Resenhas - A Dúvida de Darwin

Daniel432 26/09/2023

A Dúvida pela Dúvida
A proposta do autor é, antes de tudo, desconstruir as teorias da seleção natural proposta por Darwin, o neodarwinismo e a teoria do equilíbrio pontuado. Preocupado em encontrar falhas nessas teorias o autor esquece de apresentar ao leitor a sua própria teoria, a do design inteligente.

Apesar da minha formação acadêmica, administração de empresas, passar longe de qualquer cátedra voltada aos temas tratados no livro, tais como biologia, paleontologia, genética, geologia, etc, a leitura do livro não foi difícil. Mérito para o autor que conseguiu escrever um texto acessível ao público em geral. Há somente uma pequena parte do livro em que o tecniquês falou mais alto e a leitura tornou-se mais cansativa e arrastada.

O mote adotado pelo autor é que as teorias vigentes não conseguem explicar a quantidade de animais com diferentes formas corporais que surgiram durante o período Cambriano sem haver registros fósseis de animais predecessores de forma a demonstrar a gradual evolução das espécies, conforme proposto por Charles Darwin.

Há argumentos válidos apresentados pelo autor que demonstram fragilidades da teoria evolucionista proposta por Charles Darwin, principalmente no que tange à “árvore da vida” uma vez que métodos científicos hoje disponíveis não conseguem apresentar resultados compatíveis e, segundo o autor, há casos em que o ancestral comum, também chamado de artefato primordial, de toda a vida na terra teria vivido há mais de 20 bilhões de anos, ou seja, antes mesmo da terra existir, um vez que estima-se que a terra tenha cerca de 5 bilhões de anos.

O grande problema do livro é que o autor dedica poucas páginas (menos de 50!!) para apresentar sua teoria, o Design Inteligente. Por que ele faz isso? Será que a teoria é tão simples que não precisa de muitas explicações? Será que realmente trata-se de uma pseudociência como é apresentado em diversos sites da internet?

E o que é o Design Inteligente? Seria uma mente que criou todas as espécies de animais que surgem na “explosão cambriana”. Esses animais não evoluíram de ancestrais e sim foram criados do zero, com formatos corporais e órgãos internos e externos com funções totalmente novas. É como se fosse uma fábrica de automóveis onde a linha de produção é adequada para a fabricação de um novo modelo desenhado por um designer muito inteligente.

O autor, que se mostra bastante questionador quando se trata de esmiuçar as teorias aceitas torna-se, de repente, uma pessoa de pouca curiosidade ao expor sua própria teoria. O principal ponto é que a teoria do Design Inteligente não busca demonstrar quem é essa mente inteligente, esse designer que cria um mundo novo num estalar de dedos. Podemos dizer que o designer é Deus? Ou deuses? Ou ainda extraterrestres de civilizações avançadas?

Se Darwin fosse vivo e lesse esse livro ele continuaria em dúvida pois o livro não explica como as informações contidas nos animais do período Cambriano foram transferidas da mente do designer inteligente para a matéria corporal desses animais.

De fato, Darwin ficou em dúvida ao concluir todo o estudo que elaborou acerca da teoria da evolução e seleção natural. Essa dúvida fez com que ele demorasse mais de 20 anos para publicar A Origem das Espécies. Ele não sabia como as igrejas Católica e Anglicana iam reagir à nova teoria que contrariava os livros bíblicos. Mas isso está em outro livro.

Por se tratar de assunto complexo e polêmico, recomendo a leitura para que cada um chegue às próprias conclusões.