Tuca 01/07/2022“Amo você, ardentemente, um estado que não tenho a certeza de que algum dia se dissipará.”As aparências eram o que regia a vida de Tobias, Conde de Blade. Com um temperamento dos mais explosivos, vindo de uma família cheia de escândalos, ele estava determinado a apagar o fogo do seu sangue para reavivar o seu nome como respeitável. Casar com uma mulher que se importava com tudo menos com as aparências não fazia parte dos planos. Muito menos com uma cuja família tinha sua própria mancha. Lady Olivia o incendiou com suas respostas aguçadas no momento em que se conheceram, quando a jovem estava passando uma temporada na propriedade dos Blades para que a mãe de Tobias pudesse ensiná-la a se comportar dignamente perante a sociedade. Tobias sabia que essa era uma tarefa impossível, ninguém poderia domar aquela garota selvagem. E ela nunca seria digna para ser esposa de um nobre. Era isso o que ele dizia. Até ele não resistir mais aos encantos e à singularidade de Lady Olivia.
Livvie podia não ter uma família completamente inadequada como Elizabeth Bennet, mas seus modos de moleca, sua personalidade autêntica, seu desejo de ser independente e os erros de seu pai, faziam dela uma pessoa inferior aos olhos do Conde de Blade. Seu orgulho, no entanto, não permitiria que ela levasse nenhum desaforo para casa, e para cada uma das cutucadas do conde, Lady Olivia tinha uma reposta à altura. Metidos em um escândalo, o casamento era a saída honrosa e a única chance de não haver um escândalo maior ainda. Porém, a mesma moça que colocara lesmas na cama de Tobias era aquela que não queria perder sua essência ao casar-se com o Conde de Blade. Olivia seria capaz de fazer Tobias se apaixonar pelo seu verdadeiro eu? Ou ela teria que viver uma vida de aparências, de etiqueta, de boas maneiras, e assim, portanto, de mentiras?
Com certeza, esse livro teve inspiração em “Orgulho e preconceito”, não só no modo que os personagens se provocam (de uma forma bem mais aberta do que em O&P obviamente, mas trazendo o fundamento da história), mas em citações que fazem referência a esse clássico de Jane Austen. Até mesmo a cena em que eles dançam me trouxe memórias desse livro, apesar de suas diferenças. Isso de longe não quebra a originalidade do enredo, servindo muito como uma moldura de ouro em um quadro já bem pintado. Stacy mexe com vários temas importantes em “Nos braços do Conde” desde a independência financeira feminina, a busca por uma vocação além do casamento, o matrimônio por amor, até o início de discussões sobre o abismo social entre as classes na Inglaterra. E, sim, aqui vemos um nobre com consciência de seus privilégios que trabalha para ajudar os menos favorecidos ao lado de um dos personagens queridinhos do livro anterior.
Livvie e Tobias representam um ótimo romance cão e gato, com muita química, e com segredos guardados por cada um que podem abalar as estruturas do outro, seja positiva ou negativamente. O medo enorme de seu próprio temperamento faz de Tobias um daqueles mocinhos extremamente apaixonados, mas que tendem a meter os pés pelas mãos e não conseguem reconhecer o que está bem a sua frente. Sua criatividade e seu coração enorme, no entanto, são suas maiores armas para lutar pelo amor. E de criatividade, Stacy entende muito bem, porque o modo como ela soluciona o conflito final do romance é de uma engenhosidade gostosa demais de se ler. Amei cada pedacinho dessa história, desse casal, dessa dinâmica entre eles... amei as referências a Orgulho e Preconceito e amei o fato de ambos terem uma veia artística que se combina. Amei tudo isso, mas o que eu mais amei foi perceber que Stacy Reid é um nome do romance de época que vale a pena se conhecer.
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