modo que os capítulos sirvam de base para as construções teóricas que vão se seguindo, acredito que seja possível ler alguns capítulos separadamente sem muita perda.
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