Sabrina758 10/09/2023
Algo aqui não funcionou pra mim. E ficou bem claro logo no início do livro, mas como a boa teimosa que sou, persisti na leitura. Penso que o hype que esse livro tem contribuiu um pouco para a minha decepção, mas não me arrependo totalmente de ter lido.
Estruturalmente e pensando em plot, tenho que dar o mérito a Olivie Blake, pois ela fez algo original e que eu, particularmente, não tinha lido antes. Existem alguns capítulos/monólogos que dá a exata sensação de uma crise de ansiedade ou de pensamentos acelerados. Tiveram muitos momentos extremamente sensoriais nesse livro ou, ao menos, foi algo que me atravessou.
Mas quando a gente fala sobre personagens e desenvolvimento, sinto que eu tive que me esforçar MUITO pra gostar desses dois, ou pelo menos tolerar. Existe uma intensidade, sim, mas muitas vezes me peguei pensando no quanto aquelas frases bonitas parecia algo mais instagramável do que, genuinamente, transmitindo algo. Diversas foram as pausas de leitura que eu dei e não sentia vontade de continuar, porque a história não tava me alcançando, esses personagens não foram nem um pouco identificáveis pra mim - e a questão não é o transtorno mental, confie em mim.
Aldo e Regan são pessoas que precisam de ajuda profissional e apoio, eles só sabem se relacionar de forma obsessiva e dependente com as coisas, e é isso que os mantém vivos de certa forma. O encontro deles é único, porque é como se reconhecessem uma parte de si que ainda não haviam reparado, além de se conectarem e entenderem de uma forma que não havia acontecido antes em suas vidas disfuncionais. O desenrolar da relação, até se tornar amor, é marcado por momentos caóticos e excêntricos - o que me fazia questionar o quão pouco daquilo parecia crível.
É contraditório, mas também encontramos aqui algo que é singular, visceral e bonito. Algumas reflexões excelentes e discussões inteligentes, vide as teorias do Aldo sobre o tempo, as abelhas, e os momentos em que ele e Regan debatem arte, e até a existência. Mas, sim, continuo a repetir que existe algo que não funcionou. Além de ter algumas características que foram bem caricatas nos personagens, tem diálogos que parecem não significar nada, a não ser por um floreio poético.
Apesar de tudo, ainda cogito a possibilidade de uma releitura em português num momento mais propício. No entanto, não deixo de validar a minha experiência atual pois não é a primeira vez que quebro a cara com um queridinho, e tá tudo bem.