Aléxia 06/10/2022
Esse livro causa ansiedade, e não é pouca.
A autora traça como as gerações e governos norte-americanos das últimas décadas moldaram a tempestade perfeita para os millenials acharem que, com esforço suficiente, alcançariam qualquer coisa. Mas acharam errado.
A precariedade que tomou conta do sistema trabalhista impossibilita que a grande maioria das pessoas alcancem sequer o básico, e por isso somos a 1ª geração moderna a produzir menos riqueza que as anteriores.
Só que desde cedo fomos ensinados que, se trabalharmos o suficiente, qualquer potencial pode se concretizar em realidade. E isso se transforma em uma compulsão por tarefas e por buscar se transformar no melhor que podemos ser (com base em quê?), que combinado aos problemas socioeconômicos, nos leva ao esgotamento completo: o burnout.
?A exaustão sentida no burnout combina um desejo intenso por um estado de completude com a sensação torturante de que essa completude nunca será alcançada, que há sempre alguma demanda, ansiedade ou distração que não pode ser silenciada?.
?É a redução da vida a uma eterna lista de tarefas e a sensação de que você otimizou sua existência de modo a não passar de um robô que trabalha e, por acaso, tem necessidades físicas?.
Um resumo bem clássico: a Rory no reboot de Gilmore Girls.
Pra chegar no específico, a autora traça uma longa análise (às vezes repetitiva) de vários aspectos da história econômica dos Estados Unidos, do trabalho e da evolução do modo de criação dos filhos.
É um recorte de classe média norte-americana, em sua maioria branca, que empresta muito pra nossa própria classe média branca. Uma das únicas ressalvas que podemos fazer por aqui é como as universidades públicas e as cotas ajudam a suavizar o problema tão massivo que eles enfrentam com dívidas estudantis: e nossas melhores universidades, sendo gratuitas, passam a criar um novo tipo de problema.
É uma análise interessante pra sair do próprio caos e entender o problema estrutural que existe em volta. É difícil falar em solução, mas um diagnóstico já existe - e é bem triste de encarar.