Caroline Meirelles 26/09/2022Tem que ter estômago (e muito psicológico)AVISO DE GATILHO: pedofilia, abuso sexual de menores, abuso físico de menores e adultos, homicídio, abuso de drogas e álcool, automutilação. O livro se passa em 2021, então faz várias menções à pandemia também. Se for algo que te incomoda, não leia.
Então... como começar? Com uma lista de gatilhos tão grande, espere um livro pesado, cru e muitas vezes nojento (porque muitos humanos são nojentos mesmo). Nunca tinha lido nada da autora e me chocou um pouco como ela descreveu tudo nos mínimos detalhes, especialmente as cenas de abuso. É incômodo e triste demais, então não leia se isso for gatilho pra você, de verdade! Não vale o dano à sua saúde mental (só li até o final, porque me envolvi demais). O abuso de drogas também é muito pesado nesse livro, com várias descrições detalhadas, então fica o aviso.
Indo pra história em si, o livro trata da história de duas irmãs, Callie e Leigh, que cometeram um crime quando eram adolescentes e agora esse crime veio atormentá-las. O crime já acontece no primeiro capítulo e é um capítulo HORRÍVEL, então ali já dá pra você saber se vai aguentar ou não o livro, porque só fica pior. Crime cometido, elas conseguem encobrir tudo e, passados vários e vários anos, elas agora já tem quase 40 anos e uma testemunha do crime, digamos assim, vira cliente da Leigh, que é advogada criminalista. Agora ela tem que defender um criminoso, porque esse criminoso sabe do crime que elas cometeram. Essa é a premissa.
O vilão da história, que é o cliente, é um estuprador em série que usa o mesmo modus operandi que as irmãs no crime que elas cometeram (que não foi estupro). Ele é descrito como um psicopata desde criança e tem os traços mesmo, mas ele é muito caricato. Eu não consegui ter medo dele, só nojo. Basicamente um riquinho metido a besta que fica fazendo ameaças vazias, preguiça eterna. A esposa dele também está envolvida e é outra PORTA. EU FIQUEI COM ÓDIO, porque não tem explicação nenhuma, não tem sinal nenhum de que ela é assim no livro todo e do nada TCHARAM OUTRA PSICOPATA EBA! Achei escrita preguiçosa mesmo... e olha que o livro é GRANDE, dava pra desenvolver melhor.
Além disso, temos outros momentos muito caricatos, como a principal e o marido dela do nada sequestrando o detetive particular, praticamente matando ele, sendo que 2 minutos antes a autora disse que o marido era o Gandhi, pacificista e tudo. Tipo oi??
O final também achei muito óbvio assim e muito preguiçoso. A mulher me passa 440 páginas construindo um dito psicopata estuprador em série super inteligente pra, no final, esse imbecil fazer aquele papelão??? E a mulher dele nem se fala... DUAS PORTAS! E imaginar que as irmãs não meteram a porrada nele na primeira oportunidade é absurdo.
Ou seja, a parte do thriller do livro é ruim, não curti. Só curti a coisa do modus operandi, mas a autora não explorou nada dos crimes dele além disso. O que eu vi a autora fazendo foi criar esse cortina de fumaça de que tem crimes bla bla bla pra não chegar a lugar nenhum só pra desenvolver os traumas das principais com os crimes que elas cometeram.
Agora eu chorei muito na parte de drama do livro, que é o resto. A relação das duas irmãs é muito densa, cheia de nuances e eu me apaixonei pelas duas, cada uma do seu jeito. O desenvolvimento que a autora fez é muito bom, eu sofri muito por elas e por tudo que elas sofreram. Acho que a autora podia ter dado uma diminuída na nojeira dos estupros, porque repetia demais mesmo, eu me sentia mal o tempo todo com o livro e é tipo "tá bom, já entendi". O livro valeu pelas irmãs, por isso eu ODIEI o final. ODIEI. Tire suas conclusões disso daí kkkkk mas é isso, o livro vale pelo drama, mas não vale pelo thriller. A autora podia ter escrito uma história sobre as irmãs só e eu ficaria feliz, pronto.