hillo_ 28/03/2022Um livro tão comum quanto nossas vidas......que acaba decepcionando o leitor que, indo com sede ao pote, acha que vai dar a emoção que falta à sua própria vida. Inclusive, a minha.
Às vezes, nos esquecemos que a vida pode ser nada mais nada menos que normal, pacata, e isso pode ser muito, mas muito chato, e muito entediante. E é por isso que procuramos os livros (séries etc); para preencher aquela parcela de nós que exige emoção, algo diferente, algo ?radical?. Aquela parte que não teríamos coragem de preencher nós mesmos, por nossas ideias serem absurdas demais, ou que nós não gostaríamos de vivê-las realmente, por ser muito intenso.
Os livros são nosso refúgio de uma vida complicada, mas relativamente ?simples? de resolver (nada é impossível para nós humanos, por mais grave e sério que o problema seja, temos o talento nato de lidar com as complicações da vida, mesmo depois de anos passando por dificuldades e sofrimento), então é normal nos assustarmos quando um livro aparentemente não tem nada de emocionante e é só uma pessoa falando de seus problemas e de seus delírios. Nada é real, é tudo no plano do pensamento. Mesmo que um livro seja fictício, quando uma ação acontece, é muito mais real que apenas um pensamento por escrito.
Por isso até eu mesma, no momento em que acabei o livro, fiquei confusa e um pouco irritada por nada fazer sentido, e tudo que começava, não terminava. Mas depois de refletir melhor, entendi que o livro era apenas um desabafo de uma mente conturbada. Um relato tão confuso quanto aquele que o faz. E só porque alguém perdido lhe diz coisas perdidas não significa que seus dizeres são ruins, mas apenas que, para você, não são as melhores perdições.
Tirando as confusões e os começos sem fim (pois, mesmo que não tivesse plot, tinha muita coisa que a autora poderia ter desenvolvido melhor, como a relação entre Natalie e Tony ? e aliás, se Natalie realmente tinha distúrbio mental, a Tony também teria, certo?), consegui me identificar muito com a Natalie. O jeito que ela compreende que, afinal de contas, estava sozinha, e ?um é um e está sozinho e para sempre estará?, e que as pessoas não se importam realmente com o que você gosta ou com o que se passa com você, mas que isso tudo faz parte do que chamamos de crescer, e que pessoas vêm e vão, e o importante é nunca esquecer do quão importante você é, pois no final só resta você mesmo a si... O livro é sobre isso, e sobre como alguém lida com a agressão, a traição e o abuso vindo diretamente das pessoas, principalmente daquelas que você menos esperava.
No fim das contas, eu era uma Natalie esperando fugir de mim com este livro, mas só acabei esbarrando em mim mesma novamente.
E o resultado foi, de certa forma, decepcionante, mas não tira as reflexões que pude fazer com esse livro. E para deixar claro, eu queria muito, mas muito, ter gostado desse livro, mas não foi o que aconteceu. Apenas algumas identificações ali, e algumas reflexões acolá, mas como um todo não foi nada proveitoso para mim.
E é por isso que dou esta nota, que não combina nada com toda a reflexão que fiz, mas que combina com o geral, e com a vida. Pacata, às vezes extraordinária, mas nem todo dia é incrível ou intenso, e isso faz parte do viver.