O parque das irmãs magníficas

O parque das irmãs magníficas Camila Sosa Villada




Resenhas - O parque das irmãs magníficas


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Mari Pereira 12/03/2022

Um livro interessante, poderia ser melhor
Tanto frisson se fez em torno desse livro, como se ele descortinasse todo um mundo, que há tempos queria lê-lo. Comecei a leitura com avidez, esperando encontrar ali os motivos de tantos elogios.
Não tenho dúvidas do quão importante é tratar o tema da transexualidade na literatura, do quão relevante é dar lugar para que essas histórias sejam contadas. Quanto a isso o livro cumpre bem o seu papel.
Mas, tirando a euforia de ver um tema tão pouco tratado sendo abordado em um livro de relativo sucesso, não tenho outros elogios.
Não gostei da escrita, que tem uma fragmentação confusa que me parece sem propósito. Discordo bastante de alguns argumentos colocados pela autora ao longo da narrativa, o que pra mim tirou bastante do brilho do livro. E achei a exploração do "realismo mágico" pouco convincente. Me pareceu que foi algo mais usado por conveniência, numa lógica utilitarista, para amarrar o enredo, do que algo que foi explorado em profundidade.
Em geral, o enredo não me envolveu e não me convenceu.
Se por um lado é uma obra importante por sua representatividade, por outro lado, definitivamente, representatividade não é suficiente para sustentar um (bom) livro.
FlorCavalcanti 17/03/2022minha estante
??????????


Boz 18/03/2022minha estante
Ainda não li, mas também ouvi muitos elogios. Quando eu terminar, volto para dizer se concordo. ?


Mari Pereira 19/03/2022minha estante
Volta sim Cícero!


Marcelo 19/03/2022minha estante
Começo hoje a leitura, mas com uma sempre desconfiança que se pauta exatamente no que você diz no final de seu texto: "representatividade não é suficiente para sustentar um (bom) livro." Aliás, como ser pensante, e que por isso desconfia de tudo e de todos, tenho a impressão de que, na atualidade, confunde-se representatividade com talento. Entretanto, como há bons artesãos das palavras, independentemente de seu posicionamento político, vamos à leitura. Ao final, volto para compartilhar minhas impressões.


Boz 27/03/2022minha estante
Terminei agora o livro Mari. Tenho que dizer que gostei kkk.
No entanto algumas coisa não me agradaram. Achei a narrativa fragmentada pouco hábil, em alguns momentos parece haver cortes bruscos. Achei a relação com a familia e infância pouco explorada. Alguns personagens aparecem numa página para depois sumirem de vez duas páginas a frente, sem tempo de criarmos alguma empatia. As histórias de algumas personagens secundárias ficam num limbo temporal, sem sabermos onde cada uma se encontra na evolução/transformação da protagonista.
Mas fora isso. Eu gostei.
Kkkk


Mari Pereira 27/03/2022minha estante
Que bom que você gostou Cícero!
Pra mim, esses deslizes narrativa falaram mais alto e acabaram por impactar negativamente a minha experiência.
Se junta a isso o fato do livro não acrescentar nada de muito novo a quem conhece minimamente o debate sobre gênero, sexualidade e a realidade trans. Na verdade, até me incomodou algumas questões colocadas no livro, como a impressão da prostituição como caminho/destino inevitável...


Boz 28/03/2022minha estante
Sim. Eu não sou especialista no tema e confesso que algumas passagem me impressionaram bastante.
Já a questão da prostituição como inevitável, eu entendi que a autora não quis dar um exemplo de superação individual - da qual ela seria um -, para deixar marcado o aspecto social de tal caminho. Que além das oportunidades de trabalho serem praticamente zero, a repulsa, o ódio e a invisibilidade a que são sujeitas as travestis, as leva a ver na prostituição o único ?espaço? para serem elas mesmas.
Desculpa o Textão rsrsrs


Mari Pereira 28/03/2022minha estante
Eu entendi que ela escolheu esse caminho também Cícero... Mas fico pensando se podemos seguir sempre nessa generalização da prostituição como único espaço para a população trans sabe... Isso me deixou um pouco incomodada...
Mas isso tbm ultrapassa o livro. O importante é não deixar de refletir sobre o tema...


Mariana Laly 17/07/2022minha estante
Estava esperando acabar pra vim aqui me meter na conversa. Rsrs
Senti um desconforto com a escrita também, fragmentada, como vocês falaram. Não sei se proposital, mas tive a sensação de que era como se conversasse com alguém e ia contando a medida que as memórias chegavam. Ao longo da leitura, fui me acostumando.
No geral, gostei do livro, embora me sinta um pouco estranha em "avaliar" autobiografias... Rs


Mari Pereira 17/07/2022minha estante
Ah, sim Mariana. No caso, pra mim, não ser trata de julgar a história ou a vida da autora. Mas de opinar sobre a forma como ela decidiu contar essa história e os argumentos que ela mobilizou para, de certa forma, legitimar suas afirmações.
Realmente eu não gostei muito do livro. Acho importante? Acho. Me tocou? Não. Leria novamente? Não também.


Mariana Laly 18/07/2022minha estante
Sim, sim, entendi o que você quis dizer. Perfeitamente. Estava me referindo à dificuldade que eu tenho, não à sua análise. Aliás, foi a sua resenha que me fez voltar aqui para comentar. Rs




Ana Sá 29/04/2024

As travestis e as infâncias
Neste livro, a escritora argentina Camila Sosa Villada nos entrega uma espécie de autoficção que tem como eixo as experiências e os laços estabelecidos entre travestis que trabalham no Parque Sarmiento, no coração de Córdoba. As histórias dessas "irmãs magníficas" com a prostituição mesclam-se às memórias da narradora Camila sobre a descoberta de sua própria identidade de gênero e sexualidade. A meu ver, o diamante da narrativa é anunciado pelo acontecimento-chave dos capítulos iniciais: Tia Encarna, figura acolhedora que deixa sua pensão sempre aberta às travestis da região, adota (informal e corajosamente) um bebê que fora abandonado no Parque Sarmiento. O nome desta criança não poderia ser mais bonito: "O Brilho dos Olhos".

A questão das infâncias, no plural, realmente me chamou a atenção. A narradora sofre em sua infância e adolescência por não se adequar aos padrões de gênero... Tia Encarna enfrentará uma dura batalha para criar Brilho justamente porque a sociedade não consegue associar a "pureza" da infância às travestis... E eu, quando menos esperava, também me vi revisitando minha infância! Rogéria, Vera Verão, Roberta Close... Como as travestis ou mulheres trans fizeram parte da criança que eu fui?

Silvio Santos, com seus erros e acertos, foi o responsável por me apresentar ao mundo das travestis. No famoso "Show de Calouros", lá estavam elas, lindas e exuberantes, dublando e dançando. Eu assistia ao programa com a minha mãe, que adorava essas performances, e me lembro muito bem de o Silvio se referir a elas como "artistas". Minha mãe não era o que poderíamos chamar de "progressista", mas ela adorava e compartilhava comigo o mundo das travestis tal qual ele aparecia no SBT da década de 1990. Quando a Rogéria ("a travesti da família brasileira") abria a boca para falar, a nossa casa ficava um silêncio. Com a Vera Verão na "Praça é Nossa" (com todos os problemas que hoje podemos identificar no humor da época) era o contrário, uma chuva de gargalhadas! E tinha ainda a Roberta Close, mulher trans, sobre quem a minha mãe não cansava de repetir "nossa, ela é linda!". Artistas, bonitas, engraçadas, inteligentes. Parece fantasioso demais, mas pra uma criança que assistia àqueles programas ao lado de uma mãe tão entusiasta de tais figuras, ficava uma imagem ingenuamente positiva das travestis. Isso, claro, até o dia em que a travesti saiu da TV...

Minha mãe me buscava no fim do dia na escolinha e a gente voltava a pé pra casa. Como ela precisava passar vez ou outra numa quitanda ou num mercado (que, na época, aceitavam Tele Senas vencidas como pagamento, vejam só!), acontecia de anoitecer e a gente estar na rua. Certo dia, ela mudou o caminho por alguma razão e eis que no meio do trajeto, numa esquina escura, eu começo a avistar algumas pessoas paradas... "Mãe, mãe... São as travestis, são as travestis!!", disse eu fascinada e feliz! De imediato, minha mãe apertou o meu braço, abaixou a cabeça e disse "Fica quieta, menina, anda logo e fica quieta!". Eu e as travestis percebemos que minha mãe estava com medo. Da minha parte, foi uma confusão só... Na minha cabeça, eu só me perguntava: "Ter medo de artistas tão bonitas, por quê?". Da parte das travestis, houve uma generosidade de dizerem algo do tipo: "Boa noite, bonitinha! Boa noite, mamãe, pode relaxar!". O resto do caminho fizemos em silêncio. Fiquei sem entender por que na TV elas eram nossas amigas, mas nas ruas se tornavam uma ameaça estrategicamente ocultada na penumbra. Uma ameaça igual às Irmãs Magníficas de Córdoba...

"Os jornais e a televisão diziam que, com a nova iluminação do Parque, acabariam a delinquência e a prostituição. Para mim sempre pareceu que nos viam como baratas: bastou acender a luz para que todas saíssemos correndo".

O livro de Camila Sosa Villada me fez entender com profundidade o apertão que levei da minha mãe naquela noite, me fez entender por que não é suposto que uma criança expresse "O Brilho dos Olhos" ao se deparar com uma travesti. Camila, autora e narradora, se mostra atenta às minúcias sociais e afetivas do processo que varre as travestis pros cantos escuros das cidades. Essas travestis que já foram crianças, essas travestis que cuidam, essas travestis que amam... Mas essas travestis que recorrente e violentamente são impedidas ou até proibidas de viverem ou sentirem tudo isso.

Apesar de ter sido impactada pela obra, não dei uma nota de leitura muito alta porque a prosa poética de Camila me cansou um pouco (ando cansada desse tipo de escrita no geral, virou questão de gosto mesmo), e também porque, pontualmente, senti falta de uma melhor articulação nas idas e vindas das narrativas do passado. Feitas essas ressalvas pessoais sobre o estilo, posso dizer que guardarei esta leitura num lugar muito especial dentro de mim, tanto pela boa construção de suas personagens quanto pela originalidade do enredo.

"Por maioria, escolhemos chamá-lo de O Brilho dos Olhos. E convinha muito bem chamá-lo assim, porque Tia Encarna e todas nós, na verdade, recuperávamos o brilho no olhar quando estávamos com ele".
Débora 29/04/2024minha estante
Resenha magnífica!!!??


Kamyla.Maciel 29/04/2024minha estante
Maravilhosa a resenha!!! Que delícia é te ler!


Vania.Cristina 30/04/2024minha estante
Amei a resenha! Também tenho essas e outras recordações das travestis televisivas. Elas estão presentes na nossa mídia até mesmo antes dos anos 90.


Paloma 30/04/2024minha estante
Excelente resenha! E seu relato pessoal tornou ainda mais palpável a narrativa do livro, que ouvi em áudiolivro ano passado. Gostei da experiência, apesar do peso da narrativa.


Pablo Paz 30/04/2024minha estante
Mais uma resenha padrão Ana Sá.


Yasmin V. 30/04/2024minha estante
Que resenha linda, Ana!! ??


Dani 30/04/2024minha estante
Mas vc escreve bem hein mulher! Parece que estava lendo um dos seus contos! ?


Cleber 30/04/2024minha estante
Adoro passar por aqui e ler suas resenhas incríveis.


Ana Sá 01/05/2024minha estante
Os comentários de vocês foram como um abraço pra mim! Fiquei muito feliz, pois neste texto revisito memórias que gostei de resgastar, é bom ver que elas fazem sentido pra mais alguém! Obrigada! ?


Carolina.Gomes 01/05/2024minha estante
Amei, Ana! Gostei desse seu olhar sobre o livro. Confesso que não gostei muito da leitura, mas valeu a pena ter lido.




spoiler visualizar
Vitoria 18/06/2022minha estante
Que bela resenha!


Rafa 20/06/2022minha estante
Cara, sim! Esse livro é um retrato sensacional. Inclusive, não consegui ler sem criar parâmetros com "Veneno", da HBO. Pra dar mais uma mergulhada neste universo, vale demais assistir!


Rick Shandler 21/06/2022minha estante
Rafa, curti a dica. Vou ter que ir atrás!!!


Rayane Flores 26/06/2022minha estante
Rafa, também me lembrou um pouco pose da Netflix. Sobre a questão da comunidade que elas mantinham na pensão da Tia Encarna.




Vania.Cristina 20/11/2023

Autobiografia, lugar de fala e realismo mágico
Livro que tem muito de autobiográfico, mas que, ao mesmo tempo, é obra de ficção. À princípio temos a história da protagonista Camila, que veio de uma pequena cidade do interior da Argentina para estudar Comunicação na cidade grande. Camila nasceu menino, mas desde pequena gostava de se vestir de mulher. Os pais não entendiam a criança, o pai bêbado reprimia, a mãe submissa se omitia. E a pobreza atormentava a todos.
Anos depois, na cidade, Camila passa a levar vida dupla, de dia é o estudante universitário tímido, um rapaz para seus colegas e professores, mas à noite vira Camila, a travesti, e se prostitui no Parque Sarmiento, para pagar as contas.
O livro é narrado pela perspectiva da protagonista, mas traz uma série de pequenas histórias sobre as vidas das personagens secundárias: prostitutas, travestis, clientes, namorados, companheiros, abusadores... Aos poucos, e ao mesmo tempo que Camila vai encontrando e convivendo com essas pessoas, nós também vamos conhecendo suas histórias.
Algumas delas são delicadas, outras tratam de abuso extremo. Algumas são românticas, outras violentas. O livro todo é repleto de poesia, mas também de cenas escatológicas. Há histórias que falam de miséria, AIDS, conflitos familiares, solidão, depressão... Outras são sobre alegria, festa, acolhimento, feminilidade, comunhão...
O que moveu a atriz e jornalista Camila Sosa Villada a escrever esse livro, foi a atitude de um fã anônimo, que recuperou um antigo blog que ela escrevia nos tempos de estudante e o qual tinha deletado quando virou atriz. Deletou para apagar seu passado, mas uma vez que o releu, encontrou as histórias de suas irmãs e entendeu que devia a elas, e a si mesma, o reconhecimento dessas histórias.
Legitimada pelo seu lugar de fala, Camila Sosa Villada faz um retrato sincero desse mundo peculiar, cheio de contradições e injustiças. Mas o que surpreende é que a autora faz uso também do realismo mágico, porque talvez a realidade não seja suficiente para descrever o que eram e como viviam as irmãs magníficas.
P.S. Reparem como o título brasileiro é muito mais interessante que o título original.
Débora 21/11/2023minha estante
Que resenha maravilhosa!!!????


Pri.Kerche 21/11/2023minha estante
Adorei a resenha!!


Silvia Cristina 21/11/2023minha estante
Parabéns pela bela resenha


Vania.Cristina 21/11/2023minha estante
Obrigada Débora, Priscilla e Silvia! Fiquei feliz ?




Iva Ulisses 10/04/2022

Porrada na boca do estômago
O que mais me chamou atenção é a maneira como Sosa escreve, nos conta episódios de tanta dor de forma poética. E a vida no parque das irmãs magníficas não é poética... nem lá e nem cá.
"Quando uma porta se fecha, uma janela se abre, mas é preciso ser muito ágil para entrar ou sair pela janela."(p55)
"Um dia desmaei na rua...caíra em cima da bosta de cachorro e ninguém me levantou..."(p58)
"Perguntaram como era ser travesti num povoado, e respondi que era fatal, que equivale a morrer, mas que não existe nada tão alucinante no mundo..."(p75)
"Passarei muitas noites rezando para que, ao despertar, a vida seja outra, para que o dia seguinte seja diferente..." (p88)
Ana 10/04/2022minha estante
não esperava tanto quando comecei, aí parece que o livro vai "crescendo" e preenchendo tudo dentro da gente.... Bem que vc me disse pra ficar preparada para ler escritoras latinas kk


Iva Ulisses 11/04/2022minha estante
Ana, um pouquinho, só um pouquinho conheço do cotidiano, não das travestis, mas das prostitutas "mulheres". Quando era criança morava na rua de um Cabaré, bem... muitas das brincadeiras nossas(turma) eram dentro do terreno delas... já aprendiamos sobre como era difícil aquela vida, mas tb tinha muita alegria. Era um mundo muito doido.


Iva Ulisses 11/04/2022minha estante
"aprendíamos"




Fabiana.Amorim 07/01/2023

Magnífico
A minha primeira lembrança de uma travesti, é de alguém me cutucando, rindo e apontando "olha o travesti!". Que coisa terrível. Passar para uma criança a ideia de que é permitido rir de alguém que foge ao "padrão" heteronormativo. Talvez me falhe a memória, mas aquilo me incomodou. Por que eu deveria rir? Qual é a graça? Hoje percebo o tamanho da ignorância de quem buscou na inocência infantil uma cumplicidade para essa pequenez de espírito.

Lendo Camila vejo como é sofrido ter sempre todos os olhos voltados para você, ser quase sempre alvo de risos e comentários desrespeitosos. Que mal que as pessoas causam às outras com a sua hostilidade e incompreensão da grande diversidade que é ser humano.

Agradeço a todas estas vozes que não se calam e que nos fazem enxergar o outro com mais compreensão. Entender sempre, não julgar e aceitar que cada um vive como quer. E quem não puder ajudar que ao menos não atrapalhe. Leiam. Estudem sempre.
Lorena219 07/01/2023minha estante
??????


Lorena219 07/01/2023minha estante
Que resenha maravilhosa ?!


Fabiana.Amorim 08/01/2023minha estante
Obrigada ?




Carla Verçoza 13/07/2021

O Parque das Irmãs Magníficas é aquele tipo de livro que, quando iniciada a leitura, fica difícil de largar. Um absurdo de bom e importante!
A prosa da Villada é forte e lírica. O livro, que mistura autobiografia com ficção e fantasia, conta a história de várias travestis, que formavam uma irmandade e trabalhavam durante a noite no Parque Sarmiento. Mulheres que procuram sobreviver tendo o direito de serem quem são.

"O que mais me dói é o meu próprio rancor. Enfurece-me tanto que o transformo em tudo: o alívio em tensão, a cortesia em maus-tratos, a franqueza em falsidade, a dor em raiva."

A violência que sofrem, o amor e cuidado entre elas, a carência de afeto, de amores, a constante raiva de tudo, a força e a alegria de serem quem são.

"A vida travesti: um ano delas equivale a sete anos "normais"."

O elemento fantástico parece vir como um alívio entre tantas coisas pesadas, como a transformação de uma delas em pássaro, após uma vida sendo alvo de todo tipo de violência, uma forma de se libertar desse sofrimento.
Algumas partes chegaram a me arrancar lágrimas, mas também possui momentos de alegria.

"Virei travesti porque ser travesti é uma festa"

Leiam!

"Partir de todos os lugares. Isso é ser travesti. (...) Naquele último instante em que o bicho ganhou a guerra, estaria preparada para encarar sua infância? Para morrer, é necessário preparar a casa, receber o menino que soubemos ter sido. Saber lhe pedir perdão por tanta traição cometida, por tanta mentira, por tanta sistemática decepção, pelo rumo perdido, por tanta beleza passada por cima."
Vinícius 13/07/2021minha estante
Interessei ?????


Carla Verçoza 13/07/2021minha estante
É bom demais!




Lua 24/01/2023

Cruel
"O parque das irmãs magníficas é esse tipo de livro que, quando terminamos de ler, queremos que o mundo inteiro o leia."

Uma história magnífica e pesada. É uma realidade cruel, angustiante, que está ao nosso redor e muitas vezes ignorarmos. É uma leitura que nos pega, que nos deixa triste, com aquela sensação que precisamos fazer mais.
Nando.Costa 24/01/2023minha estante
Irei ler depois.


Margô 10/02/2023minha estante
Bem assim Lua!
A vida das travestis está longe de ser purpurina e paetês...eu gostei muito da leitura! É como se trouxesse um mundo para nosso mundo! Pesado...mas necessário. Eu também recomendo ??




Mariana Dal Chico 27/04/2022

“O parque das Irmãs Magníficas” de Camilla Sosa Villada, foi o livro escolhido para o mês de abril no Leia Mulheres Jundiaí, Publicado pelo selo tusquets em 2021 que me enviou um exemplar de cortesia.

A narrativa envolvente da autora mescla autobiografia, ficção e tem uma pitada de fantástico. Mas atenção! É um tipo de fantasia que não rouba o protagonismo e pode ser lido como metáforas/simbolismos se você não as levar ao pé da letra. Acredito que o elemento fantástico não deva ser um fator decisivo para a escolha, ou não, dessa leitura.

Meu ritmo de leitura foi intencionalmente lento, muitos temas são levantados (violência física, psicológica, hipocrisia, rejeição familiar, amizade, irmandade, comunidade), há muita tristeza e isso fez com que eu precisasse de um respiro entre um capítulo e outro. É o tipo de livro que você sabe que vai acabar em tragédia, mas quando ela chega, é pior do que você havia imaginado.

Ter um vislumbre de como pode ser o quotidiano das travestis foi uma experiência muito reflexiva, ao mesmo tempo que minha cabeça estava tentando processar a tristeza de alguns fatos - não fictícios -, meu coração se enchia de coragem e orgulho ao perceber o quão fortes, vibrantes e resilientes essas personagens são.

O que mais me marcou foi o sentido de coletividade, no grupo elas se ajudam, cuidam umas das outras, ensinam. Mas como tudo na vida, há um momento de ruptura, laços começam a ser desfeitos e é aí que o mal consegue alcançá-las, de forma individual, porque quando juntas, elas são imbatíveis.

Leitura mais que recomendada e deixo a dica de assistir a apresentação da Camilla Sosa Villada no TEDX após finalizar a leitura.

site: https://www.instagram.com/p/Cc3t8Kwrn4h/
Pâm 29/04/2022minha estante
Perfeitamente resenhado, Mari!


Aline 23/09/2022minha estante
Fiquei com vontade de ler. ?




Monique | @moniqueeoslivros 12/03/2022

Las Malas
{Leitura 11/2022 - ?? Argentina}
O parque das irmãs magníficas - Camila Sosa Villada

Uma história de amizade, de autoaceitação, de preconceitos e de batalhas. Em O parque das irmãs magníficas, acompanhamos a história de Camila, que nasceu Cristian mas que nunca se reconheceu como menino.

Com a infância e a adolescência vividas entre a força de ser mulher e a não aceitação dos pais, Camila deixou sua cidade pequena para fazer faculdade e sobreviver por conta própria. E é com outras travestis em um parque de Córdoba, que ela vive a sua história.

Esse não é um livro fácil de se ler, apesar de ser belo na sua dor. É uma história de preconceito e de luta, de pessoas que desejam ser como são. Nada mais. Mas o ser humano enquanto sociedade tem uma baita dificuldade de entender o que lhe é diferente, e ao invés de trabalhar isso em si, acha melhor julgar o seu próximo. Freud está aí pra nos lembrar que isso é Psicanálise.

A morte e a vida andam de mãos dadas nesse livro. Pessoas vêm e vão, e Camila conta a sua história e a história das outras mulheres que dividem a praça com ela nas madrugadas argentinas. E é interessante perceber que a figura do pai não a abandona. Está na lembrança do medo, de preferir o filho morto a travesti, no cheiro do álcool e loção de barba baratos, até mesmo na frente do espelho.

Esse é um livro sobre ser e existir no mundo, não ser invisível aos olhos dos outros, mas principalmente, não ser invisível para você mesmo. Um processo de autoaceitação contínuo, e que, para isso, você precisa sobreviver ao caminho e às pedras que os outros, preconceituosamente, vão jogando.
Ricardo.Silvestre 12/03/2022minha estante
Obrigado por essa resenha.
Fiquei curioso.
Continuação de boas leituras.


Monique | @moniqueeoslivros 12/03/2022minha estante
Ahh, eu que agradeço seu comentário. Espero que goste da leitura!




Mateus.Caixeta 11/02/2023

Esse Livro é Um Brilho nos Olhos
Tem livros que me trazem tantos sentimentos, que eu quase nunca venho aqui fazer uma resenha. Por motivos de não saber como me expressar em palavras e não me sentir apto de transmitir ou até mesmo indicar a obra de uma forma coerente. Mas eu preciso tentar fazer isso com esse livro, porque todos deveriam ler uma obra tão bem feita e construída. Já nesse começo, digo e repito, LEITURA OBRIGATÓRIA. É um assunto que está bem longe do meu local de fala, mas é sobre bom tentar consumir e até apreciar obras com diferentes representatividades, ainda mais sendo uma luta importante e deveras marginalizada. É um livro cru da maneira que eu gosto, sem rodeios, sem mascarar a realidade (mesmo que tenha uma pitada de realismo mágico).

O que eu mais gostei desse livro foi justamente da forma que foi narrada, mudando os pontos de vista e falando de tantas mulheres trans, ainda sim englobando todo o grupo. As micro histórias de determinadas personagens, que mesmo em 5 páginas, já trazem uma bagagem pro livro que cai como uma luva. Até mesmo as narrativas principais que conseguem brilhar sem apagar durante o livro todo.

Foi um livro que foi me destroçado aos poucos, digo isso pela "bolha" que muitas das personagens tem que viver. A venda abusiva de seus corpos para conseguirem se sustentar, o quanto de dia, para serem "aceitos, elas têm que se desconstruir novamente para serem inseridas na sociedade. As rondas incessantes da polícia que as tratam como uma infestação, além dos homens que as abusam de todas as formas possíveis. O que mais machuca é a falta de liberdade, o caminho sem saída, a vala que muitas delas vivem e dificilmente conseguem sair. Dizendo isso parece meio redundante, até porque sou um homem cis, no fim das contas nem se compara com os sentimentos que uma pessoa trans ia sentir lendo esse livro, mas esse é justamente o ponto, se eu conseguir sentir tudo isso, então muitos outros também sentiram. Dói porque é real, porque mesmo que seja uma ficção, no fim das coisas é uma realidade de muitas.

Mas por incrível que pareça, uma pessoa que ama tristeza como minha pessoa, adorei ainda mais os momentos felizes. Por serem parcos, os momentos que elas se reúnem são os melhores, a cumplicidade delas e a forma como são uma família.

Falando do audiobook, pelo amor de deus, ouçam o audiobook desse livro (tem no scribd). Trouxe toda uma nova profundidade pro livro, a voz se encaixa bem demais com a história, estou encantado até agora. Fui ouvindo no caminho do trabalho e voltando pra casa, é que experiência gostosa, temperou a minha semana. Teve até um dia que estava voltando do parque, caindo o maior toro (SP como sempre odiando todos), coloquei o audiobook e fui caminhando na chuva, acabou sendo uma das melhores experiências que eu tive lendo/ouvindo um livro.

Um adendo pra Tia Encarna, MELHOR PERSONAGEM DE TODAS, eu amo essa mulher do fundo da minha alma.

Enfim, terminei esse livro que nem vaso quebrado no chão, todo destruído, mas valeu a pena cada segundo.
Bernardo :) 11/02/2023minha estante
Tive a mesma reação, é um livro visceral e muito real, eu, mesmo sendo um homem trans e me identificando com diversas coisas que ela passou, nunca havia conhecido alguém que é travesti ou mulher trans (hoje em dia, graças a psicologia e ao ambulatório da minha cidade, conheço), totalmente alienado a minha bolha de vivência como branco e classe média, a vida me lembra o quanto essa história não é realmente fictícia, essa é a realidade de muitas, milhares de mulheres que a sociedade não aceita, nas esquinas de toda cidade pequena tem uma, nas cidades grandes mais ainda, escondidas pelos becos, esse livro é um presente e cada vez que vejo alguém lendo, me sinto absurdamente feliz, normalmente as pessoas não ligam para o sofrimento trans


Mateus.Caixeta 12/02/2023minha estante
O bom de ler livros como esse é justamente sair dessa bolha, que o povo insiste tanto em continuar. Te agradeço do coração pela recomendação, devia ser um livro obrigatório.




anacmontijo 30/01/2022

Muito além de um parque
Entrar em contato com diferentes realidades é enriquecedor, e creio que a literatura é uma via que promove esse encontro de forma única. "O parque das irmãs magníficas" traz uma história crua e em muitos momentos incômoda. Camila Sosa Villada expressa as dores, rejeições e violências que permeiam as vivências de travestis argentinas, e que infelizmente se igualam às de tantas outras nacionalidades. Um elemento interessante da narrativa é que ela nos mostra essas mulheres além do estigma, através de uma escrita sensível e poética. Acompanhamos a protagonista desde sua infância até o acolhimento que ela recebe das suas irmãs de parque, comandadas pela enigmática Tia Encarna. Há muito realismo fantástico, o que pode tornar a leitura um pouco confusa, contudo é um livro muito bonito e necessário.
lucas 10/02/2022minha estante
legal que você gostou, ana!!! esse foi um dos melhores que li em 2021


anacmontijo 12/02/2022minha estante
o que tem de lindo tem de triste e cru, né? mas foi uma descoberta maravilhosa




Bernardo :) 21/03/2022

Atravessamento
Esse livro me fez rir, chorar, refletir sobre muitas coisas, o realismo mágico nele é muito bom, as travestis precisam ser ouvidas, admiradas, a infância na qual a morte do menino e a vida da mulher se dá me tocou muito, pois comigo ocorreu o contrário. A dor, a raiva, o uso de dr0gas para lidar com a vida, assim como eu já fiz quando mais novo, no auge da depressão, me atravessaram da mesma forma que a psicanálise me atravessa na psicologia. Leitura obrigatória, deve ser lido e relido.
lio 21/03/2022minha estante
força pra ti, ben. espero que você consiga "superar" tudo isso um dia. tu é grande ? (frase de véi, mas é isso)


Bernardo :) 21/03/2022minha estante
hoje em dia eu to limpo :), só convivo com a depressão e a ansiedade mesmo, ser trans melhorou muito a minha vida em alguns aspectos, percebi que preciso viver para externar quem sou, muito obrigado, charlie, de verdade




Lala 20/03/2022

"Ser travesti é uma festa"
Nesse livro, escrito pela autora argentina Camila Sosa Villada, tem-se uma mistura de relato pessoal e fantasia.

É um conto poético. No qual Camila retrata sua infância, a vida na prostituição, os encontros e desencontros com as irmãs trans, os clientes e a vida nua e crua.

O livro me tocou de uma forma única, em tantos momentos quis somente parar, e abraçar Camila, que nos seus relatos mostra que nem sempre "ser travesti é uma festa". De tanto em tanto, em algumas páginas se encontra dor, raiva, cansaço, indiferença, com uma sociedade aterrorizada com o caos e a alegria em ser travesti.

Afinal, como poderia ser diferente? Não se sabe como o amanhã a abraçará, num dia, com sorte, é uma festa, e em outro, o corpo pode estar jogado em uma vala e ser velado pelas irmãs da casa rosa.

Esse livro é daqueles que deveria ser lido por todos, nas vilas, nos becos e nas calçadas. Para que de pouco em pouco, se propague pelo mundo com sua levada de empatia.
Michel 20/03/2022minha estante
Meu próximo será esse ??


Lala 20/03/2022minha estante
Feliz com esse comentário! Que esse livro se propague cada vez mais, e mais. ??




Debora 06/12/2021

Uma temática importante
Este livro é relevante ao contar a história de travestis, seus sofrimentos, a inexistente aceitação social de suas vidas, as violências que sofrem e a raiva que sentem por tudo.
Raiva porque, primeiro, não se reconhecem nos corpos em que nasceram re, ao buscar sua essência, a rejeição total da sociedade e das famílias.
Algumas vezes a autora registra que "ser travesti é uma festa". É assim que pensa Angie, a travesti mais linda que Camila já conheceu.
Contudo, na verdade, o Parque conta histórias tristíssimas, de dor e violência. De falta de amor.
Fato que também conta da irmandade entre estas mulheres, principalmente nas numerosas vezes em que todas se reúnem e são acolhidas por tia Encarna (espanhola que fugiu do regime franquista e tem 178 anos). Mas mesmo esta irmandade se esfacela quando começa a temporada de morte das travestis.
Por isso tudo, é um livro muito relevante.
Contudo, a leitura é penosa. Não só porque a violência se repete muitas vezes, mas também porque a forma de contar, em fragmentos, muitas vezes cansa. Pra quem gosta de contos a leitura deve ser melhor. Para mim, pecou na forma
jules salazar 07/12/2021minha estante
Se for trocar, eu queroooo hahaha


Debora 07/12/2021minha estante
Hahahaha
Vou sim. Vou discutir ele na 2a e falo com vc!




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