@blogleiturasdiarias 24/06/2022Impossível não favoritar os livros da autora!É incrível o quão único a Tillie consegue tornar cada exemplar da série Hades Hangmen. Eu não estava preparada para mais um livro entrar para a categoria dos favoritos, porém Tríade Sombria teve essa capacidade, e me conquistou demais.
O passado de Elysia “Sia” Willis, volta a novamente assombrá-la. Em uma escolha que gera consequências até hoje para sua vida, Sia vive uma vida praticamente isolada. Sua relação com seu irmão mais velho, Ky, e as regras dos Hangmen foi sempre cheia de turbulências. Agora precisando da proteção dele para sobreviver, Hush e Cowboy são os dois irmãos escolhidos para a protegerem. O que eles não esperavam era que houvesse uma atração imediata entre os três, incendiando uma paixão. Só que todos possuem seus próprios demônios para enfrentar. Serão capazes de enfrentá-los e encontrar a felicidade?
Uma palavra que resume bem os desenvolvimentos da autora: estarrecedor. É sensacional como esse universo ganha cada vez mais profundidade, detalhes e contextos que o engradece. O fato é, que Hades Hangmen deixou de ser apenas histórias que envolvam um motoclube. Os questionamentos e debates gerados — até mesmo os pormenores apresentados — extrapolam essa bolha limitadora. Por ser um romance dark, é claro que veremos tabus, tramas mais pesadas e/ou emblemáticas sendo esmiuçadas. Mas indo além desse "molde", a construção é cheia de ramificações. A Tillie se arrisca fora da caixinha das expectativas iniciais, e isso é o que faz seu fandom ser tão fiel aos seus lançamentos — e eu me incluo rs.
Não é meu primeiro contato com um livro que aborde um relacionamento trisal, no entanto confesso que fiquei chocada quando entendi que a temática estaria presente. Isto porque apesar de conhecer Hush e Cowboy dos antecessores, em nenhum momento me passou pela cabeça que o envolvimento deles teria esse tipo de entrelace. Contudo, a medida que descobrimos seus medos e o passado conturbado, compreendemos claramente o porquê de um sempre ter precisado do outro. E o quão certo é eles também amarem a mesma mulher, e se amarem. Tenha menta aberta sobre porque estamos lidando com uma relação poliamorosa, e não apenas um ménage.
"Ele também tem seu próprio passado e está te excluindo porque sabe que você pode fazer com ele a deseje. — Balancei a cabeça. — Não. O idiota teimoso já quer você. Portanto, ele está te ignorando. É a atitude à prova de falhas dele. — suspirei. — O irmão tem mais camadas do que uma maldita cebola." pág. 64
E apesar de termos esse enfoque no vínculo amoroso, sinto que fui mais tocada e impactada por aspectos da ambientação. Abordar o racismo, falar sobre traumas que o preconceito gera não é nada fácil. Muito do que Hush pensa e internaliza é o resultado do que ele conheceu do pior lado do ser humano. E com certeza esse assunto dói e mexe com nossas emoções. O jeito como a autora traz os receios dele na narrativa, externaliza as inseguranças e a raiva acerca, é de acabar com o leitor — chorei copiosamente. Felizmente, o amor faz essas indagações e inverdades serem soterradas, de forma que é uma conjuntura também de superação. Não só dele, mas também dos outros protagonistas.
A cada nova revelação sentia que o enredo ganhava camadas mais sombrias e impactantes, que ao fim é inevitável não ser marcada pelo título. Como disse anteriormente, não estava preparada para encontrar um conteúdo tão intenso, mesmo estando ciente do que a escritora é capaz. E é nesse ponto que os protagonistas, cada qual com sua personalidade e comportamento, acaba nos conquistando. Um trio que nos emociona, nos abala e que é apaixonante ver o desabrochar.
Claro que não podemos esquecer do erótico, bem presente e marcante, daquele jeito que conhecemos e adoramos. Além disso, com reviravoltas eletrizantes e chocantes, acaba que o andamento tem seus ápices que nos colocam em alerta. O desfecho chega condizente com todo o carrossel de emoções que passamos, deixando até um gostinho de quero mais — e felizmente temos próximos volumes rs.
De uma forma geral, Tríade Sombria consegue manter em alta Hades Hangmen. Inclusive, me arrisco a dizer que até se destacando quando comparado a alguns antecessores, dando um novo fôlego para a série. Se você está acompanhando a mesma, esse será mais um volume formidável.
"Fechei os olhos, ouvindo Cowboy respirando ao meu lado. Sia se mexeu até que estava entre nós. Uma mão no meu peito, a outra no de Aubin. O centro e nós dois. O Sol para a [*****] da nossa Terra e Lua." pág. 215
Na parte física a The Gift mantém as capas originais, o que é sempre um ponto positivo. A diagramação é a padrão dela, com detalhes nas páginas e um texto confortável de ler. A narrativa é feita primeira pessoa pelos pontos de vistas do Cowboy, Hush e Sia, alternados.
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