Gente rica

Gente rica José Agudo




Resenhas - Gente rica


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Mariana Dal Chico 06/06/2022

“Gente Rica” de José Agudo - pseudônimo do português José da Costa Sampaio -, um dos principais cronistas da belle époque paulistana, foi publicado pela primeira vez em 1912 e recentemente ganhou uma edição pela @ChãoEditora com posfácio de Walnice Nogueira Galvão e um caderno de imagens com fotografias de época de alguns lugares descritos no livro.

Romance satírico, que critica a elite paulistana, mas tem um narrador que é conservador quando o assunto é mulher, negro e pobre.

“— Eu estou convencido que é indispensável, fundamentalmente indispensável haver pobres, para que seja mantida a perfeita harmonia do mundo (…)”
“— Mas há muitos consumidores que não produzem absolutamente nada. Eu acho que sou um desses…”
Duas falas do mesmo homem branco herdeiro.

Todos os personagens retratados são de extrato social dominante, que partilham o poder, treze deles criam o “Mútua Universal”, uma associação de investimentos.

O desenvolvimento do enredo não é como em um romance linear, parece mais uma narrativa de fragmentos, anedotas, reunidas.

Leitura interessante, em vários momentos eu ri alto e em muitos eu revirei os olhos com as opiniões ridículas de alguns personagens. É o tipo de livro que precisamos sempre ter em mente o cenário sócio cultural da época em que foi escrito.

site: https://www.instagram.com/p/CeXFwXmLljd/
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Toni 03/03/2022

Leituras de 2022 | Cortesia da editora

Gente rica: cenas da vida paulistana
José Agudo (Portugal, 1868-1923)
Chão, 2021, 200 p.

José Agudo é o pseudônimo de José da Costa Sampaio, português que viveu (e morreu) em São Paulo durante um período em que a cidade se modernizava e transformava em ritmo intenso. O sobrenome inventado pelo escritor faz jus à obra, escrita — assim como as memórias de Brás Cubas — com aquela mesma pena da galhofa, mas fazendo uso, diferente do defunto autor, de outras tintas: os tons vermelhos da sátira, as imitações de dourado do puxa-saquismo e o matiz levemente nauseante da abastança entediada consigo mesma.

Como se pode inferir do colorido acima, a novela acompanha dois amigos ricos e promissores – entenda-se, promissores porque ricos – à medida que flanam pelas ruas da cidade, desfiam filosofices inconsequentes em cafés “bem frequentados”, confabulam maneiras de fazer mais dinheiro e riem dos pobres que “não dispõem dos mesmos elementos constitutivos do êxito” por necessária inépcia de berço. Afinal, nas palavras de um dos protagonistas: “é indispensável, fundamentalmente indispensável haver pobres, para que seja mantida a perfeita harmonia do mundo.”

Impossível não lembrar de ‘A elite do atraso’ durante a leitura de ‘Gente rica’. Como os romance de costumes, a novela faz desfilar uma série de personagens caricatas representantes da elite de rapina brasileira, aquela que legisla para si mesma, ocupa as altas patentes militares, transforma cargos políticos em herança familiar, controla os bancos, os meios de comunicação, o mercado. Publicado em 1912, há cenas neste livro que parecem inspiradas naquele jantar ocorrido em 2021, no qual homens brancos ricos e poderosos (entre eles o transilvânico Temer) riam de um imitador do atual presidente.

Não fosse a obra por si só de grande interesse, a edição da Chão apresenta um minucioso posfácio da professora Walnice Nogueira Galvão (USP) — dando aquela mais do que necessária valorizada em nossa produção acadêmica — e traz, ainda, uma dúzia de (belíssimas) imagens da cidade de São Paulo tiradas à época em que se desenvolve a narrativa.
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