Eduarda Graciano do Nascimento 18/12/2021"O que seria de nós sem as nossas quase certezas ou quase dúvidas?" Maria Eva tem dezessete anos e já carrega consigo inúmeros questionamentos. O peso de seu nome é a primeira das muitas dualidades que a moça encara no incerto ano de 1996. É seu último ano na escola, provavelmente na cidade, e ela acaba de levar um fora do namorado. Felizmente, além da natureza curiosa e inquieta, Maria Eva tem um grupo de mais sete amigas e, quando elas se sentam sobre “o tapete das noites chuvosas”, tudo é possível. Para essas garotas, SER é possível e imprescindível. Assim, elas resolvem criar uma irmandade cujo principal intuito é destrinchar a existência no corpo feminino.
O romance cobre aproximadamente um ano na vida da jovem Maria Eva (que importância têm os nomes aqui!) e de suas amigas. As garotas, apesar da pouca experiência, têm dilemas que, eu ousaria dizer, atingem universalmente as mulheres e, as que leem essa história, podem perceber que muitos destes não ficam restritos aos seus dezessete anos. São dilemas, tradições, convicções e, de certa forma, até traumas, que nos acompanham a vida toda. A parte que mais me toca, sem dúvidas, é no que diz respeito ao papel do amor romântico na vida de uma mulher. Com muita lucidez e sensibilidade, somos convidadas a refletir sobre a imposição de um relacionamento amoroso e a espera do “príncipe encantado”.
“ (...) Você é o que aprende ser. Se quer ir além tem que, ao menos, questionar suas escolhas e dar uma chance ao desconhecido. Mas como fazer isso se você cumpre exatamente aquilo que acha que veio para fazer? “Nasce, cresce, namora, casa, tem filhos e aprende a executar seu papel social; e fim de papo”. ”
Convidada pela minha prima Karina, fui uma das pessoas a betar seu primeiro romance. Fiquei tão feliz e honrada ao conhecer Maria Eva e sua trupe. A narrativa dinâmica e ligeira da obra está repleta de referências filosóficas, psicológicas, à cultura cristã e à mitologia grega. Um cuidadoso trabalho de pesquisa, uma escrita cativante e personagens realistas, com questões legítimas, fazem de A Sociedade do Clube do Sutiã: Caminhos de Liberdade, um verdadeiro primor! É delicioso ler e se descobrir nessas páginas (impossível você, mulher, não se identificar com ao menos uma personagem). Algumas descobertas podem doer, mas faz parte. É necessário para trilhar o caminho rumo ao autoconhecimento e à liberdade.
Prometo que a Karina arranca o band-aid, mas também assopra a ferida. É enorme o sabor de esperança e renovação!
“ (...) se ainda é preciso travar guerras para se garantir o óbvio, há muito a ser feito.”
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