amorime_ 16/01/2024
Se a Deusa existe, ela está sorrindo pra mim...
O capítulo final, onde a autora sabiamente expõe o quanto a história original é misógina e só tem um "final feliz' se você, como leitor, for capaz de aceitar e normalizar ideias e pensamentos terríveis, foi um abraço em minha pessoa. Eu passei o conto inteiro abismada e totalmente perplexa em como o Pigmaleão enxergava a mulher como um objeto a ponto de querer criar uma para suprir seus desejos. Tipo, o cara queria uma mulher para ter filhos e fazer s*xo com ele sempre que solicitado, mas ao mesmo tempo com uma inocência fingida a ponto de ela ter que corar toda vez que fosse tocada, pra ser diferente das p*tas. O quão absurdo e sem lógica isso é?
A Madeline Miller conta, ao final, qual é final do conto verdadeiro e, teoricamente, Pigmaleão e Galateia viveram felizes para sempre, como um lindo contos de fadas. Eu gostei mais dessa versão, onde ela finalmente se vinga dele.
Aliás, a cena onde ela vê a lua minguante e pensa "se a Deusa existe, ela está sorrindo pra mim" é bem simbólica. No final, são mulheres que ajudam mulheres, e viva a sororidade.
*btw: o audiobook da Audible, narrado pela Carla Dias (não, não é a atriz) é bem bom