Mylene11 28/05/2024
A canção de Aquiles
Para mim, que li a Ilíada anos atrás, essa foi uma releitura muito gostosa. Foi uma releitura mais humana, menos divina, nem por isso menos heróica ou menos fascinante. Os deuses ainda aparecem, é claro, já que estamos falando de mitologia grega, mas ? tirando a chata da Tétis ? as aparições são muito mais discretas e pontuais. Os deuses continuam ali, bisbilhotando e brincando de marionetes, mas o foco da narrativa são os humanos, suas emoções e reações.
Mesmo quem já conhece a Ilíada e sabe tudo o que vai acontecer é surpreendido pela história, porque a magia não está no que acontece, mas na construção dos personagens e do enredo. A autora soube construir essa narrativa com maestria, de modo que ansiamos mais e mais pelo que estar por vir ? mesmo sabendo que a tragédia se aproxima.
Além disso, o leitor, mesmo discordando e sofrendo, consegue se colocar no lugar dos personagens e entender por que agiram como agiram. As emoções humanas quase nunca são racionais.
Por fim, inegavelmente, a melhor parte de Aquiles é o Pátroclo.