Palavras da Jessie 04/09/2022
Representatividade e só
Quando decidi ler Sem Amor da Alice Oseman, tudo o que eu sabia era que ela era a pessoa por trás de Heartstopper e esse foi o meu primeiro romance dela. Alice possui algo que admiro muito nela que é o fato dela conversar com a minoria, incluir vários gêneros e não limitando-se apenas aos "padrões".
Saber que Georgia seria uma protagonista assexual me fez brilhar os olhos, visto que eu mesma me identifico como tal e a história se passa ali por volta dos dezenove, vinte anos dela, o que é um momento muito bom para se descobrir e se entender. Uma fase repleta de expectativas (muitas vezes colocadas em cima de nós) e muitos desafios pela frente com a chegada da fase adulta.
Em Sem Amor, nós iremos conhecer a Georgia, Jason, Pipi, Rooney e Sunil, pessoas completamente diferentes, mas que funcionam muito bem por amor à Shakespeare e também por suas sexualidades.
O ponto positivo do livro é que Alice teve essa preocupação em explicar o que é ser assexual, arromantico e as diversas situações que essas pessoas vivem e sentem e o melhor: informando que essas pessoas existem.
Outra coisa que gostei bastante foi o fato dos amigos estarem sempre ali com a Georgia, apoiando-a, vibrando e torcendo por ela, embora eu tenha me sentido incomodada um pouco com alguns pontos em relação a isso, mas já chego lá.
Falando primeiramente da narrativa em primeira pessoa, achei um pouco confusa e um tanto quanto repetitiva, girando sempre ao redor de situações que já haviam sido mencionadas e/ou esclarecidas. Em diversos momentos Georgia pensava algo e logo em seguida agia e falava como se não soubesse a respeito daquilo, o que me deixou realmente revirando os olhos pois era como se Alice quisesse que entendêssemos as atitudes futuras da Georgia, porém a personagem não cativa, não emociona e não nos faz entender o que ela sente.
Eles são universitários, porém senti muita falta da rotina deles como estudantes e não apenas focados nas festas, pegações, etc. E por falar em "pegações", algo que me incomodou muito no livro também foi o fato da Georgia usar seus amigos para se testar. Tudo bem, acontece sim, porém a forma como foi feita ficou tão fria, insensível e rasa que me deixou muito decepcionada.
O casal secundário, que seria Pipi e Rooney, foi deixado completamente de escanteio e quando ele aconteceu foi algo que ficou com aquele gosto amargo. Quem ler até o final vai entender. Inclusive, busco sempre pensar que aquela reta final e a declaração que aconteceu em 95% por cento do livro foi um surto coletivo.
Por achar o livro bacana devido à visibilidade de pessoas ace e arromanticas, dei três estrelas, porém esse livro definitivamente estaria longe de ser um dos quais eu poderia dizer: "amei!"
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