Julia 10/07/2021
Por que devemos valorizar mais livros nacionais que se passam no Brasil.
Quando tinha 15 anos, fiquei encantada ao ler Fazendo Meu Filme da Paula Pimenta. Primeiramente porque aqueles personagens tinham a minha idade, lidavam com desafios, desconfortos e sentimento que eu também sentia. E porque eles andavam por uma cidade que conheço tão bem quanto a palma da minha mão: Belo Horizonte.
Os anos passaram, eu cresci, mudei para BH e vivi a capital mineira durante 6 anos. Conheci cada cantinho da Praça da Liberdade, me escondi na Livraria do Pátio Savassi e, principalmente, eu amadureci. Assim quando comecei a ler QEME, todos estes sentimentos voltaram com uma intensidade ainda maior. "Quando eu me encontrar" é um livro que te faz sentir acolhido, familiar e compreendido. Se você se encantou com Paula Pimenta na adolescência, vai se apaixonar por QEME nesses mesmos detalhes.
Mas não vai achando que este livro é sobre um romance fofinho. QEME é um drama, intenso, divertido e fundamental. Lili se formou em jornalismo e, como muitos nos nós nos 20 e alguma coisa, não faz a ideia de como lidar com o mercado de trabalho. Mas, assim como muitas mulheres, Lili descobriu que seu relacionamento de tantos anos foi um relacionamento abusivo. Tomás não era o príncipe que havia lhe prometido. E ela não era uma princesa que precisa ser resgatada.
Após o rapaz terminar com ela por uma mensagem de texto, Lilian começa a enxergar, com a ajuda da sua família e amigos (o chamado grupo de apoio) o quanto ela estava longe de si mesma e envolvida em um relacionamento abusivo. A busca que a personagem faz sobre quem ela é e quem ela quer ser é impossível não se identificar. Assim como se apaixonar pelos seus amigos e desejar também ter um grupo tão unido ao seu redor.
E, é claro que temos um romance. Mas, apesar do garoto misterioso nos conquistar, Felipe não está ali para ser o cavalheiro no cavalo branco. Pelo contrário, ele é humano, erra e também precisa lidar com seus próprios dilemas.
QEME é um livro sobre pessoas reais, em situações reais que te faz identificar com cada um dos personagens. É uma história que poderia acontecer comigo ou com qualquer outro leitor.
E essa é a genialidade desse livro.
Se com quinze anos eu me encantei por Fazendo Meu Filme por seu conto de fadas tão próximo da realidade, com quase vinte e cinco eu me encantei por QEME por ser a minha vida. Por me ver pelas mesmas ruas, pelos mesmos dilemas, mesmos medos. Por entender que tantas mulheres passam pelo que a Lili enfrenta e que eu poderia ser uma delas. Por entender como meus amigos são tão importantes, mesmo que às vezes a distância.
No meio da pandemia, encontrei em QEME conforto. E, por isso, preciso agradecer a Ju por compartilhar essa história com a gente.
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