Garoto em Verso 02/11/2023
Até Mestres Escrevem Clichês
De todos os clássicos que tenho na minha estante, os de Agatha Christie sempre são digeridos com mais facilidade, seja pela escrita, que envelheceu como vinho ou pelo charme único de Poirot e asociados, não me importa, uma história fácil de ler é sempre bem-vinda.
"Os Elefantes Não Esquecem" é uma dessas histórias menos complexas da autora, não possui o mesmo impacto que outros títulos e você consegue claramente ver que foi um dos últimos livros que ela escreveu.
Em romances de mistério, o "insolucionavel" está sempre presente, claro, atualmente é bem menos acreditável que mistérios com erros grotescos por parte da equipe de perícia existam tão claramente, situação essas que, quando escritas em mistérios dos anos 70, não são tão incrédulas.
Meu ponto é, não posso culpar Agatha Christie por escrever uma história em 1972 que se passa 10 anos antes e ainda revirar meus olhos quando a solução do mistério é TÃO batida.
Como disse no título, a "resolução" de toda a trama tira um pouco o prazer do clímax. É um livro sem muita tensão ou expectativa, não temos um prazo aqui, nenhuma bomba relógio, temos uma pergunta e só isso mesmo, por isso a resposta devia ser? Melhor, todavia, quando o livro é um dos pioneiros nesse tipo de palhaçada, é preciso dar lhes os créditos.
De qualquer forma, é um história bem montada, com pistas espalhadas desde o início, porém, entupida de tropes super gastas, então tenha isso em mente quando for ler, e sim, te recomendo ler com baixas expectativas, pode não ser o melhor, mas está longe de ser ruim.