Naty 24/10/2022
Biografia e sensibilidade
Nesse romance de Lua encontramos muita sensibilidade. Sei que é uma autobiografia por acompanhar o trabalho da autora, e após terminar a leitura, compreendi o pq ela não identifica na obra que está escrevendo ali um pedaço da sua vida.
O maior valor do livro é acompanhar a liberdade plena para se descobrir, amar, sentir e viver da personagem principal, a Mel (ou Lua). O livro sem sombra de dúvidas acaba ocupando muitas lacunas do universo literário, em que vozes femininas raramente expressam sua essência para viver seus desejos em plenitude. Creio que Lua não quis que lêssemos a história dela, e sim, que tivéssemos um gostinho do que é ser mulher sem as amarras das expectativas sociais atribuídos ao feminino. Assim, vemos na obra uma mulher explorando as nuances da sua sexualidade, seu desejo pelo corpo masculino/feminino, seu processo de cura emocional, seu amor pela poesia, pela arte e pelo amor per se. Vemos que o amor é plural, o corpo é uma potência sem limites e que ser mulher é sagrado e profano!
Concluo que é necessário se desprender um pouco dos clichés femininos para se envolver na vivência de Mel. Por ser autobiográfico, não há como dizer se a trama é boa ou não. O que é maravilhoso mesmo é termos a oportunidade de embarcar na essência viva do feminino através da montanha russa que a Mel livre é.
Recomendo!