Jonscythe 12/05/2023
Riso, dor da saudade, vida
Eu nunca ri tanto com um livro e, ao mesmo tempo, há tanta saudade nas palavras. De quando era criança, de quando seu pai ainda lembrava de você, do seu filho que vai crescendo, deixando de depender tanto de você. Mas o coração fica e as lembranças do café da manhã voltam, e o peito aperta.
Já virou um dos meus favoritos. O capítulo 33 está no meu coração.
"Aí ele tirava a mão, eu sorria ao vê-lo e ele gritava, feliz: Tô aqui! Uma vez ele tirou a mão e eu, de brincadeira, não disse nada, apenas olhei para um lado , para outro e disse: Ué, o Martín sumiu... Ele ficou tão desesperado que começou a chorar. É esse desespero e essa vontade de chorar que eu sinto.
"Papai está esquecendo de mim, mas às vezes lembra de você e me pergunta onde você está. Eu queria responder, mas aí lembro que as coisas não são para sempre e que isso a gente descobre da maneira mais dolorosa."
"É preciso aprender, nas bibliotecas, nos sebos, em casa, que nem tudo é descartável, nem tudo perde valor com o tempo. Vale para os livros , vale para as pessoas, vale para a vida."
"Talvez tenha sido só isso, uma incrível coincidência. Talvez, encontrar o seu quadro do outro lado do mundo tenha sido a resposta que ele me deu, ao seu modo, sobre o que é ser pai: deixar aos filhos a sensação de que nunca estarão sozinhos, de que sempre, de alguma maneira, estaremos presentes. Ali, no lugar mais distante e improvável, ele me deu a mão. Mostrou que, por pior que fosse a situação, tudo ia terminar bem."