Ana 17/07/2022
O Clube do Crime das Quintas-Feiras é uma série de mistério criada por Richard Osman. Poderia ser apenas mais uma série de mistério, mas nessa trama temos algo muito especial: os protagonistas são idosos na casa dos 70-80 anos. Isso mesmo que vocês leram! No primeiro volume, somos apresentados à Elizabeth, Joyce, Ibrahim e Ron, que entraram em ação para tentar descobrir quem assassinou o empreiteiro de Cooper Chase.
O Homem que Morreu Duas Vezes, por sua vez, começa exatamente no ponto em que o anterior termina, mas obviamente com a introdução de um novo plot principal. Em um belo dia, durante uma das reuniões com o clube, Elizabeth recebe uma carta de uma pessoa que ela tem certeza que já morreu. Isso só pode significar uma coisa: quem lhe enviou a carta não só a conhece muito bem, como provavelmente conhece o seu passado. A partir daí, os quatro se veem envolvidos em um novo mistério, muito mais elaborado, envolvendo diamantes caríssimos e bandidos mafiosos.
Já preciso dizer para vocês que praticamente tudo o que eu reclamei que não tinha no primeiro livro, Richard Osman colocou nesse. Primeiro de tudo, a dinâmica da narrativa está muito melhor. Não tem aquele início lento, muito provavelmente porque já estamos familiarizados com os protagonistas, só estamos conhecendo um pouco mais deles. Além disso, já existe um mistério desde o comecinho, que é quando Elizabeth recebe a carta, e depois ele vai sendo incrementado e ficando cada vez melhor. O surto para descobrir o que estava acontecendo, gente, rs.
Depois, não se se vocês se lembram, comentei que o ponto alto da escrita de Osman eram as partes narradas por Joyce. O Homem que Morreu Duas Vezes não é exclusivamente narrado por ela, mas sua participação melhorou consideravelmente. Não só nos escritos do diário, onde ela relata um pouco do que o grupo está aprontando & mais algumas coisinhas super engraçadas do seu dia-a-dia, mas durante a investigação também, o que me deixou muito feliz, porque ela é minha personagem preferida. Gosto muito da Elizabeth também, e aqui tivemos o privilégio de descobrir alguns dos segredos dela, que são inimagináveis, inclusive.
Uma das coisas que eu mais gostei nos dois volumes, mas que é melhor retratado nesse segundo, é que pessoas mais velhas não são tão frágeis quanto pensamos que são. É óbvio que a idade traz algumas dificuldades, mas eu acho que nós subestimos demais essas pessoas, sabem? De certa forma, comecei a enxergar a velhice com outros olhos. A gente acaba estereotipando demais as coisas, então é sempre bom ler algo que nos leva a ter outra visão.
Nem só de protagonistas vive um livro, não é mesmo? A única coisa que eu senti um pouco de falta foi mais presença do restante dos personagens. Por exemplo, temos os policiais Donna e Cris que se fazem muito presentes e são muito legais, mas queria muito que Bogdan fosse mais explorado. Quer dizer, ele é um personagem muito engenhoso e importante pra ser apenas um coadjuvante! Para mim ele é a personificação do que é amizade, e isso deveria ser levado em consideração.
A grande questão é que dá para notar o amadurecimento de Richard Osman. Os personagens foram mais humanizados, a escrita está muito mais inteligente quando comparada ao primeiro volume da série e o mais importante: não existem pontas soltas em relação ao mistério. Além do mais, como não se apaixonar por um livro de mistério que é muito bem humorado? Não vejo a hora dos próximos lançamentos!
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