@Caroline 01/12/2023
"O destino faz parte, portanto, da nossa vida e, assim, também o sofrimento; pois, se a vida tem sentido, também o sofrimento tem sentido."
Acho importante iniciar essa resenha explicando sobre o autor, pois é ponto chave para compreender - e absorver - a leitura.
Viktor E. Frankl nasceu em 1905 e faleceu em 1997. Neuropsiquiatra por formação, e exímio psicólogo, desenvolveu a Logoterapia. Frankl sempre foi um aluno exemplar, entre os melhores. E, além disso, era judeu.
Frankl foi levado ao campo de concentração, obviamente como prisioneiro, e por lá ficou por anos. Presenciou o torturante falecimento de seus pais, sua irmã e sua esposa grávida. Viu coisas horrendas. Viveu coisas horrendas.
"pavor, indignação e nojo; no final, esses sentimentos desvanecem, e a vida afetiva como um todo é reduzida a um mínimo. Toda razão de ser se reduz então meramente a sobreviver ao dia de hoje. A vida espiritual é desativada exclusivamente para atender a esse único objetivo. Em relação a todo o restante, a alma se envolve com uma blindagem que deve repelir as impressões normalmente chocantes e perturbadoras. Desse modo, a alma se protege, e busca se resguardar diante da supremacia daquilo que aflui sobre ela e salvar seu equilíbrio - redimir-se na indiferença. Com isso, o prisioneiro dá o passo para a segunda fase de sua reação psíquica diante da vida no campo: naquela fase que se pode designar de fase da apatia."
E ponderou sobre o sofrimento humano e a sua importância. Viktor, um apaixonado pela vida, nos deixa várias lições poderosas nesse livro, que não se trata de uma espécie de autoajuda. O livro é a transcrição de 03 palestras realizadas por ele, em meados de 1946. Palestras essas que ele criou durante o período de tortura, onde ele imaginou uma realidade diferente para se ocultar da dor.
"E apesar de tudo: Nenhum sofrimento humano permite ser comparado, pois faz parte da essência do sofrimento que ele é o sofrimento de um ser humano, que é o seu sofrimento - que seu "tamanho" reside unicamente no sofredor, portanto, no ser humano. Tão singular e único como cada ser humano individual é, no entanto, também o sofrimento solitário de cada ser humano individual."
Imagine a grandiosidade: um neuropsiquiatra, psicólogo, judeu, aprisionado em um campo de concentração. Quanta riqueza ele nos permitiu absorber em forma de conhecimento e sabedoria.
"Viva como se já estivesse vivendo pela segunda vez e como se na primeira vez você tivesse agido de maneira tão equivocada como estás prestes a agir agora!"
"Dizer sim para a vida é, portanto, não só sob todas as circunstâncias, algo pleno de sentido - a vida em si o é -, mas é, também sob todas as circunstâncias, algo possível."