spoiler visualizarPaulinha | @livrosecha 01/10/2022
Meu primeiro contato com a escrita da Aione, e foi de apaixonar!
Esse é um livro sobre amor, e não apenas um livro de romance. Aione traz diversas vertentes do amor em sua narrativa de um jeito muito bom, bem pontuado e tudo isso dentro de uma ficção muito atual e fofa.
A história tem um romance dos dias de hoje, com personagens reais, com realidades normais e que garantem facilmente identificação. O amor da protagonista por seu trabalho foi uma das coisas que eu mais gostei, afinal cada dia mais nós vemos mulheres empreendendo e tomando as rédeas de seus negócios por aí, e não é fácil, mas é inspirador demais. Mulheres que amam seu trabalho ... eu amo vocês. E queria super que a Frida existisse, quero looks de lá na minha mesa pra ontem! E o amor familiar, que vai além de sangue e inclui aqui também os amigos, me acolheu como um abraço quentinho. E bom, o palco dado para o amor-próprio na medida certa, foi muito coerente.
Lily é uma protagonista gorda, que já viveu e ainda lida com diversas problemáticas com relação à isso, afinal o mundo ainda não entende que corpos são diferentes de corpos. Por conta disso, Lily tem a Frida, uma loja de roupas para mulheres, e não para tamanhos. Com uma proposta maravilhosa, ela trabalha com amigas e faz o leitor ter vontade de entrar na loja e ver vários espelhos, pra gente se enxergar. Porém, a loja está passando por um período difícil no quesito financeiro, e partir daí, Lily vai ter de inovar e se tornar o rosto da Frida na internet, a fim de atrair clientes, além de buscar outras estratégias para alavancar as vendas.
Em meio à isso, ela conhece um belo de um boy de dreads, músico e tudo mais que a gente gosta. Ele é todo ‘malemolente’, charmoso e esforçado. Não demora pra Lily, e quem lê, gamar em Marcos.
A família dela tem uma participação mais do que especial na história, e o plot twist e de chocar.
Não esperava que a presença da mãe de Lily fosse como foi: apenas uma memória forte da protagonista, pois ela morreu recentemente, e só permeia os pensamentos de Lily, pois ela ainda não aceitou sua morte, então o luto está presente nela de forma intensa. Mas com o passar do tempo, Lily vai ajeitando sua vida, e entendendo melhor diversas coisas.
Amei que o final do livro não termina feliz, ou triste, ele é esperançoso, mas é realista. Lily parece eu, parece você, ela é claramente uma pessoa vivendo em 2022 e tentando entender o mundo: como se flerta e confia em alguém num mundo tão digital em que o local de se achar seu amor são app de namoro? Como eu tenho que respeitar as minorias ao meu redor e pensar no próximo? Como encarar a internet e filtrar aquilo que levo ou não em consideração em um local onde tem tanto ódio gratuito? Cara, como pago meus boletos?! Como lidar com dores emocionais que nunca imaginei passar?
Viu só? Lily não é só uma personagem, Lily é ... nós.
~ Trechos destacados:
“Ela está maravilhosa, e não apenas pelas roupas. Ao vesti-las, também vestiu um brilho diferente: aquele de quem se sente linda sendo exatamente quem é.” - pág. 16
“Acho que essa é a definição do medo, Lily. Quer dizer, medo é isso, né, é o desconhecido. A gente se assusta com aquilo que não conhece, e a situação com o Marcos é novidade, considerando que você passou muito tempo saindo com pessoas que não te abalaram. Das outras vezes, você sabia o que esperar: saía com o cara e, se algo rolasse, era só deixar esfriar depois ou então dar o fora se você cansasse. Mas agora é diferente. Você vai finalmente se encontrar com alguém por quem sente alguma coisa, e isso muda a dinâmica. E antes que você me pergunte, não, eu também não sei o que você tem que fazer, muito menos o que vai acontecer, porque descobrir faz parte do processo. Meu conselho é um só: deixa acontecer, na-tu-ral-meeente ...” - pág. 194
"(...) Também percebi que as pessoas de fora, depois de um tempo, não eram mais tão compreensivas com o meu luto. Quer dizer, ninguém disse nada abertamente, foram impressões sutis. No começo, era permitido estar triste. Depois de um tempo ... Eu não deveria ter superado ao menos um pouco? Senti como se existisse um tempo permitido para o luto, e eu já tinha usado o meu." - pág. 312