arilopes 15/06/2022
A Hipótese do Amor
A princípio, é impossível não destacar o quão bem escrito este livro é, Ali ? depois de ler essa obra prima, tenho intimidade suficiente para chamá-la pelo primeiro nome ? foi absurdamente sensacional em construir uma narrativa marcante, envolvente e inebriante. Além de Doutora em neurociência, ela também é Mestra em fascinar os leitores! O que Ali nos entrega é revolucionário ou inovador? Não, mas é ousado e instigante, e com nuances de fundo da academia ? pós-graduação ?, o que achei, de certa forma, aterrorizante e que culmina com o meu plano de não seguir por esse caminho nos estudos, pois Ali é verdadeira ao exprimir em palavras o quão desgastante e verossímil é essa faceta da academia. Ali transbordou conhecimento, perspicácia e senso de humor ao nos dar uma narrativa que trabalha ? por sinal, muito bem ? um clichê com gostinho de singular!
Além disso, indubitavelmente, não posso deixar de mencionar como a Olive e o Adam são incríveis juntos, como a química de ambos fica evidente para o leitor logo no início da trama e de como é fascinante acompanhar suas trajetórias. Dito isso, e sendo fraco com você ? caro leitor ?, é reconfortante ler um romance que inevitavelmente você já presume o desfecho, mas que em hipótese alguma você consegue adivinhar como os acontecimentos serão traçados. Estava com tanta saudade de ler algo nesse viés, que quando comecei foi como se reconectar novamente. Olive e Adam, vocês tem a ligação química mais sólida de toda a biologia!
Ademais, gostaria de dizer o quanto achei a Anh, o Malcolm e o Holden os melhores amigos que alguém um dia iria querer. Vocês são Demais ? com D maiúsculo! Chamo a atenção para a Anh, pois ela me lembrou muito uma amiga minha ? Valéria ?, principalmente, na desenvoltura e farra de seguir seus sonhos e transformar esse mundo em um lugar mais inclusivo e equitativo, pois ambas participam de programas de STEM e lutam por mais mulheres acadêmicas neste meio. Talvez eu já tenha dito, mas por via das dúvidas: você é incrível e uma mulher fodon@, Valéria!!!!
Outrossim, outro ponto que não posso me isentar de comentar, diz respeito ao poder estrutural que os homens exercem. Ali foi assertiva ao demonstrar isso na academia, ambiente majoritariamente masculino, mas que, felizmente, ao longo dos anos e com muita luta vem sendo mudado. Todos nós só temos a ganhar! Ratifico, clichês podem ser bobinhos e acalentadores, mas não estão imunes aos contextos sociais inerentes a nossa sociedade nas entrelinhas. Além do mais, quase esqueço de mencionar isso, Ali me apresentou a primeira personagem demissexual que leio, é tão sútil, natural e sem estereótipos que adoraria, com veemência, que fosse realidade na nossa atual conjuntura social!
Em suma, foi uma delícia acompanhar as aventuras da Olive, bem como reler um bom clichê ? esse livro com certeza merece todo o hype que possui! Se você não teve a chance de se permitir ler esse "artigo científico" da Ali, então presumo que teste e confirme a hipótese a seguir:
Hipótese: a partir dos dados passarem por uma análise minuciosa e rigorosa e terem sido amplamente comentados por especialistas do meio ? The New York Times e o Skoob, por exemplo ?, é inadmissível você não se apaixonar por esse livro a ponto de querer mais e mais!
"Porque estou começando a me perguntar se isso é estar apaixonada. Aceitar se rasgar em pedaços, para que a outra pessoa possa ficar inteira."