spoiler visualizarIngrid752 19/04/2023
Uma das melhores sensações ao ler um bom livro, com certeza, é ser "transportada" ao cenário da história. E a Rita me fez conhecer o Alto Xingu como se estivesse "in loco" rs.
Que enredo lindo, profundo e necessário, fiquei encantada. A população indígena merece a visibilidade e a sensibilidade apresentadas por Rita nessa narrativa. E nós precisamos entender o que estamos causando no planeta e aos povos originários.
A quantidade de informações e conhecimentos que são apresentados de forma tão competente, natural e coesa através das descrições tão detalhistas e sensíveis, são surreais. A gente não dá a atenção, destaque, e cuidados merecidos à sociedade indígena, portanto é de suma importância, que haja cada vez mais conteúdos como esse, para exaltar a riqueza da cultura, mitos, e sabedorias das nossas origens.
Como se tudo isso não fosse o bastante, Rita ainda aborda de forma extremamente profunda e emotiva o luto, luto pela morte, pelas relações acabadas, pelas experiências vividas, por tudo que foi, e já não é mais.
Que maravilha é poder encontrar obras como essa, e ser transportada, provocada, sensibilizada!
Quero mais!!!
? "As aldeias circulares, com praça central e estradas radiais orientadas nas direções cardeais e para alguns pontos importantes da paisagem, indicam não apenas o conhecimento de geografia, geometria e astronomia de seus construtores, mas também estão estruturadas a partir de princípios sociais e políticos estritos. Numa aldeia, os caminhos são uma ciência: tem caminhos pra ir pra roça, caminhos pra ir pro rio, caminhos proibidos, caminhos pra namorar. Tem caminho pra se esconder e caminho para ser visto, caminho para chegar e caminho para sair. Pode-se pensar neles como uma gramática do espaço: aprender a andar é aprender a falar. Ou calar."
? "Será que essa Terra Preta, com seu pH quase neutro a contrastar com a ácida terra amazônica que a cerca e que tudo dissolve, conservará algum traço nosso quando partirmos? Nós, com certeza, vamos impregnados dela"
? "Por aqui dizem o contrário da cidade, o que nós temos em comum com os animais é a humanidade; a ferocidade foi a onça que herdou dos humanos."