A consulta

A consulta Katharina Volckmer




Resenhas - A consulta


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Marilia Verdussen 19/06/2022

A quarta estrela veio nas últimas duas páginas
Acompanhando clubes de leitura, lançamentos e críticas empolgadas, peguei livros muito bem indicados para acabar me deparando com histórias de perversões, escatológicas, pesadas. "Rinha de galos", "Temporada de furacões", "Morra, amor, morra", apesar de tremendamente bem escritos (e é por isso que se segue neles até o fim), parecem que estão mais a fim de seguirem na transgressão do que aprofundar em algum tema. Cansativo. "A consulta" traz perversões, é muito bem escrito, mas vai mais longe, traz reflexões que gostei bem. Comecei a ler sem saber do que se tratava, rápido se saca o tom de "O complexo de Portnoy". O Roth tem um personagem se confessando para o analista, cheio de culpa, angustiado e acachapado pelo Outro. Katharina Volckmer traz uma personagem se abrindo pro médico que vai operá-la, personagem cheia de culpa e angustiada, mas que ridiculariza o Outro. Ela se ridiculariza também. Cansei logo com o exagero das transgressões. Mas o livro anda e desenha cada vez mais e muito bem e delicadamente, sem insistência, o que é ser criada como menina, ter dificuldades com a mãe, com o pai, com a própria história e, surpresa, como o amor pode possibilitar uma cura nesse horror que pode ser a relação com o próprio corpo. É um amor difícil de se reconhecer, que nasce no perverso, em que duas loucuras ou dois sintomas se encontram (e é assim mesmo, com ou sem podridão). As duas últimas páginas me deram um golpe tão forte que fiquei feliz de tê-lo lido. Indico o livro? Só se você tiver curiosidade sobre os temas e suportar o pesado. É bem pesado. 98 páginas que não se lê em um dia.
Raquel 22/09/2022minha estante
também passei quase a leitura inteira achando que se tratava da transgressão como próprio fim. Mas de fato, a redenção vem ao longo da leitura. Tenho a impressão que o mesmo se passa nas relações com as pessoas: assim como poderias ter largado o livro por achá-lo por demais violento, às vezes rejeitamos as pessoas por não as compreendermos. Insistir na leitura me possibilitou uma melhor compreensão e inevitavelmente, empatia pela personagem. Fiquei pensando nas pessoas a quem não é dada essa chance de compreesão amorosa.




Alisson.Venazzi 16/05/2022

O pau judeu
Sempre achei que o medo é a coisa mais íntima que carregamos conosco. E esse medo nos deforma, nos pesa e nos preenche e, se deixarmos, nos reveste e por nós se apresenta. E assim nós definimos, por nosso medo.
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juddy1 16/06/2022

"Somos os pecados uns dos outros, dr. Seligman..."
Primeiramente esse livro aborda tantos assuntos que eu me pergunto como a autora conseguiu compactar tudo isso em meras 104 páginas... Sexualidade, identidade de gênero, pertencimento.. enfim kkkkk muitos assuntos

Por se tratar de um monólogo a personagem principal vai falando tudo o que dá na telha, é como um fluxo de pensamentos em que você às vezes se perde com tantas comparações mas que no final sempre fazem sentido kkkkkk e muuuitas vezes surgem idéias bem bizarras mas que só deixa a história mais envolvente a cada página.
Em um primeiro momento até parece que ela está em uma sessão de terapia, mas você descobre que na verdade não é bem isso que está acontecendo, e vai descobrindo mais da história quanto mais ela fala. Eu realmente me conectei com a personagem e a vida dela com poucas páginas, é até como se conhecesse ela a um bom tempo.
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@buenos_livros 19/06/2022

A Consulta - Katharina Volckmer ??
?Tentei durante tantos anos ser alguma coisa que considerassem genuína, mas agora sei que sou apenas o produto de todas as vozes que já ouvi e de todas as cores que já vi, e que tudo o que a gente faz causa sofrimento em alguma parte.?
-
. 49/2022
. A Consulta (2020)
. Katharina Volckmer ??
. Tradução: Angélica Freitas
. Romance | 104p. | e-Book
. @fosforoeditora
-
. Um fluxo de consciência que discute temas como a síndrome de Quasímodo, as profundezas da psique humana e seus desejos mais íntimos. Qualquer coisa que fale sobre a história poderá ser spolier, mas adianto que não é uma leitura para todos, momentos de escatologia e brutalidade quem podem gerar gatilhos. Vale pelas discussões que suscita e pela escrita veloz que replicam perfeitamente uma mente que não encontra paz.
. ??????
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Rapha (: 18/09/2022

Um livro incrível!
A consulta é um livro potente, corajoso e muito afiado. Do começo ao fim, temos um monólogo neurótico de uma mulher que tem como interlocutor seu médico. No entanto, é aos poucos que vamos entendendo qual a especialidade desse médico e o que ela faz ali, e descobrimos que não é o que somos levados a imaginar em um primeiro momento, e ao compreendermos o significado dessa consulta, conseguimos enxergar novas camadas de interpretação a todo os questionamentos feitos pela narradora. É também aos poucos que vamos entendendo toda sua história, seu processo de autoaceitação decorrente de uma lúcida compreensão da sociedade, e consequentemente, do seu papel nela.
Durante a narrativa vários assuntos profundamente atuais são abordados: a dominação masculina, padrões de beleza, sexualidade, pertencimento, religião, suicídio, família, entre tantos outros. A questão da culpa que os alemães carregam também perpassa toda a obra, e a narradora aborda isso como alguém que não vivenciou o Nazismo, mas se sente obrigada pela sociedade a compartilhar esse sentimento, no qual, de maneira muito clara e crítica ela consegue ver muita incoerência e hipocrisia.
O que me chamou muita atenção é a mordacidade com que a narradora trata todas essas questões e o seu humor ácido, zero preocupada com o politicamente correto. As piadas que no começo pode incomodar, vão dando espaço para um discurso mais sincero, e vamos percebendo que ela, na verdade, faz uso dessas piadas como uma forma de autoproteção, e que ao se sentir confortável e confiante, baixa a guarda e abre mão delas. É também muito interessante a capacidade da autora em transparecer na escrita essa mudança de tom que ocorre de modo muito sutil. Sutileza e mordacidade, o escancarado e o não dito: pra mim são essas dualidades que dão um tom tão único a esse livro que me ganhou totalmente.
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Raquel 22/09/2022

Angustiante e necessário
As peças do quebra-cabeça vão se juntando gradualmente ao longo da leitura. Onde a narradora está, a fim de que.

Cada parágrafo destila deboche, sarcasmo, desprezo em relação a todos, violência. Não é uma leitura agradável, ao contrário: me despertou um mal-estar tremendo. Confessei pra mim mesma que parte do meu mal-estar foi por me enxergar na personagem: uma eu do passado que eu tento superar, com pouco amor pelos outros e principalmente por si mesma.
Ao longo do livro fica evidente: a agressividade da narradora nada mais é do que uma reação de defesa. Vem de um lugar de dor, desprezo pelo corpo que habita, sentimento de rejeição, de inadequadação. Como um animal que aplica golpes porque se sente ameaçado. Com isso, o mau-estar dá lugar à compreensão, à empatia, seguido de perdão. Percebemos que a criança mal criada, que insiste em testar o limite dos adultos não precisa de uma surra, precisa de um colo e de amor.
Enfim, somos lembrados do perdão que tão precisamos conceder a nossos mesmos. Perdão que tanto precisamos quanto merecemos.
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Rittes 11/11/2022

Gênero, violência e neurose
Numa tradição de longos monólogos verborrágicos e quase ininterruptos como a enxurrada de pensamentos de Molly Bloom, em Ulysses ou a GH de nossa querida Clerice Lispector; este "A consulta", da alemã Katharina Volckmer já tem seu lugar garantido. Um tanto desgastante nas primeiras páginas, tamanho o jorro de confissões da personagem enquanto se submete a um procedimento íntimo no consultório de um médico judeu; logo engata um ritmo fluente e deixa frases pelo caminho que bem poderiam ser emolduradas como, por exemplo: "nenhuma religião já disse alguma coisa boa sobre as mulheres". Nunca as discussões sobre gênero, violência contra as mulheres e as neuroses que impomos uns aos outros teve uma mistura tão inusitada. Eu gostei, mas não é fruta para qualquer paladar.
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Isa 11/12/2022

Escrita inovadora
Apesar de eu não ter amado o livro, achei a forma da escrita usada muito inovadora. Primeira pessoa, com um talvez diálogo do paciente com o médico
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Gabe 24/12/2022

Não me prendeu
O livro é bemm monótono, digamos. Talvez eu tenha esperado demais dele. A proposta diferenciada do livro me despertou a curiosidade. Mas logo me vi preso em uma estória bem chatinha...
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Yasmin O. 27/12/2022

Um livro interessante, especialmente para quem gosta de personagens verborrágicos e neuróticos, com vários trechos memoráveis.

Aqui temos uma jovem alemã realizando um procedimento com um médico judeu, que a princípio não sabemos do que se trata e vai se revelando. Recomendo ler sem saber de nada, como fiz, e descobrir no ritmo do livro, através do jorro vernacular honesto e ácido da personagem, ao mesmo tempo chocante e divertido. Mas não agradará todo mundo. Eu mesma não sei quantas estrelas dar rs.

"(...) porque nunca entendi como é que havia duas maneiras de sentar, para pessoas com e sem pau. Vira e mexe eu compreendia errado, porque na verdade as meninas têm menos a esconder que os homens, e eu ficava confusa, mas isso foi antes de entender que um pau é uma espécie de espada, um objeto de orgulho e comparação, enquanto a vagina é uma coisa fraca, que mal pode ser confiada à proprietária. Uma coisa que sempre será a parte a ser fodida, que pode ser estuprada e engravidada e levar vergonha a um lar e a uma família. Uma coisa que precisa de proteção sem que nem ao menos se questione essa necessidade de proteção, porque as ruas não são seguras à noite e as meninas de cabelo curto parecem meninos, e não o contrário. Sempre achei tudo isso terrivelmente confuso e muitas vezes pensei que talvez os paus é que deveriam ser escondidos, que deveríamos proibir a arma e não a ferida". (Pág. 84)
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Peleteiro 04/01/2023

Sensibilidade e acidez
A melhor leitura que fiz nos últimos tempos. Prosa ágil, ácida, crua, melancólica e dotada de uma beleza única. Não dei cinco estrelas pois não achei o fim uma grande saída, embora tenha sido delicado e bonito, e por ter sentido uma leve falta de uma linearidade que tornasse mais fluído. De todo modo, o fluxo de consciência me arrebatou a todo instante e me deu boas porradas. Espero poder ler tudo o que sair dessa autora.
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jota 15/01/2023

ÓTIMO: cáustico e hilariante monólogo com pitadas de Roth e Bernhard, que ainda mistura personagens tão distintos como Hitler, Jesus, Bambi, Frankenstein etc.
Lido entre 11 e 13 de janeiro de 2023.

Na sinopse do livro de Katharina Volckmer, a editora brasileira de A Consulta, a Fósforo, diz que o volume é assim uma espécie de O Complexo de Portnoy às avessas. Alguns críticos estrangeiros veem no monólogo torrencial da escritora alemã radicada em Londres uma prosa ácida que também lembra a escrita do austríaco Thomas Bernhard. Para quem aprecia Philip Roth assim como o autor de Extinção, meu caso, o livro de Volckmer é uma festa. Da qual só participei quando descobri na internet que Carlos Willian Leite, da Bula, havia incluído A Consulta entre suas melhores leituras do ano passado. Para mim, seguramente, essa será uma das melhores leituras de 2023; iniciei o ano literário muito bem, portanto.

Tal como está na sinopse, temos Sarah, uma jovem alemã de cerca de trinta anos, no consultório de um ginecologista judeu de Londres, metido entre suas pernas, que tudo ouve e nada diz, o doutor Seligman. Que ao mesmo tempo também poderia ser um cirurgião plástico a realizar um procedimento nas suas partes íntimas ou até mesmo um psiquiatra a ouvir incessantemente as confissões freudianas da paciente, uma mulher que gostaria de ser homem. Razão pela qual a Fósforo escreveu que o livro de Volckmer “retoma a melhor tradição do romance neurótico, ela nos conduz por uma jornada verborrágica que vai de mães controladoras e fantasias sexuais com Hitler até as propriedades medicinais da cauda do esquilo, passando pela inusitada ideia de que as mudanças anatômicas podem servir de reparação histórica.” Isso não é pouco, convenhamos, faz a festa do leitor se tornar um festival.

Evidentemente que ao chegar até sua tradução brasileira o livro já vinha do exterior carregado por uma série de resenhas entusiasmadas, como a do New York Times Review: “Um furioso monólogo cômico... com um desrespeito pelo decoro digno de Alexander Portnoy.” Ou ainda do Guardian: “Um desenredamento sombriamente engraçado da identidade nacional e sexual.”; da New Yorker: “Transgressivo... Incendiário.” E da Paris Review: “Sexy, hilário e subversivo.”, só para ficar com apenas algumas das mais expressivas. Não se trata de bajulação para vender livros ou ficar bem com a escritora estreante; de fato o monólogo de Volckmer tem todas essas qualidades mesmo. Ela trata de assuntos sérios, como a culpa alemã pelo Holocausto, por exemplo, com humor, ironia e mordacidade. E sobretudo com honestidade, como sua autora.

Numa entrevista a um periódico italiano Volckmer confessa que seu sentimento de culpa em relação aos judeus ainda é muito forte: “Quando vou a um jantar e me apresentam a alguém e só depois me dizem que é judeu, me sinto extremamente incomodada. Gostaria de pedir desculpas, de fazer alguma coisa, mas seria tudo inapropriado. Então permaneço calada.” Ao contrário de sua personagem, que fala pelos cotovelos e assim prende a atenção do leitor ininterruptamente. De volta a CWL, da Bula, que escreve muito melhor do que eu, claro, e soube resumir bem o conteúdo de A Consulta:

“Divertido, engraçado, chocante, mas também severo, sério e dolorido, o livro é, sobretudo, o diário de uma guerra interior, contra algo que habita os mais profundos recônditos da mente, uma guerra travada com a própria identidade sexual — mas com alguma esperança de que uma mudança anatômica seja capaz de reparar a história.” É isso.
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Isabelli.leopoldin 16/01/2023

morte é tudo o que cresce dentro de nós
O livro acontece durante uma consulta médica extensa onde a personagem tem um gigante monólogo sobre toda sua vida. Em vários momentos você sente que está dentro da cabeça da personagem presenciando seus pensamentos mais profundos.

O livro é muito bem escrito e legal de se ler, apesar de não ser meu tipo de leitura eu aproveitei bastante.
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ban 01/02/2023

diferente do que estou acostumada?
é uma leitura engraçada e dolorosa. carregada de humor ácido com uma prosa crua sem fim.

a protagonista conversa sobre seus pensamentos mais polêmicos e banais para seu médico. chegamos a tirar conclusões precipitadas sobre o que está acontecendo, já que a autora não deixa claro a situação da paciente até o fim da obra.

o livro aborda tantos assuntos que me questiono como a escritora fez essa bagunça no meu cérebro com apenas 100 páginas.

consegui achar, no mínimo, diferente o jeito que a ela escreveu sobre coisas extremamente polêmicas de maneira agressiva e mordaz e no parágrafo seguinte falava algo leve e pacífico.

apesar de ser um livro pequeno foi uma leitura cansativa e que precisei de três dias para finalizar.

não sei se recomendaria acho que tem que ter muita força de vontade para ler esse monólogo neurótico?
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