Leila de Carvalho e Gonçalves 14/06/2022
SegundoLivro Da Série
O Homem Que Morreu Duas Vezes é o segundo livro e o mais novo best seller de Richard Osman, um nome bastante conhecido dos britânicos à medida que ele já apresentou diversos programas de televisão e atualmente tem seu próprio game show na BBC.
Entretanto, essa popularidade televisiva não basta para explicar seu sucesso como escritor. Em dois anos, desde sua estreia com o Clube Do Crime Das Quintas-Feiras, ele já vendeu mais de 2 milhões de livros em mais de uma dezena de países. Uma conquista que é resultado de uma série policial cuja força motriz é um eclético quarteto de simpáticos velhinhos ? Elizabeth, Ron, Joyce e Ibrahim ? que se reúnem semanalmente, para resolver crimes arquivados.
Entretanto, esses crimes foram colocados de lado ultimamente. Como um para-raios, eles têm atraído todo tipo de confusão desde que decidiram investigar o furto do celular do Ibrahim e o ex-marido de Elizabeth resolveu aparecer, pedindo proteção. Ele está envolvido com o sumiço de um punhado de um diamantes no valor de vinte milhões de libras, uma história mal explicada que envolve desde a máfia de Nova York até o MI5.
O lado bom é que os quatro continuam driblando com bom humor e dignidade as limitações impostas pela idade, não importa se estão diante de um crime brutal, aprendendo a usar o Instagram, desvendando mensagens enigmáticas, ou procurando um cachorro para adoção. Aliás, essa maneira de enfrentar a velhice é o destaque da série e aqui cabe um aparte: não é necessário ler o primeiro livro, para compreender o segundo, mas eu recomendo obedecer a ordem de publicação.
Em O Clube Do Crime Das Quintas-Feiras, Osman exibe uma primorosa introdução das personagens, inclusive, as secundárias, como também da cidade litorânea de Fairhaven e do retiro de Coopers Chase, dois cenários que centralizam boa parte da ação. Essas informações redimensionam a leitura não só desse caso como do próximo, The Bullet That Missed, que já foi lançado na Inglaterra e creio que logo será publicado em nosso país.
Em linhas gerais, O Homem Que Morreu Duas Vezes debruça-se sobre uma trama de espionagem que privilegia uma boa dose de suspense e ação, contemplando o leitor com boas reviravoltas, sobretudo, no desfecho. Como o livro anterior, ele distingue-se pela leitura envolvente, o tom espirituoso e uma lista de assassinatos de fazer inveja para qualquer matador profissional. Por sinal, Osman novamente homenageia Agatha Christie, e quem é fã da Rainha do Crime, logo no comecinho do primeiro capítulo, descobrirá a primeira menção.
Finalmente, para quem pretende algum dia virar espião, sempre é tempo, segue um trecho bastante instrutivo: ?Todos os prédios têm elevadores, mas Elizabeth pretende usar as escadas enquanto conseguir. Escadas são boas para a flexibilidade dos quadris e dos joelhos. Fora que é muito fácil matar alguém num elevador quando a porta se abre. Não há para onde correr nem onde se esconder, e ainda tem um ping que anuncia que você está para chegar. Não que ela esteja preocupada com a possibilidade de ser assassinada, não lhe parece que isso está para acontecer, mas é sempre importante se lembrar do recomendado?.
Até a próxima!