Manu 07/11/2022Feliz de ter lidoNão gosto muito de acompanhar os relatos de pessoas que não conheço, mesmo que compartilhem do mesmo problema que eu, porque os problemas raramente se apresentam da mesma maneira (especialmente ESSE problema). Li porque ganhei o livro de presente, e no fim fiquei feliz por ter lido. A autora, além de sofrer de TAB, é psiquiatra, então, entre toda a autobiografia (escrita de maneira muito envolvente, pelo menos), apresenta a doença sob o ponto de vista de quem sofre e de quem entende clinicamente, também. Apesar de ter sido uma pessoa economicamente e pessoalmente privilegiada, passando por situações que eu mesma nunca passei e talvez nunca passe, há muito com o que me identificar: a dificuldade no tratamento com o lítio (medicamento de primeira linha para tratar o TAB e que não funcionou pra mim, o que foi extremamente frustrante), a reação negativa de pessoas queridas em quem confiamos para falar sobre a doença, a eterna falta de confiança em si mesma e suas capacidades por causa de um cérebro sabotado geneticamente, e o medo pelo futuro sabendo que vai ser sempre marcado por depressões e manias adoecedoras. Recomendo para quem sofre, e também para quem está disposto a entender por dentro e desmitificar as pré-concepções horríveis que todos têm.