Karla Lima @seguelendo 20/12/2021@seguelendoSegundas chances. Não costumo dar muitas, mas resolvi que Javier Cercas merecia uma nova tentativa depois da minha não tão boa experiência com A velocidade da luz. Às vezes, segundas chances não são bem sucedidas, porém em algumas sim. Como esta.
Eu gostei muito de Terra Alta. Embarquei sem expectativas e fui cativada por uma narrativa ágil e com personagens interessantes. Adorei o protagonista, Melchor, e todas as suas facetas. Não temos um modelo ideal de herói, mas um ser humano cheio de qualidades e defeitos, com seus próprios demônios para enfrentar.
É difícil não comparar esta leitura com a primeira que fiz de uma obra do autor. Comentei nas lives, inclusive, que eram obras que pareciam ter sido escritas por pessoas diferentes, com ritmo e estrutura narrativa diversas.
Amo thrillers e este conseguiu ser ainda mais interessante pelo fato do caso em si não ser o ponto principal do romance, mas a construção e a evolução da história de Melchor. Foi um contraponto maravilhoso para uma pessoa que estava lendo diversas histórias com foco no processo de investigação.
Que valor tem a lei? Que valor tem a vingança? E quanto valeria, finalmente, descobrir seu lugar no mundo? É esse o centro do romance e achei maravilhoso.
Recomendo muito a leitura. Foi rápida, com um fluxo gostoso de acompanhar. Tenho apenas duas observações para quem for ler: é um livro violento e com descrições bem gráficas de cenas de crime. Além disso tem alguns spoilers do livro ?Os miseráveis?. Isso se deve a alguns paralelos que Melchor faz entre a sua vida e a do protagonista do romance de Victor Hugo, que é o seu preferido. Até mesmo o nome de sua filha, Cosette, é em homenagem à história de Jean Valjean.